TODAS AS TEORIAS SERVEM APENAS COMO UM LEMBRETE PARA MANTER A PESSOA MAIS PRÓXIMA DA POSSIBILIDADE DE ENFIM PRATICAR.
A gente pensa o tempo todo, a gente já teve ótimas ideias, mas isso não foi suficiente para transformar nossa vida, não é mesmo? Temos a crença de que vamos a algum lugar apenas pensando, trocando de conteúdos mentais...
...Para ilustrar esse obstáculo, imagine que você encontre uma pessoa dizendo que vai para Alemanha. Você naturalmente pergunta "Já comprou as passagens? Vai quando? Por qual empresa de aviação? Onde ficará? Por quanto tempo?" e apenas ouve: "Ah, eu estou pensando em ir, estou querendo, estou tentando."
Sempre que alguém disser "To tentando ser mais equilibrado" ou "To aprendendo a lidar com minha raiva", a grande pergunta que precisamos fazer é: como? Exatamente de que modo você está fazendo isso?
A maior parte da vida e das relações acontece na mente emocional, não conceitual, não verbal, não discursiva, onde sofremos, onde nos apaixonamos, onde nos alegramos, onde surge indiferença, apego, aversão, e também amor, compaixão, generosidade…
Nossa cultura teórica é produto de seres, presos na cabeça, desincorporados. Por isso desconfio de qualquer transformação que não passe pelo corpo, pelo contato com o sofrimento e por todos os cantos da vida cotidiana.
Todo mundo sabe um monte de coisas, todo mundo sabe que comer doce e gordura engorda, e mesmo que você não queira engordar, diante das guloseimas, muitas vezes, você vai lá e come mesmo. Esse é o tamanho do buraco entre o que você sabe que deveria fazer e o que você faz de fato.
Logo, não é uma questão cognitiva. Não é um pensamento, não é uma ideia. É uma coisa que surge e nos pega por baixo. Quando menos percebemos já estamos fazendo. A relação que temos com as coisas é uma relação de energia.
Não é apenas uma questão teórica. A gente entende muita coisa, mas a gente não tem meios de colocar isso em prática.
Não basta querer algo. Você precisa conhecer suas causas — as circunstâncias e condições para que então, com tudo, você consiga realizar o que deseja.
Se for um bolo de chocolate, você pode ficar de joelhos o dia inteiro rezando que bolos de chocolate caiam do céu! Que eles se materializem no forno! Isso não dará certo. Mas se você aprende como fazer um bolo de chocolate, aí sim, você tem o desejo, a aspiração, a intenção, os ingredientes e então terá seu bolo de chocolate.
Portanto, por que esse processo seria diferente para a felicidade genuína? E por que seria diferente para ganhar uma liberdade cada vez maior do sofrimento, mais serenidade, paz interior, equilíbrio da mente?
Talvez seja isso: nossos desejos estão lá, nós certamente desejamos encontrar a felicidade, sensorial e também mental; nós certamente desejamos nos livrar do sofrimento, tanto físico quanto mental. E talvez esse seja o problema: nós ainda não descobrimos quais são as causas. Se nós não identificarmos as causas do sofrimento, e as erradicarmos; se não reconhecermos e cultivarmos as causas da felicidade (especialmente a felicidade mental), ela não vai acontecer.
Então procure não perder muito tempo com a mente discursiva e fique sempre mais próximo e atento a esse mundo interno não discursivo, do corpo, da respiração, da energia, daquilo que você sente... não daquilo que você pensa!
Nenhum comentário:
Postar um comentário