sexta-feira, 30 de setembro de 2016

AMOR DE VERDADE

AMOR SE CONSTRÓI NO TÊTE-À-TÊTE



Assisti a muito filme da Disney na infância, cresci curtindo novela do Manoel Carlos e passei a adolescência comendo pratos e mais pratos de brigadeiro acompanhados de comédia romântica da sessão da tarde.  Não é à toa que crescemos sonhando com amores à primeira vista, juramentos apaixonados e beijos de novela. A ficção também tem culpa da crença cega no amor romântico que destroi muitas uniões.
A verdade é que o amor inventado é tão lindo que nos faz acreditar que a vida também precisa de cavalo branco, lágrima nos olhos, joelho no chão, sapato perdido e a perfeita sintonia do reencontro das almas que logo percebem que em outras vidas já se amaram assim.
A gente se deixa seduzir pela ficção porque é bonito mesmo. É plástico. É poético. É encantador esse negócio de se olhar e já se amar num passe de mágicas, sem dúvidas e sem as feiuras da realidade.
É bonito o amor intocado, mas nem que seja na marra o tempo ensina: amor instantâneo é quase sempre inventado. Na vida dificilmente é assim.
Com o tempo a gente aprende que as histórias de amor real também são lindas, é verdade, mas não são tão lineares assim. Com o tempo a gente aprende que o amor é complexo. Não tem certo ou errado. Amor se constrói no tête-à-tête. No olho no olho. Na conversa diária. 
Amor de verdade leva tempo e passa rápido, tem discussão, discordância e uns bons bocados de afinidade, solidariedade e respeito, tem amizade, conversa boa,  ajuda, carinho e a mais sincera das frases.
Mas também tem feiura, espinha nas costas e cravo na cara, doenças e imprevistos.
Amor de verdade é imperfeição, vem com paciência, tolerância e conversas francas e exige muita vontade e muito respeito. Dá liberdade, compreende e debate, implica, tem ciúme e às vezes dá raiva. 
Amor instantâneo  também é bonito, eu sei, mas amor construído soa tão mais verdadeiro que eu chutaria dizer que esse sim deve ser o tal amor. Aquele lá. O tão sonhado amor de verdade.


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

LEVAMOS TODOS PORRADA DA VIDA

TODA EMOÇÃO SE CONVERTE EM DOR



Levamos todos porrada da vida. 
Ninguém é sempre campeão, não somos semideuses.
Atrás de toda pessoa feliz, deveria existir um homem com um martelo – para lhe golpear periodicamente a cabeça.
Só porque a vida mais cedo ou mais tarde mostra suas garras.
Só para lembrar que existem pessoas infelizes no mundo.
Só pra lembrar que elas também amanhã poderão estar infelizes.
***
Por exemplo, um belo dia, chega a porrada. Sofremos a traição e saboreamos a desilusão.
E é o fim de tudo: nunca mais confiaremos em ninguém, estamos fechados pro amor.
Sentamos na sarjeta e choramos, choramos nossa miséria, nossa feiúra, nossa desesperança.
Tão centrados em nós mesmos, coitados de nós, quanto durante o auge da felicidade…

* * *
Um dia a dor passa, porque, afinal, apesar da dor e do horror, uma das mais importantes leis da física é a seguinte: “lavou, tá novo.”
A dor e o prazer, a alegria e a tristeza: como diria o cobrador, é tudo passageiro.
Não há mal que tanto dure, nem bem que tanto perdure.
Mas existe um fascínio inegável pela sarjeta, por andar se arrastando, por fazer um espetáculo de nossa tristeza, por jurar, copo de chope na mão, que o amor, ah!, esse nunca mais!
Você fica como aqueles cachorros que não aceitam carinho de ninguém e se encolhem quando alguém chega perto. Você percebe na hora: alguém um dia cobriu aquele cachorro de porrada, ele apanhou, ele sofreu, e nunca mais esqueceu.
Já disse o filósofo que toda emoção é dor, que não existe emoção puramente prazeirosa que não vá, em algum momento, se converter em dor.
O carinho que sente pelo namorado será inversamente proporcional à sua dor por perdê-lo…. e perdê-lo você vai, seja porque ela cansou de você, morreu ou o sol explodiu.
De qualquer modo, nada é permanente: o bom e o mau, a dor de dente e o prazer, eu e a via láctea.
Mas mesmo assim estamos sempre dando nossa cara à tapa, mesmo sabendo que vamos sofrer, mesmo sabendo que vai doer. Porque sempre dói.
Só as flores de plástico não morrem, só tecido morto não dói.
Tenho uma conhecida cuja autodescrição no wathsapp é “pairando sobre um mundo hostil". Fico triste por ela, ninguém merece viver num mundo hostil, mesmo se o mundo for hostil de verdade, especialmente se o mundo for hostil de verdade.
Me recuso a ser o cachorro que se encolhe diante da possibilidade do soco – ou da carícia, sei que na vida vou levar socos, e sei também que vou receber carícias. Provavelmente, como quase sempre acontece, dadas pelas mesmas pessoas.
É melhor andar feliz e despreocupado por um mundo belo e seguro e, de vez em quando, levar uns tombos pelo caminho (eu sei me levantar!) do que viver sempre em um ambiente feio e hostil, cercado por cretinos e canalhas.
Tento desfazer minhas barreiras, abaixar meus escudos, me expor à dor e ao amor.
Sejam gentis.


quarta-feira, 28 de setembro de 2016

TUDO PASSA

QUE A VIDA SEJA LEVE A TODOS NÓS 


Sua dor provavelmente vai passar, porque tudo passa: a dor passa, e a felicidade também passa.
Atrás da felicidade, vem mais dor. Atrás da dor, vem mais felicidade, sucessivamente, sem parar.
Até que um dia a gente morre (só tecido morto não dói).
Então, se você segurar as pontas, é quase certo da sua dor passar.
Por outro lado, se você não quiser encarar esse infindável sobe-e-desce de dor e felicidade que caracteriza a existência humana, beleza: você vai ter que viver como um zumbi humano, ou seja, como um morto vivo.
Às vezes, muitas vezes, as maiores dores existenciais são resolvidas pelo simples ato de falar sobre elas.
Eu mesmo adoro ouvir histórias de vida (pessoas que escrevem como eu, são vampirinhos de histórias).
Mas se você pudesse conversar pessoalmente comigo, eu não posso prometer que te daria "bons conselhos" (quem sou eu pra saber o que você deve fazer!), nem tentar te convencer de minhas verdades (porque acho que todas nós temos as nossas).
Mas prometo que te escutaria, te acolheria, te aceitaria, que é só o que podemos fazer uns pelos outros, todos os dias, na cama do hospital ou na fila do banco, com amigas queridas ou com completas desconhecidas: escutar, acolher, aceitar.
E que a vida seja leve a todos nós.


terça-feira, 27 de setembro de 2016

AMAR E SER AMADO DE FORMA RECÍPROCA E VERDADEIRA

O AMOR NOS PERMITE SER LIVRES


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As coisas que a gente ama têm que ser livres. Sim, e de mãos e peito abertos, porque se tivermos a grata companhia de alguém que amamos ao nosso lado, que ela fique por pura e simples vontade de querer estar ali. Vivenciando experiências que vão nos fazendo melhor e compondo a harmonia do nosso pequeno mundo. Sabe, temos mais é que estar ali e deixar as coisas serem livres. 
Que tenhamos corações selvagens e espíritos livres para lidar com coisas como o medo e a dúvida que sempre assombram.  De possuir uma alma de quem sabe que vamos ter, sim, dias difíceis, mas que os bons serão comemorados como um gol de Copa do Mundo.  Porque é isso que nos dá força e deixa o coração leve mediante à loucura do mundo lá fora. E como bônus, teremos a certeza de que se plantarmos amor, receberemos amor; se plantarmos ódio, receberemos ódio. Então, tenhamos mais consciência de nossos atos. Pois somos sim, seres humanos falhos, mas não as piores versões deles.
Portanto, seja você. Erre e erre mais, conquiste e almeje sonhos, tropece algumas vezes, mate a saudade, construa uma base sólida e colecione momentos os quais poderá se orgulhar, mas também tenha outros que não se orgulhe tanto. E pense sobre a ideia de que as coisas que a gente ama, têm que ser livres. Então vá e viva e permita o mesmo ao outro.



segunda-feira, 26 de setembro de 2016

SOBRE O FIM DO AMOR

RESILÊNCIA É A PALAVRA DE ORDEM !!!
CEDO OU TARDE VAI PASSAR ...


Ninguém lida bem com o fim do amor. Nem os espiritualizados saberia se despedir sem sofrer, muito menos você que é um ser humano cheio de emoções à flor da pele. Mas, antes de mais nada, entenda que dor e raiva são dois sentimentos suportáveis quando separados, mas corrosivos quando sentidos juntos.
O fim do amor não é quando o relacionamento acaba. Essa é só a sentença, a assinatura, a burocracia. O sofrimento já veio antes, mas ficou represado no comodismo da vida planejada com direito a canteiro de flores e família reunida. O adeus destrói a contenção e inunda o terreno seguro. Faz a casinha com goteiras de onde você tanto reclamava se tornar um palácio nas suas lembranças. O passado não mudou. Mas a sua perspectiva sobre ele, sim.
O fim do amor embaralha os sentidos. Faz pensar no outro como a melhor criatura do mundo mesmo quando há tempos você já percebia que estava difícil a convivência. Ele vai ser o amor da sua vida e todas as vezes que você desejou outro cara vão desaparecer da sua memória num passe de mágica. Era ele, tinha que ser ele, era absolutamente certo de que seria feliz com ele.
Quando a raiva sair de cena, quando a vontade de esmurrar a porta passar, no palco estarão protagonizando juntos, a mesma cena, você e o que você sente. A vida, por um tempo, vai ficar em suspenso. Você não sabe se vai sentir mais vontade de maldizer o ex-amor ou admitir que ainda sobrou um resquício da paixão.
Logo depois vai chegar a vontade da vingança. Você vai aprender a se maquiar melhor, vai saber a programação cultural da cidade – teatro, cinema, shows, exposições... A lista telefônica vai aumentar, a quantidade de sapatos de salto e vestido também. A estratégia então é ocupar a cabeça para despistar o coração. Mas o medo de encontrá-lo a cada esquina vai fazer parte de você como a maquiagem e os cílios postiços.
Não importa quanto tempo passe, você vai se sentir brutalmente traída quando um novo amor surgir. Vai se sentir ofendida quando ele usar a camiseta que vocês compraram juntos para aparecer com a nova companheira no Facebook.
Também vai odiar os amigos dele que eram seus, achar absurdo que a mesma música que ele cantava pra você esteja sendo cantanda junto com ela – e não importa se aquele som é o favorito dele, você vai sentir como se fosse exclusividade sua.
Aí, aos poucos, a maquiagem vai diminuir, a mágoa também e você vai estar disposta a conhecer gente nova de verdade. Vai entender que sentir nostalgia não é saudade e que lembrar com carinho não significa que você deseje a mesma vida de antes.
E aí você vai saber que a vida continua. E daqui a alguns dias você pode precisar ler tudo isso de novo porque um novo amor vai chegar e vai partir.
Só então vai perceber que eu menti quando disse que o amor acaba    pois o título do texto é sobre o fim do amor    Ele se metamorfoseia em lembrança bonita. Mas não acaba nunca porque vai estar em você pra sempre e em paz. Ainda bem.


sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A RAIVA É INIMIGA DA TRANQUILIDADE

A RAIVA DESTRÓI NOSSA PAZ MENTAL


Se tem alguém perturbando a sua paz mental, você consegue se livrar dele trancando a sua porta e ficando sozinho em silêncio. 
Mas  não consiguimos fazer isso com a raiva!
Onde quer que se vá ela está sempre lá. Mesmo que a gente tenha trancado nosso quarto, a raiva tá sempre lá dentro. A não ser que você adote um determinado método de lidar com ela, não há como escapar.
Desse modo o ódio e a raiva, e eu quero dizer uma raiva negativa, é no final das contas o verdadeiro destruidor da nossa paz mental, e é por isso nosso verdadeiro inimigo.
Ninguém quer a raiva, ninguém quer a intranqüilidade, mas por causa da ignorância, de não nos darmos conta que nossos piores inimigos são nossos próprios pensamentos, somos acometidos por sentimentos como esses.
Se você quer saber, os piores inimigos não são capazes de lhe fazer tanto mal quanto teus próprios pensamentos.
Os fatos e acontecimentos existem por si só. A reação que temos, o valor que damos aos mesmos, é o que os torna melhores ou piores.
Assim, são os nossos pensamentos, a nossa mente e espirito é que transforma tudo em bom ou mal, que valora os acontecimentos para nós. A raiva é mais uma das formações criada pela nossa mente, e
xistem formações mentais que são saudáveis e outras não. Essas formações mentais não saudáveis, como a raiva, são chamadas aflições e tiram a nossa paz. 
Então melhor deixar a raiva pra lá, bem longe!


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

NÃO VOTO E NÃO PERCO MEU TEMPO COM POLÍTICA

ELEIÇÃO # TÔ FORA!



Vários de meus amigos votam. Pessoas de quem gosto muito e respeito bastante votam. Mas eu já desisti. 
A decisão de não votar choca várias pessoas, mas sejamos sinceros: elas se sentem incomodadas provavelmente porque  minha postura, na prática, menospreza e de certa forma "despreza" as escolhas delas de votarem. Quando digo com todas as letras que não perco meu tempo com política, sinto que as pessoas ficam meio indignadas e expõe seus argumentos de cidadão eleitor.     
Eu até entendo por que essas pessoas votam. E realmente não as julgo e nem as desprezo por isso. Eu mesmo já votei várias vezes em minha vida. Eu apenas gostaria que elas parassem de se estressar por causa de política; apenas gostaria que, em vez de se irritarem e brigarem por causa de discussões político-partidárias e de resultados eleitorais, elas  ficassem em paz  mesmo diante  da podridão política que domina esse país.
A política é um tipo de tormento em câmera lenta. E eu sinceramente não quero ver as pessoas  se irritando com isso.
Sim, estou perfeitamente ciente de que essa minha opinião parece insensata para a maioria das pessoas, mas isso só ocorre porque minha opinião se difere totalmente da opinião delas. Por outro lado, se essa minha opinião for a correta, então isso significa que essas pessoas estão perdendo tempo e energia com algo inútil — e praticamente ninguém gosta nem mesmo de imaginar essa hipótese desagradável; hipóteses como essa são automaticamente negadas por nossa mente.
Portanto, se você gosta de debater e de sofrer com política, fique à vontade. Não irei de maneira alguma tentar acabar com esse seu prazer. Estou apenas dizendo que gostaria muito que pessoas boas e produtivas não despendessem boa parte de seu tempo e de sua energia com essa atividade mentalmente exaustiva e improdutiva — não creio que tal atitude lhes traga qualquer benefício.
Agora, já que muitas pessoas irão contestar, vou explicar por que penso assim.
"Se não votarmos, os maus irão vencer! E aí as coisas vão piorar ainda mais!"
Esse é o argumento que eu mais escuto. E a ele sempre respondo: "As coisas já estão ruins, estão só piorando, e nenhuma das várias eleições anteriores trouxe mudanças para melhor."
Como réplica a isso, sempre escuto as tradicionais "sim, mas...".
O pior problema da política é que ela estimula a obediência e a submissão das massas. Enquanto os políticos do partido azul fingem culpar os políticos do partido vermelho, e os políticos vermelhos fingem rivalidade com os políticos azuis, as massas se comportam bovinamente como líderes de torcida, prendendo a respiração a cada embate público entre esses dois times, e sempre se mantendo submissas a ambos. 
Afinal, se seu time vencer as próximas eleições, aí sim as coisas poderão finalmente melhorar!
Ou seja, não apenas a política exaure a energia de nossas vidas, como ela também torna as pessoas bem mais propensas à submissão e a seguir ordens de maneira automática. "Não gosto do partido A que está no poder; queria muito que o partido B estivesse no controle, aí sim eu estaria satisfeito". Isso sim é realmente perigoso.
Não importa em quem você vote, o governo sempre vencerá.
Quando as pessoas pensam no governo, elas normalmente imaginam um grupo de 600 pessoas na capital federal tomando algumas decisões racionais. A verdade, no entanto, é que o governo é composto por milhões de empregados, sendo a esmagadora maioria impossível de ser demitida. Para piorar tudo, oceanos de dinheiro passam pelas mãos dessas pessoas diariamente. Esse arranjo é totalmente propício ao abuso de poder, e sempre será. Trata-se de um problema estrutural, o qual não pode ser resolvido apenas "votando nas pessoas certas".
Ou seja, a estrutura do governo é, por natureza, corrupta e abusiva, e continuará assim até que a própria estrutura seja mudada. Meras eleições, mesmo que "as pessoas certas sejam eleitas", não irão alterar essa estrutura. 
A política está sempre se esforçando para nos fazer crer que as coisas irão melhorar... tão logo derrotemos o partido inimigo, é claro. Só que, independentemente de nossas esperanças, sempre vamos acabar lidando com algo chamado "má governança". Em outras palavras, nada irá mudar, ainda que as faces que aparecem na televisão sejam trocadas de quatro em quatro anos.
Considero que se há uma área da vida em que os humanos fracassaram e em nada evoluíram, essa área é a política. Aff!

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

UMA PAUSA PARA REFLETIR

NÃO ESTAMOS ACOSTUMADOS A DESPIR A ALMA


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É importante que tenhamos senso crítico quando nos deparamos com informações, que saibamos enxergar além das dimensões óbvias.
Estamos afundados numa rotina estressante, sendo tão sufocados por polêmicas, crises e atropelos, que não conseguimos aceitar que algumas pessoas ainda sejam capazes romantizar parte da vida.
Pare um pouco, feche os olhos e respire.
Tente desacelerar e pensar com calma: você não sente saudades de nada?
Nem de conversar sem rumo até muito tarde e você nem se dá conta da hora? De passar o dia com alguém fazendo tantas coisas, que parece que o dia teve 48 hs? De olhar para alguém que admira e pensar “como é bom estar aqui”.
Estamos cansados demais para nos conectar com as pessoas, para nos abrir e permitir que a troca aconteça. Estamos ocupados até mesmo para ouvir o que as pessoas têm a dizer. Quando começam a falar, nossa mente é preenchida com tantas respostas que não sabemos o que foi dito.
Esse texto, não  é recheado de termos complicados da psicologia, artigos científicos e explicações. É o total oposto. É simples, de coração aberto e baseado em ideias. Mas preciso dizer que agora, 23:50 da noite, quero transmitir esta mensagem que considero muito importante:
Nesse estradão de terra batida que é o dia a dia, que é a vida, não estamos acostumados a despir a alma.
Talvez estejamos num momento onde o importante, o que pode fazer real diferença, é baixar a guarda e recolher as armas. São os pequenos gestos, a troca de olhares, a conversa furada, o abraço sem compromisso. 
Quando o dia termina e as luzes se apagam. Na hora que colocamos a cabeça no travesseiro, são dessas coisas que sentimos falta. O resto importa bem menos.


terça-feira, 20 de setembro de 2016

SOBRE AS REAIS PRIORIDADES DA VIDA

NOSSAS PRIORIDADES ESTÃO ALTERADAS


É triste pensar que nosso mundo anda tão ocupado com as coisas a ponto de se tornar cada vez mais insensível às pessoas, aos sentimentos, ao que interessa de verdade. Que estamos mais preocupados em não perder a hora do que em compreender porque, de fato, a gente tem que se apressar.
Triste pensar que deixamos de nos construir enquanto seres humanos, por estarmos mais preocupados com o que precisamos mostrar. Quando deixamos de ser felizes, para nos mostrar felizes. Quando deixamos de assumir nossas fraquezas, porque a crueldade do mundo não nos permite ser ingênua. 
É triste, sobretudo, pensar que cada minuto que se passa se esvai, de fato, por entre nossos dedos, porque, por mais triste que isso possa parecer, a cada dia  vivemos menos. Por mais que estejamos vivos, estamos cada vez menos cientes disto. Se deixar o mundo nos anestesia.
Ocupamo-nos com nossas necessidades vazias e não percebemos que muitas delas só se tornaram necessidades porque nunca paramos para pensar sobre o porquê precisamos delas. Jamais nos ocorreu que, talvez, precisemos de muito menos do que buscamos. E que o que precisamos de verdade pode estar sendo deixado de lado a cada minuto que nos ocupamos com a ilusão de nossas falsas necessidades.
Vamos deixando nossos sonhos pra uma outra hora, como se uma outra hora fosse existir tão seguramente assim. Vamos abrindo mão de pedaços de vida que sabemos ser irrecuperáveis, mas, muitas vezes, não nos damos conta do quanto isto é grave. Do quanto podemos nos arrepender de uma palavra que não trocamos, de uma ideia que não absorvemos, de uma experiência que não tivemos.
O grande problema é que as nossas prioridades estão alteradas, primeiro tem que vir o que é "necessário, o que deve ser feito ", pra depois vir o que nós realmente queremos, o que realmente nos torna humanos, o que faz valer pena estarmos vivos.
Estamos ocupados demais pra viver os nossos sonhos e, pior ainda, para compreender o quanto isto nos é nocivo. E que, talvez num futuro breve demais, nos perceberemos velhos e frustrados por uma busca eternamente sem frutos, porque muitos sequer sabem o que, de verdade, buscam. Vivem no automático por tempo demais. E percebem – tarde demais – que a felicidade se apressou em deixar você de lado. Como todas as coisas maravilhosas da vida, ela não sabe esperar. Sorte de quem se encontra a tempo. Porque, lamentavelmente ou não, só se encontra quem desiste de buscar.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

EX RELACIONAMENTOS SÃO PARA SEMPRE

SOMOS MOLDADOS PELAS RELAÇÕES E EXPERIÊNCIAS QUE NOS ATATRAVESSAM 


Se a pessoa está num novo relacionamento e você perguntar qual o limite para uma amizade com o ex, normalmente  o parceiro atual certamente tem uma resposta na ponta da língua “não tem que ter NENHUM contato”. Na prática a teoria é outra, pois acima de tudo ex-relacionamentos são para sempre, aquela pessoa sempre vai compor o histórico de uma relação e é preciso reforçar que os sentimentos humanos não são quadrados, ou seja, não se fecha uma porta e tudo está 100% pronto para a próxima porta.
Qualquer amizade que se queira manter com alguém que já fez parte da intimidade amorosa e sexual é um faca de dois gumes, tanto poderia beneficiar (por saber que uma pessoa querida do passado nos tem em boa reputação) como é um problema para que a vida siga adiante.
Na maioria esmagadora dos casos, com raríssimas exceções, as pessoas não sabem ter amizades com ex sem escorregar pra um flerte, devaneios, saudades infundadas ou sentimento de culpa, por um único motivo, o passado é sempre mais seguro do que o presente. No passado tudo já está dado, o bem e o mal estão empacotados e podemos manipular as ideias como queremos. O presente é sempre um desconhecido, um frio na barriga, um impasse sem fim, uma responsabilidade a ser adotada, sem garantia nenhuma.
Se você me perguntar qual seria o limite saudável para manter amizade com um ex.
A minha resposta para essa pergunta seria que as pessoas maduras sabem deixar o passado no seu lugar, pessoas nostálgicas e que não aceitam términos ou temem seguir em frente se agarram numa amizade (sem muito critério) com um ex.
Somos moldados pelas relações e experiências que nos atravessam. Cabe aprendermos a lidar em equilíbrio com nossos instintos, emoções e razões.


sexta-feira, 16 de setembro de 2016

A REALIDADE DA MORTE NOS UNE

QUE A CERTEZA DA MORTE NOS DESPERTE À VIDA. A MORTE É EVENTO INEVITÁVEL E IMPREVISÍVEL    


Domingos Montagner, ele foi apenas mergulhar no rio após almoçar. Ele não sabia que morreria ao se aproximar de sua morte. Ele foi para o rio assim como cada um de nós vai para o próximo momento. Ele foi levado pra quantos metros de profundidade? 18? 30? Isso aconteceu. Sim, precisa de tempo para digerir a realidade de que isso aconteceu.
Tomara que quando ouvirmos esse nome, possamos soltar crenças e conclusões e perguntar abertamente: onde está agora a mente dele? Dá pra saber?
Que todos que ouvirem esse nome percebam como a realidade da morte nos une: nesse momento estamos juntos não apenas nesse luto coletivo, mas também nesse não entendimento da vida (esse lance maluco na qual estamos imersos). 
Não é extraordinário que cada um de nós vai passar por isso? Olha ao redor e tenta imaginar: Como cada um de nós vai morrer? E o que estamos fazendo para nos preparar? 
Que todos que ouvirem esse nome possam encontrar e praticar a sabedoria que libera o sofrimento da pior das mortes.
Que toda e qualquer morte nos acorde para esse caminho, nos acorde para a certeza serena de que o que está vivo nesse exato momento, em fração de segundos pode morrer. 
No fim é só fazer a vida valer a pena, não importa por quanto tempo. A morte é evento inevitável e imprevisível.


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

TÁ VIVO, PODE MORRER

APRENDEMOS NO AMOR OU NA DOR



Uma vez atropelaram uma galinha na roça e o povo do sítio ficou em polvorosa - quem teria feito, pobre da galinha etc. - daí eu digo: tá vivo, pode morrer. Qual é a surpresa ?
Quando alguém morre por alguma tragédia (avião caindo etc.)  tem algo em nós que faz grande problema, pois é como se não soubessemos que existe isso de morrer, a morte aparece no nosso pensamento com algo quase sobrenatural, a morte é quase exceção, não é a vida rolando, é alguma coisa que aconteceu... 
Isso tá presente quando ouvimos que alguém morreu e perguntamos surpresos: morreu, como assim, o que aconteceu? E por fim... Não é possivel!
A vida é um sopro quando chega a hora, o sopro se vai e pronto.


quarta-feira, 14 de setembro de 2016

PARALIMPÍADAS > ELES NÃO SÃO "NORMAIS"

SUPERHUMANOS # VENCEDORES DO ESPORTE E DA VIDA


Eu pessoalmente acredito que todos nós, seres humanos vivos, deveríamos compartilhar uma responsabilidade: procurar fazer o melhor sempre.
A gente erra, erra muito, eu até seria capaz de nos definir como criaturas errantes, mas me parece errar menos quem tem a intenção de acertar. E até hoje acredito que esse deve ser o nosso compromisso. Se não por nós, pelas gerações que virão a seguir e encontrarão alguma coisa boa que deixamos pra trás.
Os níveis de exigência que a gente pode se impor nessa tentativa são distintos. Honestamente, definir o seu próprio é um acordo que deve ser feito individualmente. Mas caso seu nível de comprometimento com a busca de fazer o melhor possível está muito baixo, aqui vai um empurrãozinho >>>>>


Os jogos paralimpicos apresenta atletas deficientes realizando ações que, para muitos, as tornam superhumanas. O olhar que tenho desses atletas, dessas pessoas, que apesar de todas as adversidades, são capazes de continuarem persistindo, é um olhar de fascinação e muita mas muita admiração. Eles não são 'normais'. Eles são feras, são craques, são estrelas que brilham forte numa constelação de milhões de outras pessoas com suas limitações.
Fico pensando, se essas pessoas são capazes de tanto, por que as olhamos tão pouco? 
Que possamos aprender algo com essas pessoas, que vencem todos os desafios. Do esporte e da vida.


terça-feira, 13 de setembro de 2016

ARTIGO DE LUXO RARO

SEJA O AMOR QUE VOCÊ QUER ENCONTRAR



É um fato, há uma grande procura por amor esse artigo de luxo que não custa nada, mas está mais raro encontra-lo por ai.
Muitas pessoas falam de amor, procuram o amor, mas será que é amor mesmo o que eles procuram?
Veja bem, o amor é quase uma loucura, será que eles querem permanecer ao lado de alguém por longos anos, entre períodos de conflito e paz? Vivemos em um tempo onde as pessoas ficam com as mãos frouxas, dessa forma é mais fácil soltar o que “não deu certo” e agarrar um novo amor que se encaixe nos nossos padrões.
Essa é a velha novidade, o amor é segurar alguém com todas as nossas forças para que o tempo não a leve, o amor é bicho selvagem que não tem padrão e nem obediência. É o único que pode curar as feridas que ele mesmo provocou.
Uma vez li em uma poesia: – O amor é o sentimento mais desprezado que existe, achei estranho, mas começo a pensar que existe certa verdade nessa triste declaração do poeta. Quantas pessoas estão querendo alguém, mas são ignoradas; Quantos desistiram quando as primeiras brigas surgiram quebrando o frágil conto de fadas.
Será que querem realmente amar?
Vejo que a maioria das pessoas quer um amor que não saberão retribuir.  
Seja o amor que você quer encontrar. 


segunda-feira, 12 de setembro de 2016

SEM OBJETIVOS

EU SÓ QUERO CONTINUAR INDO

Não consigo lembrar de ter um objetivo. Um objetivo de verdade.
Há coisas que eu gostaria de ter feito, mas não fiz e levei bem de qualquer jeito. Há metas que seriam legais de bater, mas se eu não as alcançar não olharei com ares de derrota.
Eu não foco nas coisas dessa maneira.
Eu faço coisas, tento coisas, construo coisas, eu quero progredir, quero tornar as coisas melhores para mim, minha companhia, minha família, etc. Mas eu nunca estipulei um objetivo. Simplesmente não é a maneira como abordo as coisas.
Um objetivo é algo que vai embora quando você alcança. Uma vez que isso acontece, acabou. Você pode sempre definir um novo, mas eu só não funciono em passos como esses.
Quando você passa do primeiro para o segundo, o primeiro ficou para trás. Depois do segundo para o terceiro, o segundo ficou para trás. Eu abordo as coisas continuamente, não em paradas. Eu só quero continuar indo — o que quer que aconteça pelo caminho é simplesmente o que acontece.
Sabe aquele objetivo de subir uma montanha? Figurativamente ou não? Nunca rolou pra mim eu só vou indo. 


sexta-feira, 9 de setembro de 2016

RECOMEÇAR

SE CHEGAR O MOMENTO DE SALTAR, NÃO EXISTE E SALTE SEM MEDO, SEM OLHAR PRA TRÁS


Penso que recomeçar é difícil porque parece haver um movimento interno de não acatar o fim que gera grande parte do sofrimento que aparentemente residi lá fora, no caos supostamente externo, na situação que se estabeleceu quando depois de tudo, você não vê outro jeito, se não matar o outro com um olhar sem vida. Mas o caos externo nada mais é que o reflexo do caos interno de alguém que está submerso num sofrimento atrós. Sofremos menos porque acabou e mais porque não sabemos seguir.
Certo dia alguém surge diante de nós como um príncipe num conto de fadas, doce e meigo, mas a narrativa é atemporal e não importa o tempo cronologico, então parece que em questão de minutos, o doce e meigo rapaz, pode se tornar um monstro arremessador de sonhos. Sua interação vai de uma base de carinho e afeto a outra de medo e raiva em instantes, reagindo à forma como ele se posicionar. Na atemporalidade, em um momento, olha apaixonada, com uma profunda ternura. Em outro, foge assustada ou o desafia em meio a gritos de raiva. O que efetivamente mudou do príncipe para o monstro?
Às vezes, congelamos o outro numa posição. Uma determinada impressão causada pelo olhar torna-se tão forte, que criamos uma fotografia da pesssoa com um rótulo na nossa mente. Ele se torna ex-namorado, ex-amante, ex-marido e isso traz um profundo desconforto atrelado a uma cegueira que nos impede de ver todo o universo existente ao nosso redor.
Dificilmente vemos qualquer pessoa diante de nós como um corpo que manifesta diversas qualidades num movimento contínuo entre altos e baixos   de intensidades e formas diferentes. A liberdade que damos ao outro restringe-se àquilo que nos agrada.
Quando estivermos cientes disso o outo já não nos afetará tanto, reconheceremos nele  a nossa própria confusão e  esse entendimento nos abre uma estrada que se exibirá diante de nós, poderemos ver que é possível começar a construir um caminho com passadas firmes, apoiadas em pernas mais fortes do que o medo e a insegurança. Precisamos de olhos agudos, que mirem fixos no horizonte e saibam enxergar além das camadas mais grosseiras da percepção do dia-a-dia. Assim, talvez perceba que qualquer pessoa é capaz de repetir exatamente as mesmas experiências que você acabou de viver.
Começar por criar uma vida cheia de experiências positivas, oferecer o seu melhor em todos os aspectos, invistir no seu bem-estar, ler mais e conhecer outros lugares e pessoas é apenas uma pequena lista do que pode ser feito para não só passar a ver qualidades nos outros como a ver a si próprio de uma maneira mais generosa– parte essencial do processo, por mais que pareça bobo ou ingênuo.


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

PESSOAS VEM E VÃO

SOBRE ADMITIR O FIM E SEGUIR...



Pessoas vem e vão, um ciclo natural.
Não nascemos grudados e não somos donos de ninguém. Isso é fato, mas noto que há muita dificuldade em largar um relacionamento em paz e seguir a diante sem sequelas. Noto que há em nós muita resistência em admitir nossas perdas de uma maneira geral e a perda pelo fim de um relacionamento não é diferente.
Num dado momento percebemos que não sobrou mais alternativa alguma. Todas as esperanças se esgotaram.
Diante de nós um passado cada vez mais distante e uma estrada a se percorrer.
Somos habituados a enxergar os acontecimentos da vida como se estivéssemos dentro de um jogo. Seguimos uma lógica dualista, bem e mal, ganhar ou perder. Lógica responsável por grande parte das aflições que nos atingem. Some a isto uma boa dose de carência e temos uma bomba de sofrimento, prestes a explodir, diante de qualquer instabilidade. 
Por acreditarmos num ideal de felicidade eterna, seguimos repetindo erros, tapando buracos, administrando dor e confusão em pequenas doses semanais. Ficamos dentro da prisão sob a condição de poder aprisionar o outro também. Tentamos evitar que a felicidade escorregue pelos dedos. Obcecada nesse processo, somos ingênuos a ponto de acreditar que basta resgatar determinadas condições para cessar a dor.
Claro, parece muito lógico. Se antes eu estava feliz e agora que ele me deixou eu sofro, evidentemente, se conseguir reestabelecer a relação, voltarei a ser feliz. O problema que a lógica deixa escapar é o fato de que tudo, invariavelmente, muda. Mesmo trazendo a pessoa de volta ao seu convívio, a bomba permanecerá ali, tiquetaqueando, esperando uma oscilação para explodir novamente, por isso acredito que não adianta querer reconstruir algo depois que tudo já foi posto abaixo, devemos fazer a manutenção diária. De tudo, se isso não for possivel, melhor admitir o fim e seguir em paz... RECOMEÇAR >


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O SEGREDO FUNDAMENTAL

O EU É UMA ROUPA QUE USAMOS


Sei como é, parece que nós passamos anos e anos no piloto automático, seguindo tendências, fazendo o que é necessário, correto, deixando o que te faria feliz de lado para buscar algo que não é um sonho seu, mas foi imposto a você...
Não me parece justo você viver anos e anos e não ter nenhum legado para deixar...
Nossa vida é feita do "Eu" pessoa e do "Eu" formado pelo conhecimento, o segundo moldado após muitos anos de simbologia externa - sociedade, família, amigos, influências de modo geral. O nosso "Eu" cru, é alguém que não somos, pois fomos condicionados a esquecê-lo. Queremos ser nós mesmos, mas existem regras, existe vergonha, existe inveja e emoções feitas por aquele "Eu" formado pelo conhecimento. Que é o que nos deixa aprisionados a uma vida sem vida. Na bíblia há muito sobre ressureição, ressureição é deixar de ser o "Eu" formado pelo conhecimento, para liberar o "Eu" essêncial, a pessoa que você realmente é. E é uma caminhada muito difícil. Mas o primeiro passo é descobrir que você não é quem pensa ser, que você é condicionado pelo ambiente e que seu tempo é limitado. Algo que muitos de nós já conseguimos. Um bom livro sobre isso é o Quinto Compromisso.
Pra sair desse nó intelectual, só em primeira pessoa.
Em termos de prática a elucubração pouco ajuda. Refletir não está intrinsecamente ligado a praticar. Podemos refletir, refletir e refletir mais e nunca conseguir botar em prática o que sabemos querer.
Não pense no alvo, não pense em acertá-lo e nem mesmo pense no arco. Simplesmente faça, sem a intenção de fazer.
A maioria das pessoas acharia isso um absurdo mas aos poucos vamos compreendendo que pra chegar a um certo equilíbrio eficiente de agir no mundo, precisamos realizar algo que possamos chamar de nosso.
E para realizar esse algo precisamos desta roupa que é o ‘Eu’, assim como precisamos de um veículo para nos deslocarmos. Essa roupa é feita de muitos pedaços, entre eles este cérebro que pensa. É preciso um nome para que possamos ser chamados e identificados. O problema é olhar para a roupa e pensar que nós somos a roupa. Não, não somos. O "Eu" é apenas a roupa que vestimos para agir no mundo. Podemos dizer que sofremos porque temos apego. Somos apegados a amores, a roupas, a carros e quando não temos isso tudo, sofremos. Temos mil apegos. Diz-se que toda a riqueza do mundo é insuficiente para a ambição de um só homem. Por isso o homem pode procurar a felicidade em um apartamento de seis milhões de reais e fazer qualquer coisa para isso. O mundo ao seu lado pode desabar, mas ele pensa que a felicidade está ali e que qualquer manobra é legitima para acumular riqueza. Por isso se enreda em sofrimento. 
Mas qual o alicerce do apego? Quem é aquele que tem apego? O “Eu”. Quem é aquele que deseja? O “Eu”. Quem quer possuir pessoas, coisas e riquezas? O “Eu”. Quando não houver mais “Eu”, não haverá mais apego. Podemos até pensar que sofremos por sermos apegados, mas nos livramos dos apegos? Como se livrar dos apegos? Os raciocínios que nos fazem afirmar que tudo vai embora, a ideia de que não podemos nos agarrar a nada nem colocar nossa felicidade nas coisas, pode ser útil para amenizar a dor e nos ajudar a ser mais desapegados e felizes. 
O "Eu" é uma ferramenta para transitar no mundo, útil como uma roupa, mas não somos nós mesmos. Esse é o segredo fundamental.
O "Eu", porém, é apenas mais uma compreensão equivocada. De modo geral, fabricamos a noção de um "Eu" que parece ser uma entidade sólida. Somos condicionados a considerar essa noção como algo concreto e real, fazemos o mesmo com os sentimentos, percepções e ações. Eu tenho sentimentos; eu sou minhas percepções… 
Quando começamos a perceber os danos que as emoções podem causar, a nossa consciência se amplia. 
A consciência não nos impede de viver; ela torna o viver mais pleno. Se você estiver saboreando uma xícara de chá com a compreensão do lado doce e do lado amargo das coisas temporárias, vai de fato apreciar o seu chá.


terça-feira, 6 de setembro de 2016

VIDA

QUERO ESTAR VIVO QUANDO EU MORRER




Acho tão engraçado como usamos a palavra vida, para falar de coisas tão abstratas, que quase já não sabemos o que ela quer dizer. Vida pode ser tudo o que acontece entre o dia que nascemos e o dia que morremos.
Eu penso a vida de uma maneira simples, ela é como um tecido sutil e quase invisível de relações e acontecimentos que resolvemos cultivar. Basicamente a vida é uma teia de possibilidades, de portas que vamos abrindo e pessoas que vamos cultivando. O colorido da vida surge de uma disponibilidade em abrir seu coração para as pessoas.
Muitas pessoas têm verdadeiro pânico de se mostrar para os outros. Cada palavra e gesto é medido com cuidado para não ser julgado ou rejeitado. Não funciona, pelo contrário, essa meticulosidade só atrapala. Eu explico, as pessoas se ressentem quando os outros se monstram plenamente. Para diminuir o incomodo delas serem acanhadas e tristes elas criticam quem se revela ou prospera. Logo, para viver bem é preciso saber desapontar o pouco apoio que recebemos dos outros. 
Quando resolvemos nos mostrar mais, ser uma pessoa mais sensível e disponível parece que as pessoas rançosas não se sentem confortáveis de se espalhar na nossa vida, elas lentamente vão saindo. A pessoa rançosa que posso ter sido um dia também saiu de mim. Parei de me culpar por tudo e sou mais afetiva comigo mesma.
Abandonei a perspectiva de uma vida perfeita. Não  mais algo ideal ou intacto, e sim algo carregado de emoções, perdas e alegrias, algo que está ao meu alcance.  Resolvi restringir meu ciclos de experiências, viver com meia dúzia de coisas possíveis, algo que eu dou conta de viver.
Parei de economizar a vida porque ela traz desapontamentos, parei de restringir amor porque ele acaba. Quando e se acabar, a vida foi boa, foi plena.  Quando alguém morrer eu vou seguir porque minha homenagem é seguir vivendo. A provisoriedade da vida não estrangula mais minha esperança. Tenho esperança, mesmo com tudo podendo dar errado.
Quero seguir em frente, quero ver o final dessa aposta, quero estar vivo quando eu morrer…


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

POR UMA VIDA SEM SCRIPT

POR UMA VIDA PLENA MESMO DIANTE DAS MUDANÇA E DAS INCERTEZAS INERENTES À VIDA.



Todos nós desejamos a felicidade (ainda que associemos diferentes coisas a ela). Todos nós evitamos o sofrimento (ainda que não concordemos sobre o que seja sofrer). E todos nós somos meio incompetentes em identificar quais são as verdadeiras fontes de. felicidade e de sofrimento.
Sem as palavras, sem os pensamentos repetitivos, as nossas emoções não duram mais que um minuto e meio.
Não é o conteúdo do nosso filme que necessita de atenção, mas sim o projetor. A raiz da nossa dor não está no enredo atual; está antes de tudo na nossa propensão em não aceitar e se incomodar com as coisas e são essas propensões, e não o que as desencadeia, a real causa do nosso sofrimento.
O enredo está associado à certeza e ao conforto. Sustenta nosso sentido muito limitado e estático de ser, além de oferecer a promessa de segurança e felicidade. Só que a promessa é falsa e qualquer felicidade que ele traga é apenas temporária. 
Então, melhor uma vida sem enredo para vivermos plenamente mesmo diante da mudança e da incerteza, inerentes à vida de qualquer um de nós.


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

FELICIDADE INCORPORADA

EU NÃO QUERIA ESTAR EM LUGAR NENHUM MAIS HOJE


Homem andando e seguindo seu coração e felicidade

Dá pra imaginar a felicidade como ausência de tristeza? O máximo que consigo pensar é num robô.
Se a gente pensar em definir felicidade, podemos pensar em: sinônimo de alegria, ausência de conflito, conjunto de bons momentos, atingir a perfeição, quando meus desejos são atendidos ou quando faço os outros felizes.
Penso que qualquer visão dessas que apresentei é vaga por duas razões: dependem de uma condição externa e ideal, e que necessariamente favoreça meus desejos.
Então, que felicidade eu busco?
Acho que a felicidade que busco não tem um objetivo final e nem um método. Não tem destino e nem caminho, mas apenas abertura.
Como um olho que tudo vê – e se ajusta à quantidade de luz que entra – essa felicidade pode conviver com qualquer emoção sem se desfigurar.
Se eu estiver aberto para as experiências que vivencio momento a momento sem oferecer barreiras ou obstáculos, desejos ou condições, talvez haja alguma chance. Talvez haja alguma chance se me permito viver a vida sem tentar me proteger de seu aparente peso. 
Bens materiais nunca farão alguém feliz, e também ninguém conseguirá fazer o outro feliz, ser feliz depende de vontade própria e de amor próprio junto às criaturas que vivem à sua volta, ser parte de um gigantesco quebra cabeças universal que traz a qualquer um paz e alegria, 
A felicidade passa a ser uma condição de vida e não um resultado quando deixamos de nos projetar em outro mundo ou realidade que não a nossa.
Na felicidade nos sentimos bem na nossa pele, apesar de todos os problemas e de todas as dúvidas e até dívidas, é um pouco dessa abertura que falei para viver plenamente o que nos aparece pela frente, com uma felicidade incorporada. Para de repente nos pegarmos pensando “eu não queria estar em mais lugar nenhum hoje”.