segunda-feira, 30 de março de 2015

SINTA OS SEUS PÉS NO CHÃO

A QUESTÃO DO CHÃO: SEMPRE QUE TOCAMOS O CHÃO, O CÉU SE ABRE PARA TODOS



Na real, precisaríamos discutir coisas bem mais básicas. Se você pegar as conversas em cima da mesa da sua cozinha, todos nós costumamos discutir coisas avançadas, como se já estivéssemos tocando o mesmo chão. Mas não estamos. Não temos clareza alguma sobre nossa humanidade comum, sobre qual vida vale a pena, sobre nossos sonhos, visões, prioridades, sobre quais os melhores jeitos de nos ajudarmos… Nada disso nasce quando operamos nos extremos do "cada um por si", como costumamos fazer.
Onde estamos quando brigamos e nos agredimos? Acima de nossas cabeças, suspensos, flutuando um em frente ao outro. Um dos sinais de que uma pessoa está perturbada é quando a pessoa só fala sobre si mesma e se torna incapaz de entender o mundo do outro. Ou seja, ela quase para de enxergar. Ela perde contato com a realidade.
Acredito que nossas crises são os melhores momentos para descobrir a importância de sair da suspensão e tocar o chão , de novo e de novo — ela detona em nós atitudes que transformam o modo de nos posicionarmos e nos relacionarmos.
Vejo dois grandes momentos quando calha das pessoas começarem a realmente tocar o chão. Primeiro, um momento de desistência, de ver que não vai dar certo seguir daquele jeito. E depois enfim o momento do chão.
Mas como assim... tocar o chão?
Tocar o chão é aterrisarmos depois de tanto esvoaçar por argumentos, histórias, lembranças, fatos. Em vez de olhar para fora, nos inserimos de volta como construtores das experiências que vivemos. Ser sincero, e admitir quando estamos confusos, desequilibrados, sem clareza alguma do nosso mundo interno.
Assim que aterrisamos, ainda é grande o impulso de voltar aos fatos e histórias, mas de novo e de novo começamos a puxar um outro tipo de conexão, cuja base é mais simples, descomplicada, quase infantil. É uma fala emocional, como se os olhos e a respiração pudessem dizer:
"Você quer ser feliz. Eu quero ser feliz. Eu não ganho nada quando você sofre, você não ganha nada quando eu sofro. Ninguém está contra ninguém. Estamos no mesmo barco. Meu sonho é tal… Qual é seu sonho? Faz bem seguirmos juntos?  Se faz sentido, como podemos seguir? Eu também não sei bem como fazer..."
Sem partir daí eu acho impossível atravessar um conflito.
O processo crucial acontece quando descobrimos um olhar sereno, em nós e nos outros, onde vamos sempre que desejamos falar de coração.
Eis o chão! Alegria! Deveríamos fazer uma festa para marcar essa passagem, algo muito  importante.
Não tomamos refúgio no outro, porém. Tomamos refúgio no chão do outro, que é o mesmo chão de qualquer pessoa, essa base pacífica e generosa, incapaz de produzir jogos negativos.
Toda vez que o outro nos maltratar, é hora de ajudá-lo, não de devolver a agressão. Por isso gosto tanto dessa frase quem vem do cristianismo, atribuída a Jesus: "Pai, perdoai-os porque eles não sabem o que fazem." Eu a traduziria como: "Relaxe, não culpe: eles não sabem onde estão, quem são e nem como conseguir o que desejam. Estão confusos. Precisam de ajuda."
Tocando o chão, de novo e de novo, aprendemos a criar e cultivar relações sem perder o contato com a realidade. Quanto mais nos familiarizamos com nosso próprio coração livre e com essa dimensão de sabedoria nos outros, mais conseguimos nos aproximar, dos obstáculos, das aflições, de todo tipo de negatividade e escuridão.
Tocando o chão, qualquer situação se torna trabalhável, aberta, não tão sólida e inescapável assim. Brota uma imensa paciência. E energia para seguir.
Não é que os problemas parem de surgir. Provavelmente eles vão continuar surgindo . A diferença é que agora temos uma espécie de pacto: não importa o que surgir, a pior coisa que podemos fazer é deixar que uma aflição tenha o poder de nos jogar uns contra os outros. Sem culpados, aparece mais nítida nossa responsabilidade coletiva.
O solo das aflições é o mesmo solo de todas as qualidades positivas, disponíveis a qualquer um. Não é só o problema que nos iguala. Sempre que tocamos o chão, o céu se abre para todos.


domingo, 29 de março de 2015

NÃO EXISTE EX-RELAÇÃO

RELAÇÕES ADOECIDAS NÃO MORREM, POIS UMA RELAÇÃO NUNCA MORRE



Uma relação não existe apenas no cara a cara. Podemos ver alguém todos os dias e sermos quase estranhos (alô, coleguinha do trabalho). Dá pra cultivar um elo profundo nunca estando com alguém (pense em alguém que conhece a obra completa e biografia de um artista ou autor que seja fã).
Relação olho a olho é só uma, e talvez a mais comum, dentre as possíveis.
Então porque insistimos em achar que é possível matar uma relação quando deixamos de nos encontrar com uma pessoa ou ler suas mensagens no Facebook?
Isso não existe.
Cada vez que pensamos no outro, alimentamos nosso vínculo. Cada ação feita com fulano em mente, ainda que ele nunca desconfie disso, idem.
É possível passar décadas sem ver alguém e manter a relação viva, para o bem e para o mal.
Escolher como lidar com as relações adoecidas é tão importante quanto colocar energia naquelas que nos encantam e estão recém surgindo. Pois uma relação nunca morre. Podemos enterrar e esconder aquela que nos incomoda, usando uma pá de ressentimento, raiva, sentimento de superioridade, medo ou alguma outra emoção negativa.
Não compro quando fulano diz que não dá a mínima para ciclano. Quase sempre é o contrário, a pessoa está tão fixada no outro que faz todo o possível, em suas ações e opiniões, consciente e inconscientemente, para afirmar que o ignora. E assim reforça a relação, às vezes demorando anos até se dar conta disso.
Pode notar, quando alguém diz que é indiferente a outra pessoa, quase sempre surge uma micro expressão de desdém ou algo que o valha.
Melhor que desdenhar ou enterrar com ódio é nos liberar.
Ao invés de falar mal dela pelas costas, apenas afaste o pensamento. Fofocar é um excelente modo de se cultivar emoções negativas e manter viva justamente a relação da qual se quer afastar. Tão ruim para quem faz quanto para quem é alvo.
Ao reconhecer que as relações sempre seguem, muda como lidamos com elas hoje. Brota naturalmente um desejo de sermos mais dignos e autênticos. Afinal, somos nós quem vamos carregar os esqueletos afetivos vida afora.
Então...
ao invés de tentar matar, eliminar e bloquear suas relações problemáticas, dê a elas um nascimento positivo.
Pense nas relações atuais que mais reviram seu estômago. Vale colocar esposa, mãe, pai, amigo, chefe, qualquer uma.
Aspire um futuro tão rico quanto gostaria para si para aqueles de quem deseja se afastar. Reconheça que, assim como você, eles estão dando o melhor de si em busca da felicidade e também enfrentam uma série de obstáculos e problemas, que você talvez nem imagine.
Que essa aspiração seja sincera, de peito aberto.
Agora aja como considerar mais adequado. Evite bloquear, xingar, atacar e difamar o outro. Prefira pacificar, matar o conflito pela raiz abrindo suas próprias vulnerabilidades. Se é dolorido pensar nisso, talvez você esteja com medo de parecer fraco ou inferior, mas isso é só uma insegurança besta. Há grande mérito em soltar e perdoar.
Se a convivência entre vocês for inevitável, vá pacificando aos poucos. Enquanto sentir que não tem nada de bom a dizer, apenas se mantenha longe. Deixe para se aproximar quando estiver sereno e se sentir capaz de enriquecer e encorajar aquele que antes achava desprezível. Vá sem pressa, sendo compassivo consigo.
Como as relações sempre seguem, não há prazo para terminar essa dinâmica.
*Lembrem-se: reformular as relações é possível e benéfico. Não precisamos ter traumas e relacionamentos doentes de décadas para chegar a essa conclusão. Podemos adotar outras posturas desde já.

Grande abraço!


sábado, 28 de março de 2015

SORTE OU DESTINO?

SEM O DESTINO, NÃO EXISTE ATITUDE   OU  COM O DESTINO, NÃO EXISTE ATITUDE


Cara, eu não sei bem explicar se a gente tem sorte ou se a gente faz a sorte. 
Uns acreditam em destino. Acham que o mundo se desdobra a seu favor ou contra as suas vontades. Esses aí têm certeza de que Deus planejou tudo e definiu, desde o início dos tempos, todas as pegadas que você vai dar na vida. 
Para equilibrar a pendenga, temos os humanistas que não querem depender de nada, se não si próprios, para definir qualquer situação do dia-a-dia. Esses aí gostam de dizer que o destino não existe, que fazem a própria sorte e que comandam a própria estrada. Eu, eu, eu, eu.
Eu? Tô aqui e tô lá.
Penso que ambos os lados tem sua razão de ser. Há sim o empurrãozinho da natureza nas coisas e existe sim o pleno controle de suas ações. Um não se define sem o outro. O destino traz sim muitas coisas, mas até determinado ponto. Daí pra frente, amigo estivador, é contigo. Sem o destino, não existe a atitude. E o que seria desse propósito sem as situações que a vida joga na nossa cara pra gente lidar?

Dá uma olhada nesse vídeo e percebe o que quero dizer:


Faz a própria sorte quem tem sorte de se deparar com as melhores situações.
E convenhamos que, se depara com as melhores situações quem faz a própria sorte.
E um salve para esse loop doido da vida.


sexta-feira, 27 de março de 2015

PRISÃO PERPÉTUA

LUZ NO CÁRCERE



Nascemos presos e morremos presos. Chegamos ao mundo ligados a um cordão umbilical e nos despedimos dele trancados em um caixão. No decorrer da vida, este cenário não é muito diferente – é apenas pior.
Entenda, a única intenção é discutir a maneira condicional como vivemos.
Pois bem, ao nascer, somos libertados das algemas maternas para sermos entregues ao nosso primeiro confinamento: a maternidade. Esta não é das piores. Afinal, ainda não temos condições de nos virarmos sozinhos. Depois nossas mães devem nos limitar e nos conter nos orientando nas primeiras normas do meio social em que vivemos. Esta é a forma mais primária de opressão que sofremos.
Logo depois, ou paralelamente, vem a jardim de infância. É lá onde encontramos a primeira instituição carcerária. Tudo funciona muito bem: somos trancados, vigiados e temos horário para tudo. Devemos comer na hora determinada, dormir no horário estipulado e ainda passamos por uma “catequização” de dar inveja aos colonos portugueses. Tudo nos é ensinado: comportamento, limites, senso de educação etc. Seria injusto dizer que a principal parte do processo de lavagem cerebral é feita nos limites do pré-escolar. Muito pelo contrário. O sistema carcerário que eu considero o vilão de toda esta história ainda está por vir: a escola primária (hoje o fundamental I). Encaro esta como a pior forma de aprisionamento e opressão, pois é nesta fase que começamos a ter nossas próprias vontades e iniciamos a formação da nossa personalidade. Talvez, por este motivo, seja neste ambiente onde somos mais castrados nas nossas atitudes. Aprendemos a seguir a massa e anular qualquer opinião ou comportamento que não vá de encontro ao interesse coletivo. Sofremos castigos quando não seguimos o padrão e somos excluídos quando não nos interessamos pelas mesmas coisas que os demais.
A semente foi plantada e agora somos pequenos seguidores que levarão, intrinsecamente, esta filosofia. E que a passarão adiante.
Ainda não somos livres: temos de passar pelo ginásio (hoje fundamenta II) e pelo ensino médio. Este é o terror de muitos. Há pessoas que levam traumas desta época para toda a vida. Creio que esta etapa seja tão dura porque, além dos opressores adultos, corremos o risco de sofrer com ataques de nossos semelhantes, que já estão adestrados nas leis do convívio social – é pior ser rejeitado por um semelhante a sê-lo por alguém, teoricamente, superior.
Universidade. Esta é a fase que mais se assemelha à liberdade. Talvez seja por isso que universitários tenham, em sua maioria, um perfil um tanto anarquista, liberal, surtado... Afinal, é tempo de curtir emancipação, “independência” . Entretanto, logo após um raro momento de falsa liberdade, somos forçados a retornar ao mundo factual onde vive-se como peças de xadrez conduzidas por mãos e mentes hábeis.
Chegou a hora de se encaixar no mercado de trabalho. Este é o momento decisivo. Ou você luta por suas vontades, se desvia do caminho proporcionado pelo sistema e segue sua vida sendo apontado como um excêntrico, um vagabundo, um doidão, ou segue os padrões de uma vida normal. 
O martelo foi batido e sua sentença decretada.
Ao longo de vários anos, provavelmente, você terá que se sacrificar por migalhas, passará mais tempo com estranhos do que com as pessoas em casa e terá que ser agradável com pessoas que são desagradáveis com você. Você vai passar por algumas evoluções, mas, junto a elas, vêm mais encargos. O que manterá sua vida em um padrão mediocremente aceitável.
Os anos passam e parece cada vez mais normal a autocensura. Estamos como miquinhos amestrados e, assim como bananas são dadas a eles, pequenas doses de felicidade virão. Talvez, uma casa na praia, um carro bom, uma viagem internacional... Ao fim de tudo, quando a vida em sociedade nos permitir um momento de alívio e descanso, não teremos mais saúde nem forças para aproveitar o que construímos durante toda essa odisseia.
Então, por que isso? Por que toda essa corrida do ouro? Será que a formiga está mesmo com a razão perante a cigarra? Se a vida é tão curta, por que não temos outros objetivos? Por que ficamos cegos atrás do status, do dinheiro e da evolução profissional?
Vivemos numa sociedade que nos impõe este modelo de sucesso, mas temos opções. Há tempo para tudo. Priorize o que é importante para você. Tenha sua individualidade. Isso impedirá que você, ao fim de sua vida, se pergunte: "O que eu fiz por mim mesmo?"

* Quanto as prisões que citei no texto necessitamos delas. São elas que formam nosso caráter. Um bebê necessita da prisão maternal (na verdade isso não é prisão, é o paraíso) para viver. Depois precisa entender que ele não está sozinho no mundo e existem regras para o convívio social.
... Se no fim de tudo, quando já tiver maturidade suficiente achar que está preso demais, basta mudar.


quinta-feira, 26 de março de 2015

MÃE: A DIFÍCIL E DOCE ARTE DE SER

A FELICIDADE DOS FILHOS É INSPIRADA NA CAPACIDADE DA MÃE SE FAZER FELIZ.


Pense com calma sobre isso...
É uma mulher comum, como sua amiga, irmã e colega de trabalho com seus medos e limitações. De repente, num processo de 9 meses de gestação, é alçada à condição de ser sobrenatural. Não é para qualquer um, por isso, a maioria recebe um retorno um pouco controverso dos filhos.
No dia das mães parece que as questões desaparecem e todas as mães são as melhores do mundo. No cotidiano, porém, o que se vê é uma enxurrada de filhos queixosos de suas relações familiares. Os relatos são quase universais: "ela é louca", "me persegue", "nunca me deu o suficiente", "me superprotegeu e estragou".
A razão disso é simples: esse lugar social é superestimado e destinado a uma pessoa tão falível quanto qualquer outra. As mães precisam sustentar contradições dificílimas que chocariam a mente de qualquer um.
Quando surge a gravidez, não é só uma barriga que surge, mas uma correnteza de possibilidades e pressões internas. Como vivemos num mundo supercompetitivo, as crianças já nascem concorrendo, desde o berço, ao mercado de trabalho sem ao menos ter o direito de ser simplesmente razoável, normal.
A mãe então, coitada, se sente impelida a criar um super-humano para não ser chamada de insuficiente ou sentir-se fracassada. É como se dessem uma empresa em suas mãos de um dia para o outro e dissessem: "faça ela prosperar".
E ela tenta, desafiando a tudo e a todos e embarcando no conto de fadas que se cria em torno das mães. Ela finge para si mesma que já não sente nenhum vazio existencial, se certifica de que jamais poderá ter medo novamente e se convence de que jamais estará sozinha nos dias de velhice.
Ela tem ainda três tarefas delicadas: 1)Amar sem se apegar: Cuidar, amamentar, nutrir psicologicamente e, ao mesmo tempo, manter um desprendimento que será testado, inevitavelmente, por volta de vinte e poucos anos de tanta dedicação; 2)Prover sem controlar: o outro desafio é ter que direcionar o desenvolvimento físico, psicológico e social de uma pessoa indefesa, por muitos anos, sem criar uma pretensão que sabe tudo. É muito difícil. Provavelmente, você seria tentado a imaginar que conhece cada dimensão da personalidade dessa pessoa a ponto de saber o que é melhor para ela; 3)Aprofundar sem desaparecer: talvez, a mais difícil das três tarefas seja mergulhar de cabeça numa experiência incrível sem se perder nela. 
Com isso tudo em mãos, a maioria se entrega a um eclipse pessoal e desaparece por completo do planeta Terra, alegando sem nenhum questionamento que tudo o que faz é um ato de amor. Como contestar alguém que se acredita de posse desse mandato divino?
O mesmo dilema que acomete as "mulheres que amam demais" também acomete as "mães que amam demais", são mulheres completamente oprimidas por um papel que as enclausuraram em um sentimento ambíguo e inexplicável. São mulheres que precisam ter a vida resgatada por que, sem se dar conta, abandonaram seus hobbies, sonhos, desejos e felicidade. Sua aparência se tornou sempre cansada e parece não ter tempo para viver. São mulheres que se deixaram de lado sem perceber que a felicidade dos filhos será inspirada na capacidade delas próprias se fazerem felizes e que nada do que fizerem colabora para isso se o espelho que eles têm, não é nada encorajador.
Por isso conduzir a vida com sabedoria ao mesmo tempo que vai gradualmente libertando sua "cria" para o mundo é lei (porque mais dia menos dia você vai precisar reaver o seu posto antigo, sem aquele crachá de super-mulher). Sob pena de quando os seus filhos saírem de casa você, sem poderes especiais, surtar e causar problemas delicados na vida deles, como boicotar inconscientemente o amadurecimento e a partida de casa.
Desejo, portanto que as mulheres que fizeram o impossível possam, além de mães, serem mulheres, amantes, dançarinas, irmãs, primas, sedutoras e um grande ponto de interrogação que abrace todas as possibilidades.


quarta-feira, 25 de março de 2015

PARA TOCAR O CÉU

EM VEZ DE PROCURARMOS RESPOSTAS, PRIMEIRO TEMOS QUE VER SE ESTAMOS FAZENDO AS PERGUNTAS CERTAS.



Para caminhar melhor pelos mundos em que vivemos e pela vida de forma geral, gostaria de falar sobre as bolhas de realidade.
A pergunta seria, mais ou menos, assim: quando duas pessoas estão na mesma casa, uma trocando mensagens apaixonadas e outra pensando em se matar, onde elas realmente estão? Em que lugar sutil nós vivemos?
O lugar sutil onde colocamos nossa mente cria as bolhas de realidade em que entramos e que acabam por modificar nosso jeito de ver o mundo, que nos condicionam a agir de formas pré-definidas, que nos travam quando não conseguimos enxergar adiante. Essas bolhas surgem como um modo padrão pelo qual andamos pelo mundo, quase como um modo de funcionar que usamos para enfrentar as várias situações que nos acontecem no dia a dia. As bolhas de realidade são construídas e surgem com um forte senso de identidade. Podem fazer brotar, também, emoções perturbadoras (medos, culpas, orgulho, inveja etc), narrativas que contamos pra nós mesmos para justificar a situação, metas e planejamentos restritos.
Quando reclamam que a pessoa é de um jeito quando está com a namorada e de outro quando sai com os amigos, elas já estão identificando as bolhas por onde a pessoa transita. Os relacionamentos, mais especificamente os conflitos, são ótimos exemplos para contemplar as bolhas.
Quanto mais exemplos nós conseguirmos encontrar, melhor vamos ficar em identificar os condicionamentos que levamos pra cada situação. Isso porque vai ficando mais fácil perceber quais são os automatismos que levamos para cada bolha, como agimos diferentemente em cada uma.
Se conseguirmos enxergar os exemplos então seremos capazes de “furar a bolha” e operar de forma mais ampla, acessando aspectos que a visão limitada da bolha não nos permitia.
Tudo aquilo que chamamos de sabedoria surge quando estamos olhando de forma mais ampla.
Acessar uma visão mais ampla significa não entrar no jogo que se apresenta acreditando que ele seja sólido, fixo, pesado, impossível de jogar de outra forma. Essa visão, ou sabedoria, surge quando estamos olhando as coisas de forma mais aberta, entendendo o outro e entendendo as limitações inevitáveis das coisas. Daí a importância de treinarmos esse olhar que vê além das bolhas.
Por exemplo, um competidor pode olhar a prova como sendo super sólida, acreditando que aquilo é pra valer, questão de vida ou morte, mas o mesmo competidor pode olhar aquilo de outro jeito e simplesmente parar de competir ao encontrar um adversário machucado.
Quando você vê uma pessoa, é muito difícil não olhar de dentro de uma bolha. 
Isso porque sempre que tentamos entender alguma coisa cognitivamente estamos tentando encaixar aquilo dentro da bolha em que já estamos. Se chega uma pessoa nova, tentamos entendê-la dentro da base pela qual estamos operando, como encaixá-la dentro dos condicionamentos que já estão presentes. Quando olhamos a esposa (ou marido) de dentro da bolha não conseguimos ver a pessoa por trás desse título, mas depois de uma separação dizemos que “só demos valor depois que perdemos” ou que só se conhece uma pessoa na separação. O que mudou senão o olhar sutil?
Mas operar em bolhas não é nem bom nem ruim em si, é apenas um jeito de viver, uma operação mental que usamos sem nem nos darmos conta. Podemos descrever as bolhas como algo mais grosseiro, uma zona de conforto que se rompe, mas podemos enxergá-las como algo mais sutil que rompemos e recriamos infinitamente durante o dia.
O que devemos evitar é atuar dentro disso às cegas, obedecendo as “regras” sem suspeitarmos do que está acontecendo. Para isso, nós não precisamos negar as bolhas e nos desesperarmos quando percebemos que estamos em uma. Podemos apenas relaxar não dando tanta solidez para aquilo, não agindo de forma automática — por condicionamentos — e lembrar que existe um aspecto muito mais amplo operando a todo instante, sempre trazendo outras opções e ações possíveis. A partir daí podemos sorrir aliviados e tocar o céu.


terça-feira, 24 de março de 2015

PARA LER EM TEMPOS DE APOCALIPSE PESSOAL

*MOMENTOS BONS: Nos trazem felicidade
*MOMENTOS RUINS:  Nos trazem experiência


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Durante uma vida, todos já tivemos em algum momento aquela sensação de "meu mundo caiu". Pelo menos algumas dúzias de vezes em nossas vidas já nos encontramos numa situação tão emaranhada e desesperadora que não conseguia nem mesmo acreditar que algum dia voltaria tudo ao normal.
De alguma forma, durante cada um desses apocalipses pessoais, esquecemos que em todas as vezes anteriores de alguma forma as coisas se ajeitaram, e aqueles problemas hoje não são nem mais relevantes.
Ainda assim, quando a catástrofe vem, ela sempre parece prometer a morte ou pelo menos uma desfiguração completa da totalidade de nossas vidas, e assim nos sentimos destruídos pelo desespero e pela indignação. Se ao menos nos lembrássemos que quase todos os problemas que tivemos já foram solucionados, exceto talvez um ou dois desenvolvimentos mais recentes...
Se a gente for parar pra pensar os  nossos problemas são os mesmos que todos os seres humanos sempre tiveram.
Você nunca descobrirá um jeito de sofrer que já não tenha sido plenamente explorado. Coração partido, a morte de pessoas amadas, doenças e velhice, dor crônica, vergonha, dependência de substâncias, fracasso, pobreza e pesadelos introspectivos são reinos já desbravados consistente e exaustivamente pelas pessoas ao longo de milhares de anos, e em graus muitos piores com que hoje nos deparamos. No fundo, há apenas alguns poucos tipos de problemas humanos, e todos eles já foram confrontados e sofridos em algum momento.
A experiência da humanidade com o sofrimento é um recurso disponível para cada um de nós, uma vez que para cada problema humano clássico há um universo de literatura sobre as melhores formas de lidar com as coisas que os outros humanos encontraram, e nunca foi tão fácil acessar essa sabedoria.
Os pensamentos mudam muito mais rapidamente do que os acontecimentos da vida, assim, um minuto de pensamentos preocupados nos fazem vivenciar mentalmente uma dúzia de problemas.
É fácil se perder nesse reino abstrato, pensando que tantas coisas estejam acontecendo “ao mesmo tempo” para que nos decidamos sobre o que fazer, mas quando estamos prontos para realmente lidar com um problema no mundo físico, podemos seguramente ignorar os outros por um instante, enquanto lidamos com aquele específico.
A maioria das pessoas parece ser pessimista. 
Saber que se é pessimista é saber que as coisas geralmente são melhores do que parecem ser. Uma mente pessimista muitas vezes cria uma imagem mental da situação que é muito mais perigosa e difícil de resolver do que efetivamente se mostra na vida real.
Onde quer que se esteja, é possível fazer algo para tornar o resto do dia melhor, e isso quer dizer que não se está numa situação desesperadora. Não importa quão pequena seja a ação, uma vez que se reconheça que se é capaz de melhorar a situação, o sentimento de desespero não vai continuar, a não ser que se queira.
O desespero é uma aflição de pensamentos confusos, e não tanto de circunstâncias confusas, e isso se torna mais claro quando se começa a agir sobre as circunstâncias. Várias vezes ao longo de minha vida vi um dia infernal se tornar tolerável no instante em que dou um peteleco em pelo menos um de meus dilemas. 
Particularmente, quando acreditamos que nosso problema é culpa de outra pessoa, é tentador esperar que a pessoa responsável assuma enfim sua responsabilidade. Isso não ocorre frequentemente, e no mais das vezes estamos mesmo errados sobre quem botamos a culpa, de todo modo. A gente sempre quer que a culpa seja de outra pessoa, e não acho que isso seja a exceção aqui.
Acreditar que o outro é responsável é tentador porque nos deixa fantasiar um fim surpreendente para nossas crises, igual quando vemos um filme com aquela cavalaria que chega bem na hora H (nesse caso, a cavalaria dos cavaleiros do apocalipse), e faz o protagonista parecer bobo. Mas isso nunca acontece na vida real.
Desafie a tentação de cruzar os braços e esperar por alguma forma de salvação por justiça cósmica – ou pelo menos lembre que haverá uma tentação de não fazer nada, bem no momento em que se devia estar fazendo alguma coisa.


segunda-feira, 23 de março de 2015

ENVELHECER É APENAS VIVER

VIVER O PRESENTE SAUDAVELMENTE, COM CERTEZA, É A MELHOR FORMA DE ENVELHECER



Num determinado momento, todo mundo vem a perceber: o tempo flui cada vez mais rápido quanto mais envelhecemos. Os dias e anos parecem ficar para trás com velocidade cada vez maior. Se você está com 39, é o mesmo que 40 e de 40 pra lá, nesse momento, enquanto ainda não se está bem perto da velhice, provavelmente já estamos descendo a montanha do tempo de vida, e os dias de jovem acabaram mesmo.
Tudo isso não passa de um exercício inútil de pensamento. Não significa nada. Os números nos iludem. É por isso que os preços das coisas ainda terminam em 99.
Quando coloco os números de lado, e olho para minha experiência real de envelhecimento, a vida tem sido consistentemente melhor, não pior. Sou agora mais calmo, mais feliz, mais confiante, mais sábio, usufruo melhor os momentos ordinários e vivencio cada vez menos crises e tenho menos medos. Tenho quase tantos problemas quanto sempre tive, mas os resolvo mais rapidamente. Quanto mais velho fico, mais acho fácil fazer coisas difíceis.
Ainda assim martelam por aí que o envelhecimento é algo a se temer – que seu eu mais velho é pior do que seu eu atual, e que qualquer aniversário depois dos 39 é uma pequena tragédia.
Também estou consciente de que acabei de completar 46, e não 66, e que mal comecei a vivenciar os efeitos do envelhecimento. Mas tenho todas as razões para acreditar que todas as qualidades em que obtive as melhorias listadas acima continuarão a melhorar até que eu esteja próximo da morte.
O que realmente perdemos quando envelhecemos? Porque pensamos que seja algo tão ruim?
Bem, em primeiro lugar, penso que o que tememos mais não é envelhecer, mas aquilo que finalmente acontece quando envelhecemos – e geralmente confundimos essas duas coisas. A morte e o envelhecimento não são realmente o mesmo problema, e não acho que faça sentido se preocupar com o fato do envelhecimento estar nos aproximando da morte. O fato de que a vida termina fez parte da coisa toda desde o início, e sempre soubemos disso. E a morte, quando vier, vai justamente tornar irrelevantes todos os problemas do envelhecimento.
É fato que o seu corpo vai ficar mais fraco ao longo das décadas. Sabemos disso. Mas é importante perceber que sua forma e capacidade físicas têm muito mais a ver com como você passa seus anos do que com a quantidade deles que você já viveu.
Estou disposto a aceitar a perda gradual de minhas qualidades físicas, sabendo que estou paulatinamente me tornando mais fácil de conviver, mais habilidoso e mais sábio. Não tenho motivo algum para acreditar que perderei quaisquer destas qualidades devido a apenas o envelhecimento, até que eu esteja bem perto do fim.
É claro, melhorar ano após ano demanda a intenção de se melhorar ano após ano. O autodesenvolvimento não acontece por acidente. Muito do que a idade aparentemente nos “tira” – saúde, possibilidades, otimismo, confiança, poder pessoal – é apenas o que se abandonou voluntariamente. Se priorizamos a melhoria nessas áreas importantes, então os aniversários marcarão aumentos em capacidade e habilidade, e não atrofia e perda.
Mas se você diz a si próprio que o barco da boa forma já partiu, então é porque já partiu. O mesmo vale para o barco de estudar, o barco de viajar por aí, o barco de viver um grande sonho. Não perdemos o barco, apenas paramos de pensar nestas coisas como barcos em que se pode embarcar.
Não acho que isso ocorra por causa da idade, mas porque existe uma norma cultural oculta de deixar os hábitos estagnarem assim que se completa 40, e daí se entra em uma espécie de modo de manutenção, em vez de um modo de melhoramento contínuo.
Se você está vivendo a vida em modo de manutenção, então você está dando um passo em falso enquanto envelhece. Se você está apenas ficando mais velho sem um foco em autodesenvolvimento, então as mesmas coisas que afligem a todos se tornam mais difíceis.
A passagem do tempo não é um problema para alguém que está determinado a melhorar cada aspecto importante de sua vida ao longo do tempo. Será ainda preciso abandonar certas coisas, mas é mais fácil dizer tchau para a pele suave e aspirações olímpicas quando se sabe que se está indo na direção de mais sabedoria, habilidade, liberdade pessoal e equilíbrio.
Aquele que dedica seus anos ao autodesenvolvimento está sempre ajustando a vida de forma que ela venha a render dividendos de alegria e conforto. Se para você é natural passar a vida inteira desenvolvendo habilidades e sabedoria, então os aniversários começam a surgir como um “passar de fase”, e não como momentos de derrota.


domingo, 22 de março de 2015

COLOCAR-SE EM OUTRA PESSOA

JULGAMOS PELAS AÇÕES, QUEREMOS SER JULGADO PELAS INTENÇÕES

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Somos maquininhas de inventar justificativas para os nossos comportamentos.
Quando fazemos tudo certo, o mundo precisa reconhecer isso e nos premiar — ou é muita injustiça! Quando agimos errado, é porque foi um lapso, uma fraqueza, uma exceção, e o mundo precisa reconhecer isso e nos entender — ou é muita injustiça!
De um modo ou de outro, julgamos as outras pessoas por suas ações, mas queremos ser julgadas por nossas intenções.
Acho que uma maneira de quebrar esse nosso jeito equivocado de ver é tentar olhar para as outras pessoas com a mesma generosidade com a qual olhamos para nós mesmas.
Que tal se agente tentasse perceber, ver, ouvir, e sentir as pessoas à nossa volta não para melhor entendê-las, mas para melhor aceitá-las, de forma mais aberta.
Entender é um gesto de definição, redução e controle. "Entender X" nada mais é do que uma tentativa de simplificar X ao seu mais básico denominador comum, de modo a poder defini-lo e nomeá-lo e, assim, chegar à verdade sobre X.
Mas esse processo de simplificação é redutor e autoritário: você lança o seu olhar sobre X, ignora inúmeros aspectos relevantes (praticamente qualquer objeto é mais complexo do que sua explicação), constrói uma narrativa explicativa baseada somente nos aspectos específicos sobre os quais você decidiu se concentrar, e, por fim, crava-lhe um rótulo, dizendo “a verdade sobre X é isso!”. 
Já aceitar é um gesto de amor e generosidade porque nele vamos tentar perceber, ver, ouvir, e sentir o outro. 
Todo dia, antes de tudo para mim mesmo, para ser uma pessoa menos superficial, faço minha tentativa de finalmente me tornar a pessoa que quero ser. Mesmo tendo consciência dos tantos defeitos que tenho, a minha esperança é que, talvez, eles não  durem para sempre.
A boa notícia é que podemos praticar a generosidade com todas as pessoas, e tentar até com quem não é legal com a gente, até com quem consideramos que está abaixo de nós, até com quem consideramos que está acima de nós.
Aliás, praticar um olhar generoso é um bom ponto de partida para acabarmos nos dando conta que ninguém está nem abaixo nem acima de nós.
Já houve época que meu objetivo de vida era ser a pessoa mais feliz e mais livre possível.
Hoje, continuando o processo, eu também quero ser uma pessoa mais generosa  possível.


sábado, 21 de março de 2015

CURSO DE ESCUTATÓRIA

TODOS TÊM MUITO A DIZER, MAS PARTE DO QUE NOS TORNA CAPAZES DE DESENVOLVER RELAÇÕES MELHORES É A CAPACIDADE EM REALMENTE ESCUTAR



DEPOIMENTO:

Sou ré confesso...
"Confesso que muitas vezes não aguento ouvir o que o outro diz sem logo querer dar um palpite melhor...Sem misturar o que ele diz com aquilo que eu tenho a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração... E precisasse ser complementado por aquilo que eu tenho a dizer, que é muito melhor.
Minha incapacidade de ouvir, quando manifesta, é a expressão mais constante e sutil de minha arrogância e vaidade. No fundo, deve ser porque sou a mais bonita..."
E ainda... quanto mais íntimas forem as pessoas, pior. Porém levada pela lucidez eu já tô atenta para dominar isso melhor agora...
* trecho de uma crônicas de Rubem Alves: "O amor que acende a lua."
"Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular."


Como se faz numa escuta profissional, deveríamos treinar nós mesmos a nossa atenção para ouvir de verdade as pessoas, reconhecendo que o contrário acaba levando a falhas de comunicação, relações difíceis, complicações no trabalho e todo tipo de confusão e que guerras ocorrem e perduram simplesmente porque nenhum dos dois lados quer ouvir. 
Penso que, assim como estarmos atentos caso uma buzina soe para não sermos atropelados, ou em alguma emergência, da mesma forma, também precisamos treinar para começar a comunicar e gerar um contato real, e assim conseguir entrar no mundo do outro.
Para entrar no mundo do outro é preciso se relacionar com o que é oferecido utilizando os referenciais dele.  Sair de seus próprios preconceitos e limites pré-estabelecidos, da mesma forma que uma pessoa é, de certa forma, obrigada a fazer quando visita um país com outra gastronomia. Não adianta chegar querendo feijoada, você acaba sendo obrigado a comer o que tem.
Uma pessoa capaz de ouvir os seres em seus mundos é alguém que vive em um universo vasto, repleto de novidades e riquezas ainda não descobertas. Ela sabe que todos os que se aproximam podem oferecer infinitas possibilidades e esta acaba se tornando a dimensão de seu próprio mundo.
De nada adianta entrar no mundo do outro e não se relacionar com ele de uma maneira positiva. É importante e útil estimular a conversa, alimentá-la, perguntar, valorizar trazendo outras referências, outras visões, ajudar o outro a se expressar, retomar o foco, caso seja necessário, ir construtivamente contra, mas acima de tudo, se envolver de coração.
Ouvir é  fazer sentido, agir, enriquecer. Não é apenas a habilidade de decodificar sons, mas também de dar importância, atenção, de se relacionar não só com o conteúdo, mas com quem fala e todo o seu mundo.
Enquanto ouvimos é importante não só entrar no mundo do outro mas observar de que forma este mundo impacta o seu próprio sem se confundir, sem se perder. Quais suas reações, de que forma ele o afeta? Será que está se distraindo? Está se mexendo demais, está desconfortável, tentando encerrar o assunto, está indiferente?
Treinar ouvir melhor leva inevitavelmente à construção de uma fala mais poderosa. Observar a própria mente, entrar e enriquecer o mundo do outro, relacionar-se com a situação por completo, são todas atitudes que conduzem a ações cortantes, diretas, precisas.
Se você ouve melhor, tende a ser mais capaz de detectar e oferecer o que realmente estão precisando, sem rodeios.
Essa habilidade nos torna capazes de atravessar as bobagens e ir direto ao assunto dizer o que é preciso, não o que as pessoas querem ouvir.  Eu mesmo queria encontrar mais pessoas com essas habilidades, que fossem capazes de atravessar minhas bobagens e me dissessem o que eu preciso, não o que quero ouvir.
E vocês, estão realmente ouvindo? Estão sendo ouvidos?


sexta-feira, 20 de março de 2015

SUGESTÃO ... PARE TUDO

APRENDA A FICAR SOZINHA


Resultado de imagem para ficar sozinha
Se alguém me perguntasse: o que você gostaria de dizer às pessoas hoje?
Eu não sei... Acho que eu gostaria de dizer apenas que as pessoas deveriam aprender a ficar sozinhas, tentar ficar com elas mesmas tanto tempo quanto possível. Isto não significa que deveríamos ser solitários, mas que não deveríamos ficar entediados com nós mesmos, porque as pessoas que se entediam com sua própria companhia me parecem estar em perigo, no que diz respeito à sua auto-estima.
Me parece que grande parte das nossas aflições e ansiedade vem de deixarmos nosso ânimo depender tanto da presença e comportamento das circunstâncias, eventos, pessoas e coisas ao nosso redor – seja o que for: relacionamentos, emprego, família, dinheiro, religião, um e-mail, a festa de sábado, qualquer coisa vale.
É como se tivéssemos sempre algum nível, maior ou menor, de preocupação ou avidez por alguma coisa. Como se estivéssemos sempre nos engajando em relações de rebote com as coisas ao redor, uma após a outra, às voltas com medidas variadas de expectativas diversas, por não suportamos a ausência de estímulos. 
E minha aposta é que, se ficamos capazes de estar bem, alegres, relaxados, sozinhos e sem depender tanto de como o mundo e as pessoas se comportam, então mesmo as nossas relações acabam ficando mais espontâneas e saudáveis, menos motivadas por carência e controle...
Era isso!