terça-feira, 21 de abril de 2020

O FANTÁSTICO MUNDO DAS BOLHAS

ESTOUREM SUAS BOLHAS E VEJAM O MUNDO REAL




Humanos buscam as suas bolhas em igrejas e em bairros, em associações, em ambientes profissionais, buscam a sua turma, ser parte de uma tribo, uma facçāo, uma ideologia, querem se pendurar em alguma coisa; consolidam suas amizades com as pessoas em que encontram semelhanças — sociais, de hábitos, de interesses, de espírito, o resto é gente que merece um esporro, gente equivocada, gente doida. Tentamos manter ao nosso redor as pessoas de que gostamos, aquelas com quem nos é fácil e agradável conviver; buscamos, instintivamente, a tal farinha do mesmo saco.
Não é à toa que, em todas as línguas do mundo, há um provérbio para definir isso:
“Diga-me com quem andas e eu te direi quem és”.
Passamos a juventude em uma verdadeira odisséia pra “estourar nossa bolha”. Afinal de contas o “mundo real” é muito diferente “lá fora”.
Deixa eu te dizer o que entendo sobre bolhas.
Não tem essa de “dentro” ou “fora”. 
A existência é só um monte de gente flutuando nas suas próprias bolhas.
Chegamos aqui ao divisor de águas deste texto. Se você é diferentão ou diferentona, vive em absoluto desprendimento das coisas, vá fazer outra coisa. Caso contrário, me acompanhe.
O mito da “bolha” está sempre associado às classes mais abastadas da sociedade. Onde as crianças vivem de garagem em garagem e não sabem “onde as pessoas marrons dormem". Mas o menino da favela também vive numa bolha. Talvez de água suja do córrego e com detergente de segunda mão. Mas bolha igual, transporte isso para a sua visāo de mundo.
Se a criança rica não sabe o que é passar fome, a criança pobre, por sua vez, não sabe o que é fartura. Se a rica não sabe o que é “ter que trabalhar aos 13 anos” a pobre não sabe o que é “ter que debutar aos 15”. O rico conhece só o lado de dentro do insulfilm e o pobre só o de fora.
Qual mundo é mais “real”? O mundo todo é real. Não é porque mais gente vive uma realidade, ou porque ela é mais difícil, que ela é, consequentemente, mais real. E, cara, espero que esteja óbvio que não to argumentando coisas como “preconceito invertido”. Se pareceu, ou pare aqui, ou recomece a leitura.
Tô falando que somos todos poeira das estrelas. Cada um com suas complexidades e individualidades, conformado em sua própria bolha. Seja ela fétida ou cheirando ervas provençais.
Nós devíamos estar olhando não pras bolhas, mas pros movimentos, talvez não tão aleatórios assim, que fazem com que elas interajam de maneira assustadoramente desordenadas.
Nossas bolhas, apesar de nos formarem, não nos definem. Todo mundo só é igual no fato de ser diferente. Então, a individualidade não é ruim. Ruins são as forças que se esforçam pra que as bolhas fiquem cada vez mais opacas e o espaço entre elas cada dia maior.

OBS. ♡>Não parem de filosofar. Sejam marginais.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

REFLEXĀO E RESPEITO

SER RADICAL É BUSCAR RAÍZES # SIGAMOS FIRMES



Ser radical não é ser extremista. Buscar as raízes, as razões de ser das coisas, isso é ser radical. Mas ser radical, numa sociedade que induz à superficialidade, é subversivo. Por isso se trocou o significado, Radical se tornou "agressivo", "briguento", "intolerante", "desagradável", "polêmico", se distorce o significado da palavra pra evitar a sua compreensão. E evitar a sua prática. Ser radical é ser profundo, reflexivo, buscar entender a realidade indo às raízes das coisas. Posso ser gentil, amável e, ao mesmo tempo, radical. Mas essa distorção do significado não é nenhum acaso.
Buscar as raízes da miséria e ignorância, por exemplo, ou o porquê de tanta ânsia de consumo como valor social, ou o porquê do tráfico ser combatido há tantas décadas, e não ter sido extinto - ao contrário, parece tão forte como nunca, imbatível. O porquê da polícia ser tão agressiva, sobretudo com os mais pobres; os porquês dos serviços públicos serem perversos, insuficientes, torturantes quando se trata dos mais sem direitos da sociedade, dos mais pobres (em saúde, em educação, em informação, em moradia, em saneamento, em tudo), ou porque as comunicações são dominadas com fúria pela mídia comercial. São muitos por quês a perguntar e, se a gente radicaliza, ou seja, busca a raiz das coisas, percebe a infâmia deste modelo de sociedade.
Entender por que as pessoas precisam viver um inferno pra ter tanta coisa que, na verdade, não precisam, competindo, aturando situações horríveis, na avidez pelas sextas e na tristeza das segundas, ao custo das coisas que verdadeiramente precisam, que sāo paz de espírito, a consciência tranquila, a troca de afeto com os demais, o sentimento de utilidade, de satisfação em viver. A sociedade impõe um modelo de educação centrado na competição, na disputa, em vencer, que apresenta o mundo como uma arena competitiva onde é cada um por si. Seria melhor se tivesse seu foco na formação de pessoas pra integrar uma coletividade mais harmônica ou que pretende alcançar alguma harmonia social. Mas a formação das crianças, das pessoas, de corações e mentes sāo impostas através do modelo empresarista de educação e do controle das comunicações, da mídia que invade todas as casas, formando mentalidades e deformando a realidade.
Não venho trazer "a solução", não teria essa ingênua pretensão. Mas creio que mais e mais pessoas enxergando mais e mais a realidade além da que nos é mostrada, farão surgir soluções diversas, locais, regionais, ao longo do tempo e das gerações, como espero que aconteça pelo nosso próprio processo de evoluçāo que vai formando, continuamente, pessoas que vão construir uma sociedade humana, menos injusta, menos perversa, mais solidária, mais amorosa. 
Nāo sei quanto tempo leva porque o tempo de uma vida é um grão de poeira na eternidade mas eu acredito que um dia a humanidade de alguma maneira ou por bem ou por mal, vai chegar lá.
Participar com o melhor da minha consciência é o que posso ter de mais satisfatório e, pra isso, devo estar em estado de conscientização permanente, de migo pra comigo. As raízes mais profundas a que tenho acesso estão em mim mesmo.  Vivemos num mundo onde se toma toneladas de anti-depressivos todo dia. Um egoísmo que resultou coletivo. 
Aliás, já se reparou como estão ligados individualismo a egoísmo? Não faz o menor sentido, o problema é sempre a distorção de significado. Individualista é a pessoa que respeita o indivíduo, seja ele o que for, do jeito que for, tenha a forma ou a maneira de ser que for. Desde que respeite todos, merece o respeito de todos. Isso é individualismo. Mas, na sociedade da padronização, não pode. É preciso padronizar formas, pensamentos, comportamentos, visões de mundo, desejos, objetivos de vida, valores pessoais e sociais, pra manter a sociedade como é. Então se distorce o significado e individualismo se torna sinônimo de egoísmo. De novo, porque o significado  é  subversivo.
Laboratórios de pensamento trabalham no controle mental exercido pela mídia e pelo seu massacre ideológico-publicitário. Seria bom se perguntar "será que o que eu quero da vida é o que eu quero mesmo ou eu fui induzido a querer?" Essa mesma pergunta pode ser feita com "visão de mundo", com "valores", com muitas coisas. Alguns dirão que é alucinação minha. Respeito qualquer opinião, mas mantenho a minha enquanto não perceber algum erro. E acho que a sociedade precisa de mais radicalismo e individualismo - reflexão e respeito. A ordem que vem regendo a sociedade tem sido desumana, anti-vida. É preciso subvertê-la, evidentemente.