sexta-feira, 28 de setembro de 2018

SOBRE O ORGULHO

"O ORGULHO É A DERROTA DE MUITA GENTE." (Adágio popular)



A grosso modo, orgulho significa amor próprio exagerado. É característica de pessoa com um conceito muito elevado de si.
Na verdade, o orgulho não é de fácil definição: em excesso fere, pois não sabe pedir desculpas, não sabe perdoar, nem ser humilde, mas também machuca e corrói quem o alimenta. Teme a negativa e não quer perder. Enfim, é um veneno em doses homeopáticas.
O orgulhoso é importante demais para ir atrás do outro, é vaidoso demais para reconhecer que errou e, principalmente, para perdoar. Errar com ele é um ultraje que não cabe desculpas, mas quando é ele quem erra o problema é menor. Ele joga e nunca paga para ver. É uma pena!
Falam que quem opta pelo orgulho precisa aprender a lidar com a saudade. Aprender a lidar com a saudade é fácil diante de questões maiores. Orgulho em excesso deixa um rastro de palavras não ditas, sentimentos não vividos, mágoas não apaziguadas, ressentimentos não resolvidos, situações não esclarecidas. Frustrações de equações não solucionadas.
É fato que o orgulho, a vaidade e a arrogância caminham juntos, mas não estaria o orgulho também associado à covardia? Seria a pessoa que desiste da luta e deixa de enfrentar as mais diversas situações por medo.
Logo, deixar de enfrentar um fato por medo de ter o orgulho ferido é também uma forma de covardia. Viver é risco e exige coragem!
Quem não arrisca deixar o excesso de orgulho de lado pode não perder nada, mas pode também perder tudo. E, quando envolve pessoas, é difícil não ferir e ser ferido, como o velho ditado que diz “quem com ferro fere, com ferro será ferido”. 
O que mais escutamos por aí são as pessoas afirmando que não vão fazer isso ou aquilo por puro orgulho, mas ao mesmo tempo se corroem por dentro, esperando que o tempo resolva as suas inquietações. Para o orgulhoso a iniciativa deve ser sempre do outro e nunca dele. Aí mora o perigo!

Foi arrogante, não pediu desculpas e ainda esperou a ligação do outro! Esse é um pequeno exemplo do que as pessoas orgulhosas são capazes de fazer. Acontece que, se o orgulho for uma via de mão dupla, essa ligação pode nunca vir. E aí? E aí que a pessoa jogou errado e perdeu. Por essas e outras é que a frase de Shakespeare é tão pertinente: “o orgulho devora a si mesmo”.

Um ótimo romance que retrata muito bem o tema é o “Orgulho e Preconceito” da escritora inglesa Jane Austen, adaptado para o cinema, em que os protagonistas inicialmente não se entendem pelos motivos que dão nome ao livro. Vale a pena ler o romance ou ver o filme para refletir. É uma bela história de amor!

O bom mesmo seria deixar o amor prevalecer sobre o orgulho, a vaidade, o preconceito e o medo, na exata forma descrita pelo grande poeta Pablo Neruda: “Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde, amo-te simplesmente sem problemas nem orgulho: amo-te assim porque não sei amar de outra maneira.”

Que o amor sempre prevaleça, não apenas sobre o orgulho, mas sobre todos os sentimentos que de alguma forma apequenam a alma.



quinta-feira, 27 de setembro de 2018

SOBRE O SENSO DE LIBERDADE

SER LIVRE É SER ÍNTEGRO




Sim, minha gente, não há nada que incomode mais do que o senso de liberdade. Muitas pessoas constroem carreiras rentáveis e compram bons apartamentos e trocam o carro regularmente e substituem o celular a cada 6 meses e conhecem os restaurantes mais badalados da cidade e fazem selfies lindas e já foram mais de cinco vezes para o exterior e sabem perfeitamente como se vestir dentro dos padrões da moda e puderam esquiar nos Alpes suíços e fazer compras na Galerias Lafayette em Paris e ainda assim podem invejar pessoas que só viajaram para o interior de São Paulo e fazem das tripas coração para fechar as contas no fim do mês e fazem combinações bizarras na hora de se vestir.
Podemos lançar um olhar comprido para uma roupa de grife, um carro novo ou casa grande. Podemos admirar pernas bem torneadas, um look elegante e uma barriga lisinha. Quem não curte uma barriga sem dobras? Mas o que desperta um incômodo dolorido mesmo, e atinge de forma certeira a alma é o senso de liberdade que poucas pessoas têm.
Não, caro leitor endinheirado. Não é possível comprar o senso de liberdade como quem compra uma bolsa de grife. Não adianta ter vários cartões de crédito Gold. Não adianta dizer que dinheiro não é problema para você nem perguntar "Você sabe com quem você está falando?".
Não, caro leitor sarado. Não adianta passar horas na academia e deixar de comer tudo que te agrada. Não adianta transpirar litros de suor por hora nem se privar a vida toda de uma boa picanha com pãozinho de alho e aquela cerveja, pra quem não dispensa uma gelada.
Não, caro leitor bem-sucedido. Não adianta coordenar 507 pessoas numa empresa multinacional e fazer os mais desprotegidos abrirem mão da sua vida por medo de perder o emprego.
Não, caro leitor. Você não encontrará o seu senso de liberdade em lugar algum. O senso de liberdade não está à disposição para ser vendido ou alugado em lugar algum. Não adianta ter doutorado, ter prêmios, ter dinheiro, ter fama.
Liberdade é uma porta trancada por dentro. Só nós podemos abri-la e tomá-la para nós com as duas mãos e a alma escancarada. Se preciso da autorização de alguém pra usufruir dela, não sou livre. Fui apenas autorizado a fazer o que quero. Mais nada. Um falso descolamento. Uma falsa liberdade. Mais uma mentira entre tantas outras que contamos para nós mesmos.
Ser livre é ser responsável pelas escolhas que fazemos, assumindo as suas consequências. Ser livre é se assumir como um indivíduo. É adorar a sua própria solidão. É olhar para o futuro sem pavor. É ter a consciência de que no final das contas somos nós que precisamos cuidar da gente mesmo, por mais que outras pessoas se disponham a nos ajudar. Ninguém nasce por ninguém. Ninguém morre por ninguém. E por mais que as pessoas que amamos e que nos amam sofram pela gente, a nossa dor é algo único, que só nós conhecemos a real extensão e profundidade.
Ser livre é dizer sim quando se quer dizer sim e dizer não quando se quer dizer não. É pedir um tempo para pensar quando se tem dúvida. É fazer tudo com vontade, sem culpa. É lutar por aquilo que se deseja sem se submeter de forma servil e obsessiva ao desejo.
Ser livre é saber curtir as conquistas sem medo de ser soberbo. Ser livre é aceitar que perdeu sem amargura e sem cobranças. Ser livre é saber a hora de ficar e de dizer adeus, é permitir-se ficar triste e descrente. Ser livre é aprender a superar e seguir em frente.  É falar o que se pensa e fazer o que se fala. Ser livre é botar o ser humano acima das regras, o amor acima do medo. Ser livre é ser íntegro.


quarta-feira, 26 de setembro de 2018

HELP

VOCÊ É CAPAZ DE PEDIR AJUDA?




Algumas pessoas realmente tem dificuldade em pedir ajuda, seja para as simples coisas do dia a dia, ou diante de extrema necessidade.
Muitos enxergam esse comportamento como vergonhoso ou característico de um indivíduo incompetente ou aproveitador, o que está muito errado.
Acredito que é preciso muita coragem para admitir suas fraquezas e pedir ajuda, mostrar quem realmente você é, se abrir completamente e dizer o que está te perturbando. Trata-se de um ato nobre e sincero, que jamais deve ser relacionado com a vergonha ou incompetência.
Aquele que se vê diante de uma dificuldade e abre seu coração, revelando um momento de fragilidade e insegurança, confiando ao outro a oportunidade de lhe oferecer uma palavra ou gesto que tranquilize, sem qualquer interesse ou oportunismo, realmente é uma pessoa humilde e mais forte do que muitos que se escondem e se recusam a pedir qualquer tipo de ajuda.
Ser capaz de pedir ajuda é estar despido da prepotência e nunca se colocar num patamar superior. É enxergar no outro as qualidades e competências que lhe faltam naquele momento, sem medo de parecer imaturo ou inexperiente, com a simples intenção de aliviar suas dúvidas, angústias e limitações.
E dificuldades e limitações todos nós temos, em maior ou menor grau, não importa quais sejam. O que vale é o respeito ao próximo e o entendimento de que somos frágeis e que vez ou outra precisaremos de apoio, conselhos, de alguém que nos estenda a mão.
Por isso olho para pessoas assim com certa admiração e peço que reflitam se seus próprios medos tem te impedido de fazer o mesmo.


terça-feira, 25 de setembro de 2018

NOSSA REALIDADE POLÍTICA ME ENJOA

ME ENJOA VER AS PESSOAS SENDO USADAS E ILUDIDAS





Acho que sou uma cidadã mas não tenho certeza. Conforme ficou convencionado, a definição da palavra “cidadão” seria o indivíduo em pleno uso dos seus direitos de participação na política de seu país ou ainda, aquele que pode votar, ser votado e se manifestar livremente. Mas como a maioria dos brasileiros, não arbitro medidas econômicas, investimentos públicos, não legislo e nem sou filiado a partido algum. Apenas voto ou deveria votar. Simplesmente “apenas”, esse advérbio que é sinônimo de só, somente ou unicamente. Apenas voto. Talvez quem sabe por fé. Nesse caso procuro não fazer desse gesto um ato mecânico nem lucrativo. Acredito que isso também aconteça com a maioria dos eleitores. Não era para ser assim. A época das eleições, deveria ser considerada uma dádiva em que recebemos a oportunidade de, livremente, poder arbitrar indiretamente sobre questões de máxima importância e escolher que tipo de vida queremos levar nos próximos anos. Liberdade e arbítrio, talvez sejam palavras inexistentes em nosso processo eleitoral.
Sofremos de um entorpecimento coletivo que poderia ser explicado pelo fato de sermos um povo que historicamente nunca tomou de verdade as rédeas de seu destino. Assim foi na independência de Portugal, na proclamação da República, no atraso com que libertamos os africanos escravizados e nos golpes que se sucederam ao longo de nossa história, todos motivados pelos interesses de quem detinha o poder econômico nas diferentes épocas. Todas as nossas revoltas foram locais ou de classes, nunca voltadas para mudar o panorama do país por inteiro. Com esse histórico, nossas elites, mimadas e bem tratadas, estão mal acostumadas e não medem esforços para se perpetuarem no poder se valendo de mecanismos eficientes para manter nosso estado eterno de apatia. Cultivaram em nosso inconsciente coletivo a máxima que diz “política não se discute”. Acreditando nisso, na maioria das vezes, as pessoas são levadas a votar sem muita motivação ou simplesmente manipuladas. Essa manipulação é feita comumente e cruelmente pela propaganda eleitoral. Definitivamente os caminhos da publicidade eleitoral não estimulam o debate, a reflexão e o crescimento intelectual das pessoas por meio de informações reais e sem apelo emocional. É notório o fato de que muitas vezes acontece sob escândalos, baixarias e denúncias exageradas com o apoio de alguns jornais e emissoras de televisão. Essas produções deveriam oferecer condições ao eleitor de fazer a melhor escolha por sua própria conclusão e não induzidos pelas músicas de refrão repetitivo, pela quantidade de fotos e imagens que poluem o ambiente e gravam nome e números na mente das pessoas ou pela ênfase dramática que se dá aos pontos fracos dos adversários. O debate e a reflexão foram trocados pela indução repetitiva de uma ideia, técnica utilizada para anular a capacidade de pessoas menos avisadas de resistirem a sugestões implantadas por meio da propaganda. A cereja do bolo está na proibida boca de urna, quando os eleitores que ficaram indecisos durante todo processo, recebem um apelo final de um candidato ou partido que foi trabalhado o seu inconsciente durante meses. Não é preciso muita reflexão para perceber que o objetivo principal dos partidos que se utilizam dessas técnicas não é o de promover o bom uso da inteligência do eleitor e estimular o voto consciente, mas sim perpetuar uma prática publicitária perversa anti ética que infelizmente está dando muito certo por aqui. A ciência da propaganda avançou de tal forma que agimos muitas vezes achando que nossa vontade está totalmente livre, mas é mera ilusão.
Outra forma praticada de manipulação é a que conduz o povo feito gado domesticado em direção aos currais eleitorais em troca de pequenos benefícios. Uma vez que grande parte da população, devido a ignorância e ao estado de pobreza, não creditam às eleições a devida importância o que vier para essas pessoas é lucro. Para eles, é apenas uma oportunidade de faturar um dinheiro, de ganhar benesses dos políticos ou quem sabe um empreguinho. Alarmante o fato de que esses, que são clientes do assistencialismo, são em muitos lugares onde a miséria impera, mais que suficientes para elegerem e perpetuarem no poder clãs que, por várias gerações, se beneficiam com nosso dinheiro.
A manipulação das vontades e dos bolsos são, com certeza, armas que podem valer ainda muitos anos de atraso ao nosso Brasil, porém, acredito que a mais eficiente de todas é aquela que nos induz ao desânimo frente essa utopia chamada democracia brasileira. É uma constatação preocupante, pois a farra das elites e dos políticos sanguessugas é inversamente proporcional a maturidade política de quem vota. O investimento das classes majoritárias na propaganda eleitoral sem regras e no assistencialismo é claramente no sentido de criar alienação, mas o desencanto e afastamento da parcela da população que é esclarecida deixando abertas as portas da manipulação das massas seria a pior e mais sutil forma de dominação e controle do voto. O natural desânimo com a situação pode nos levar a omissão, já me levou. Com tudo isso, me questiono: Será que somos cidadãos no sentido pleno da palavra?
A nossa realidade política em plena época de eleições neste exato momento, me enoja. Me enjoa ver as pessoas sendo usadas e iludidas por falácias e pela interferência desta falida lei eleitoral.
Estou convencido de que a grande massa do povo brasileiro é incapaz de gerir o seu próprio destino, na verdade nem se incomodam de estarem sendo usados, são verdadeiros patetas funcionais por excelência e se vangloriam disto com o argumento de que aqui se faz democracia...
VIVA O IMPÉRIO DO BRASIL!


segunda-feira, 24 de setembro de 2018

VISANDO A PAZ ALMEJADA, URGENTE E NECESSÁRIA

IGNORE O QUE NÃO VALE A PENA




Ultimamente, ter paz tornou-se artigo raro, daqueles que logo só se verão nos museus da vida, afinal, as pessoas estão cada vez mais atarefadas, afobadas, desmotivadas, e decepcionadas. Não há mais tempo para fazer o que mais se gosta e que não se relacione com trabalho, com compromisso, com chatice, ou seja, sobram poucos espaços em que possamos não fazer nada, não pensar em nada. E isso faz muita, mas muita falta.
Todos sabemos o quanto o corpo e a mente necessitam de um refresco, de um intervalo emocional diário, para que não ficarmos fatigados e estafados, pelo ritmo acelerado e repetitivo das atividades cotidianas que não dão nenhum prazer. Precisamos de um momentos com a gente mesmo, que nos alivie esse peso das obrigações que nos extenuam o corpo e a alma. Somos também sentimentos, somos um mundo dentro de cada um de nós e esse mundo precisa de trégua.
Infelizmente, para piorar o andamento das coisas, existe muita gente que tenta roubar a paz alheia.  Algumas vezes, somos diretamente atingidos por isso tudo; outras vezes, o ambiente à nossa volta acaba pesando por conta de situações que não nos atingem diretamente. De um ou de outro modo, será difícil conseguirmos nos equilibrar entre nossa vontade de ser feliz e a infelicidade semeada por aí.
Bater de frente com quem só quer prejudicar será infrutífero, pois esse tipo de pessoa não ouve ninguém além de si mesmo, será inútil, porque gastaremos saliva à toa. Tentar provar nossas verdades nem é necessário, visto que o tempo se encarrega de colocar cada coisinha em seu devido lugar. Ou seja, o melhor que poderemos fazer para ficarmos em paz será ignorar.
Ignorar gente mal amada, palavras de desânimo, palpites indevidos. Ignore, visando à paz almejada, urgente e necessária. É bem assim que se faz.



sexta-feira, 21 de setembro de 2018

EFÊMERA

A VIDA É UMA SURPRESA COM DATA DE CHEGADA E DE PARTIDA




Efêmera. Assim é ela: a vida. Um dia nascemos e temos toda a vida pela frente e em um piscar de olhos, ela passa. O tempo é um mistério que nos acompanha em cada dia. O tempo é esse mistério que fingimos conhecer. O tempo é esse tal TIC TAC que resolvemos contabilizar a fim de dominá-lo. São 365 dias. São 24 horas. São 60 segundos por minuto. São contas, são números, o tempo foi cronometrado para que não pudesse nos escapar. Mais um erro do ser humano, não há como controlar o que mal entendemos.
O tempo corre. O tempo é senhor de si. A vida é esse fascinante espaço entre nosso primeiro suspiro e o último. É indomável! A vida é essa surpresa com data de chegada e data de partida. Ambas datas que tentamos definir, mas não podemos. Queremos planejar o início de uma vida. Queremos adiar o findar de uma vida. Ainda não aprendemos a amar o tempo. Ainda não lidamos com as peças que ele nos prega. 
Nos vemos perdidos quando catástrofes ou desastres nos acometem. Queremos entender. Queremos justificar. Queremos saber o porquê. Queremos pensar como poderia ter sido. 
Sentir o hoje, Sentir a brevidade da existência. Sentir os encontros e desencontros. 
Nesse tempo incontestável que nos é dado, só nos resta vivê-lo em plenitude. Cada instante é um milagre. O presente é o que temos. Seja de sonhos ou pesadelos. É onde devemos estar por inteiro. É dedicar-se a dar o melhor de você hoje. É compromisso inadiável. O tempo nos é escasso pelos limites que demos a ele, esquecendo assim seu caráter infindável. Reduzimos o infinito à horas. Reduzimos à dias. Reduzir à meses e anos.
E quando a vida nos sacode encontramos o que jogamos no esquecimento. Encontramos a vontade de ser, se sentir. Nos resignamos com a dor. Repensamos aquilo que fugimos pensar: a nossa finitude. Fim dos dias, fim de ciclos, fim de uma jornada. Fins que nos são inevitáveis. Fins que lembram que só temos o hoje para amar. Todo dia é uma nascer e morrer em nós. É como diz o mestre Lenine: “Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma Até quando o corpo pede um pouco mais de alma Eu sei, a vida é tão rara (a vida não para não...a vida não para)”



quinta-feira, 20 de setembro de 2018

SENDO IMENSIDÃO

TEMOS UMA IMENSIDÃO DE COISAS PRA DESENVOLVER




Estar vivo é uma experiência significativa, essa busca por um sentido. São nesses momentos de reflexão que inundamos nosso ser com diversas versões sobre nós mesmos e projetamos dizeres sinceras. Sejam nos amores, amizades ou laços, pessoas vêm e vão todos os dias, e o que fica são essas memórias boas e ruins que resultam numa versão melhor de nós mesmo. Sim, melhor, porque em cada um de nós existe algo de bom para ser compartilhado, não é por acaso que estamos aqui. Cabe à nós sabermos se viemos para aprender ou só se perder.
Só ouvir, observar, sentir e respirar. Existe um propósito pra tudo e, como falei, cada um de nós tem uma energia boa para compartilhar, cada um. E fica a nosso cargo exercer essa dádiva sobre a imensidão que somos.
Porque em cada um de nós existe um universo, e uma imensidão de coisas para desenvolver.



quarta-feira, 19 de setembro de 2018

VIDA PLENA REQUER PACIÊNCIA, RESIGNAÇÃO E FÉ

DEDICAÇÃO E EMPENHO É O QUE A VIDA NOS EXIGE




Constantemente, passamos por situações que esgotam as nossas forças e minimizam os nossos ânimos. Por mais que tentemos escapar, inevitavelmente nos decepcionaremos com as pessoas, seremos rejeitados por alguém, reprovaremos em provas e concursos, seremos preteridos em vagas de empregos ou em promoções em nosso trabalho, choraremos o luto de pessoas especiais, dentre tantos outros reveses pelo caminho.
Estamos sempre preparados para receber o melhor em nossas vidas, ao passo que fugimos à necessidade de estarmos prontos a enfrentar o avassalamento que certos momentos trarão - e eles virão. Para nós parece ser muito natural expormos os sucessos, as conquistas, tudo aquilo que deu certo em nosso caminho, mas, dividirmos nossos equívocos e fracassos chega a ser quase impossível, uma vez que negar algo parece afastar aquilo de nós. Doce ilusão.
Negar nossos fracassos não os impedirá de baterem à nossa porta, nos obrigando a encarar nossas fraquezas, a refletir sobre o que viemos fazendo de nossas vidas, para que possamos repensar e operar mudanças que nos tornem habilitados a deixar de cometer os mesmos erros. Precisamos voltar nossas atenções ao nosso pior, digerindo aquilo tudo e renascendo para novas tentativas, com a mente reoxigenada.
O tempo nos ensina a confiar nele e nas verdades que ele sempre nos traz, bem como na colheita infalível a que todos estaremos sujeitos, de acordo com a qualidade das semeaduras que deixamos pelos caminhos. É preciso que estejamos conscientes de que muito do que sofremos é resultado tão somente de nossas ações, ou seja, agir com vistas às futuras consequências do que fazemos hoje nos poupará de amanhãs dificultosos.
Após as devastações emocionais que passam por nossas vidas, derrubando tudo o que há pela frente, minando nossos sentidos e roubando nosso fôlego, será o momento de decisão, de retomada, de reerguimento. A dor, a revolta e o abatimento que fatalmente nos invadirão serão úteis, para que esgotemos nossa tristeza, tolerando até que se esvazie e sejamos preenchidos aos poucos pela construção  de certezas cheias de esperança, com a ajuda dos amigos, da família, do parceiro, de quem, indubitavelmente, estará sempre conosco, junto, disposto, com acolhimento sincero e sorriso verdadeiro.
Trata-se de um processo lento, que requer paciência e resignação, fé e confiança em nós mesmos, em nossa capacidade de nos reinventarmos, de solucionarmos o que parecia impossível, de enxergarmos refletidamente o mundo à nossa volta, aprendendo e reaprendendo a cada dia. Não poderemos agir e escolher corretamente o tempo todo, mas poder contar com amor verdadeiro nos apoiando fará toda a diferença nos momentos em que a vida não dá certo. É assim que a gente cresce e é assim que a gente vira gente de verdade.




terça-feira, 18 de setembro de 2018

BUSCADOR

QUANDO A BUSCA SE INICIA




A vida se olhada apenas de fora não tem sentido.
No momento em que alguém se torna alerta para  esse fato de que toda essa vida é uma coisa sem sentido, a busca se inicia.
Essa é uma parte negativa, mas a não ser que essa parte negativa esteja presente, a positiva não pode vir.
A busca espiritual significa, em primeiro lugar, um sentimento negativo: um sentimento de que a vida, tal como ela é, não tem sentido.
Todo o processo acaba na morte: pó sobre pó. Nada permanece conclusivo em si mesmo. Você passa pela vida em tal agonia, em tamanho inferno, e nada conclusivo é alcançado.
Esse é o lado negativo da busca espiritual. A própria vida nos auxilia a chegar nesse lado. Esse lado — essa negatividade, essa angústia, essa frustração — é a parte que o mundo está fazendo.
Quando você se torna realmente alerta para o fato da insignificância da vida tal como é vivida, sua busca comumente começa, porque você não pode ficar tranquilo com uma vida sem sentido.
Com uma vida sem sentido, um abismo é criado entre você e tudo o que a vida é. Uma brecha intransponível cresce, tornando-se cada vez maior. Você se sente desamparado.
Então, a busca por alguma coisa significativa, feliz, é iniciada. Essa é a segunda parte, a parte positiva.
Busca espiritual significa chegar a um acordo com a realidade atual, não com uma projeção sonhadora. Se você parar pra analisar vai concluir que toda a nossa vida é apenas uma projeção, sonhos projetados. Não se existe para conhecer o que é; se existe para se obter o que é desejado.
Você pode tomar a palavra "desejo" como um símbolo do que nós chamamos de vida. A vida é uma projeção dos desejos: você não está à procura do que a vida é; está à procura do que tem desejado na vida.
Você continua desejando e a vida continua sendo frustrante porque ela é como é. Ela não pode ser como você quer. Então, você fica desiludido. Não exatamente porque a realidade seja adversa a você, mas sim porque você não está em sintonia com a realidade, apenas com seus sonhos.
Seus sonhos criam uma desilusão que estraga tudo. 
Busca espiritual significa conhecer essa parte negativa: reconhecer que esse desejar é a raiz causal da frustração.
Desejar é criar um inferno por livre e espontânea vontade. Desejar é estar no mundo desejando e continuar desejando, sem nunca perceber que cada desejo não dá em nada além de frustrações. Uma vez que você percebe isso, então não mais deseja.
Ou seu único desejo é conhecer o que realmente é. Nesse momento, você decide: "Não continuarei projetando a mim mesmo,  "viajando" conhecerei o que é. Não porque devo ser desse modo e a realidade deva ser daquele outro modo, mas apenas por isto: quero conhecer a realidade seja ela qual for — nua como ela é. Não projetarei, não entrarei nisso. Quero encontrar a vida como ela é". 
Positivamente, busca espiritual significa encontrar a existência tal como ela é, sem qualquer desejo. No momento em que não houver nenhum desejo, o mecanismo de projeção não estará mais funcionando. Então, você poderá ver o que é.
Uma vez conhecido, este "o que é" — aquele que é — lhe dará tudo.
O desejo sempre promete e nunca dá. Os desejos sempre prometem felicidade, êxtase, mas isso nunca vem. Cada desejo dá em troca apenas mais desejos. Cada desejo cria em seu lugar apenas desejos ainda maiores e mais frustrantes.
Uma mente não-desejosa é aquela que está engajada na busca espiritual. Um buscador espiritual é aquele que está completamente alerta para o absurdo do desejo e está pronto para conhecer o que é.
Quando a pessoa está pronta para conhecer o que é, a realidade aparece por todos os cantos, por todos os lados.
A realidade está sempre no presente — aqui e agora —, mas você nunca está no presente. Está sempre no futuro: nos desejos, nos sonhos. O problema é que você está adormecido nos seus sonhos, nos seus desejos. E a realidade está aqui e agora.
Quando esse sonho for interrompido e você estiver acordado para a realidade que está aqui e agora, no presente, haverá um renascimento, uma outra maneira de ver e sentir. E você finalmente vai chegar à satisfação.


segunda-feira, 17 de setembro de 2018

TEMPO MOLEQUE

EIS O TEMPO DA SIMPLES FELICIDADE





Você se recorda de quando tinha 9, 10, 11, 12 anos? De uma época onde podíamos brincar, ter momentos repletos de alegria e descontração? Quando a vida ainda não tinha nos presenteado com dinheiro, cartão de crédito e cheque, mas nossas posses nos traziam muito mais leveza e satisfação do que as de hoje em dia. Um tempo em que tínhamos muitos sonhos e nada parecia impossível. Quando ainda estávamos perto de nossos entes queridos, ainda que os achássemos chatos às vezes, mas só com o tempo entenderíamos a falta que alguns deles que já se foram nos faz. Uma época onde se machucar nem era tão ruim assim. Quando ir para escola só era bom porque tínhamos um monte de amigos e tudo era só diversão. Um tempo de descobertas e curiosidades, quando tínhamos um olhar pela vida de entusiasmo e encantamento. A melhor matéria da escola era educação física que tinha desde ginastica ritmica até ping pong. Nosso corpo estava em forma, com vigor e muita energia, mas só teríamos consciência disso com o passar dos anos e os sinais de após um dia de viagem nos sentirmos extremamente cansados. Nosso temperamento era alegre, andávamos em turma e isso nos fortalecia. A tristeza durava pouco tempo. 
No último dia de aula todos assinavam em nossa camisa e passar de ano sem recuperação era a meta de nossas vidas, ou simplesmente não ser reprovado. Mil e uma maneiras inventamos de ”colar” nos dias de prova, isso certamente ajudava a manter nossa mente criativa. Na vida adulta não podemos errar, e com isso muitas das vezes nem tentamos. Aprisionamos uns aos outros com regras que seria bom se não existissem, pois no final das contas não servem para quase nada. Muitos vivem mais a vida alheia do que a sua própria, pois ainda quando você se dedica à sua, parte dela é apoiada na expectativa dos outros e vice versa, então não seria melhor se todos se libertassem? Quando jovens podemos esquecer, nos apaixonar, cair, pois tudo cabe na idade, enquanto com o tempo não temos mais direito às justificativas, pois elas parecem desculpa de perdedor. Porque aos 12 anos ganhar é mais um impulso para participar, e quando mais velhos, as pessoas querem sempre ser os primeiros e são capazes de ir tão longe para isso? Ou isso ou nada.
Ir longe significa não só avançar na idade, mas perder-se nela, pois na vida adulta muitas vezes as pessoas se esquecem de quem são, de quem realmente são. E aí vão para terapia tentar entender o porquê de estar tão tristes, sozinhos, vazios, amedrontados, quando na verdade só estão perdidos de si mesmos. Talvez soltar uma pipa resolva grande parte dos seus problemas. Vamos afrouxar a linha! Podemos ter o controle ou não, mas a beleza da vida está no fluir, e para isso é preciso leveza de mente e de alma. Não podemos perder a capacidade de sorrir, muito menos a de levantar com a certeza de que coisas boas estão por vir, e ainda existem pessoas nas quais podemos confiar. Aos 12 anos quando algo não sai do nosso jeito, nos aborrecemos muito, mas logo arrumamos uma forma de nos distrair, na vida adulta esquecemos as alternativas e as formas de distração porque pensamos que a felicidade só acontecerá se conseguirmos atingir aquela meta, a tal meta que exigirá trabalhar horas aonde não suportamos, fazendo algo que não nascemos para fazer e que deixa nossos olhos sem brilho e o coração angustiado. Ainda existem motivos para sonhar, sempre existirá porque os sonhos não têm idade, nem o amor, nem os momentos de paz. Mesmo que não possamos voltar a ter 9, 10, 11, 12 anos, certamente podemos visitar em nosso íntimo a parte "moleque", que deixamos soterrar pelas preocupações e exigências da vida. Ainda há em nós um lugar sagrado que está esperando ser tocado, regado, para poder novamente saber perdoar, ser mais benevolente, menos severo, menos tenso, mais leve e alegre. Porque a vida passa, e nós passamos com ela, só aquilo que há de belo em nós, não pode passar. E que aos 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90, ou 100 anos possamos ainda manter aquele garoto (a) de 12 pulsando em nós, animando nossa alma, livrando-nos da desesperança e das correntes da vida. E se alguém “tá de mal” com a vida, trate logo de fazer as pazes consigo mesmo. Que todo o impulso para o desconhecido, o vigor, a brincadeira, a paixão e a alegria nos acompanhe pelas estradas da vida, com sol ou chuva.



sexta-feira, 14 de setembro de 2018

IGNORÂNCIA OPCIONAL

A IGNORÂNCIA E A SUPERFICIALIDADE NUNCA ESTIVERAM TÃO EM ALTA




Mesmo que instintivamente, muitas pessoas optam pela ignorância como meio de se protegerem das dolorosas consequências do conhecimento. Cada um tem o direito de viver da maneira que lhe parece mais confortável.
Por outro lado, toda ignorância opcional é uma realidade muito triste. O que faz seres inteligentes e pensantes optarem pela ignorância? O que faz seres com profunda capacidade de relacionar, de transformar, de criar, viverem como meros robôs que repetem conteúdos transmitidos sem senso crítico, sem nenhum tipo de reelaboração mental?
A superficialidade e a ignorância nunca estiveram tão em alta.
É flagrante a limitação mental e espiritual que tem essas pessoas ...Ignorantes são pessoas extremamente contraditórias e incoerentes, vivem de discursos prontos, querem colher o que não plantaram... Falam de amor, mas lhes faltam compaixão, falam de igualdade, mas não sabem respeitar as diferenças, falam de paz, mas defendem guerras enfim... nem eles mesmos se dão conta de suas contradiçoes simplesmente porque foram programados desde a infancia a apenas repetir as mesmas ações e maneiras de pensar, foram condicionadas e convencidas, mas o pior é saber que a safra de pessoas assim se perpetua cada vez mais... 
Os ignorantes por opção se revoltam quando se deparam com um olhar inusitado, pois todo olhar inusitado é uma desconstrução e desconstruções são trabalhosas. Desconstruções exigem que assumamos nossas fragilidades e lacunas.
Minha esperança ainda reside em saber que sempre haverão algumas poucas pessoas de bom senso que darão uma outra educação e visão de mundo a seus filhos e amigos aumentando a corrente da paz.


quinta-feira, 13 de setembro de 2018

A QUESTÃO NÃO É INCLUIR

A QUESTÃO É... CONHECER, RESPEITAR E CONVIVER




Todos os conceitos são mutáveis. As definições que moldam o modo que levamos a vida e as ideias que achamos inéditas estão dentro do leque do que o pensamento contemporâneo ocidental permite que tenhamos. Estes conceitos foram herdados, mudados, descartados e resgatados ao longo do espaço e do tempo.
Em outra época, em outro lugar, a noção de beleza, de justiça, de sucesso variam. As lições aprendidas hoje são heranças daquilo que se julgou plausível ou não manter. Os conceitos foram construídos baseados em acontecimentos passados. Sociedades que seguiram outros rumos, definiram outros conceitos, outra visão.
Essas semelhanças servem para caracterizar um grupo dentro de um tempo e espaço, para que as pessoas possam conviver partilhando de uma cultura que compreende os mesmos sinais, permitindo que interajam. 
Por tudo isso penso que a questão não ê incluir, palavra tão em voga ultimamente, não se deveria falar em incluir, e sim em conhecer, respeitar, conviver...


quarta-feira, 12 de setembro de 2018

A ALEGRIA DE ENVELHECER

O QUE VIVEMOS E FOMOS E SOMOS




Esse artigo é para você que nasceu no fim dos anos sessenta e começo dos setenta em um país subdesenvolvido da América do Sul. É para você que cresceu ouvindo rock; que viu a queda daquele muro pela TV, que se animou quando ouviu Nirvana no começo dos noventa e que hoje anda se sentindo mais ou menos, digamos assim... na envelhescência. Esse texto é para que você não negue a idade que tem porque, afinal, vivemos muitas coisas boas até agora
Olhe para trás mas não com essa expressão que mostra 
nitidamente que você já está precisando de óculos, apenas, olhe para trás. Olhe e tente enxergar as nuances mais doces da sua infância... Você consegue? Foi bem ali naquele trecho já escondido pelo matagal do tempo desse longo caminho de sua vida que você nasceu, não? Talvez no fim dos anos 1960 quando tudo isso aqui, digo, o seu país, era uma viva promessa de sonhos frescos e inocentes. Havia ecos de festivais da canção, moças que casavam ou casavam, uns poucos rebeldes mas nós estávamos chegando e nada disso importava. Depois fomos crescendo envolvidos de forma ainda distanciada, por uns nascentes ecos da revolta, mas éramos somente crianças perdidas em fantasias e gostávamos de brincar correndo pelas ruas.
O fato é que de qualquer forma, um dia a gente acha que correr nas ruas e subir em árvores não tem mais graça nenhuma e aí a gente começa a ouvir rock e a achar que ser criança é uma grande bobagem (mal sabemos o que nos aguarda rs). Mas no meu (nosso?) caso, isso aconteceu no começo da década de 1980. Você se lembra? Éramos tão jovenzinhos (pré-adolescentes como dizem hoje), tínhamos as bochechas gorduchas ainda e não gostávamos  quando conversavam com a gente como se ainda fôssemos crianças... Como os adultos demoram a entender certas coisas... como demoram.
E então, ali pelos 15 ou 16 – 1984 ou 85, talvez – enquanto nossos corpos  se trasformavam, encontrávamos algum diversão ouvindo, é claro: rock pop. E a gente achava que era maravilhoso (e era mesmo) sermos assim, tão jovens porque bem ali, naquele tempo da nossa chegada ao ‘mundo pós infância’ – estava ocorrendo no Rio aquela grandiosa ode ao... rock! O tal do ‘Rock in Rio’. Veja: era a primeira vez que o Brasil recebia de uma vez, bandas tão ‘tão’ como Yes, Queen ou Scorpions (na verdade eu não gostava tanto assim delas, mas de qualquer forma, nessa idade a gente se empolga fácil).
E nós tínhamos quinze ou dezesseis anos e sentíamos essa vibração e ela nos atingia com força. Eu estive lá e aquilo foi algo grandioso mesmo.
Mas embora pareça, isso não é uma tese saudosista sobre a adolescência e tudo que a envolve (digo, tudo, inclusive as dezenas de decepções semanais e a certeza de que o tempo está passando e que a vida não espera que a gente ‘entenda’ e sim que apenas ‘viva’).
Assim, aos sobressaltos e sabendo já, cansados de saber, aliás, que aquilo era um grande sonho que haveria de evaporar (afinal, tínhamos gente mais velha para nos lembrar disso o tempo todo, como não?! Como bem fazemos hoje com os pré-adolescentes que conhecemos) e que o Fred Mercury e o Cazuza eram gays (e: e daí?) e daquelas tantas bandas dos anos 1980.
Talvez ali pelos quase vinte anos, final dos 80 e já com a ‘ficha’ (sim: ficha; para soar datado mesmo) caindo; já tendo que decidir isso e aquilo; já sabendo que a vida não era nenhuma ‘viagem psicodélica’ como pregavam  – no final dos 80 já tão antiquados e tristonhos – hippies.
E nós nos tornando jovens e vendo que houve impeachment daquele fulano mas ele voltaria anos adiante, como um zumbi bem alimentado sabe-se lá do quê (quilos de ambição devidamente corrompida, gosmenta e úmida?)
E então, envelhecemos e ficamos com a cara dos nossos professores de física e matemática, aqueles que quando tínhamos 16 nos olhavam com um misto de espanto e pena... 
Mas aí, já tínhamos bem mais de 20, quase 30 talvez ou até mais que isso... Talvez dez anos a mais porque já nos parecíamos com nossos pais e professores e já nos preocupávamos com rugas e já sabíamos que algumas das nossas canções juvenis, antes tão frescas e puras, já cheiravam a mofo...
E, agora, aos quarenta e muitos é a hora certa de dizer – sentindo muito mesmo – que estamos irremediavelmente envelhecendo. Que nenhum novo procedimento estético poderá deter a flacidez da nossa cara e que só nos resta agora cantar aquela canção – tão bobinha afinal, daquela banda tão oitentista – ao contrário, e a plenos pulmões gritarmos ‘somos tão velhos...tão velhos..!” E assumir isso, sem neuroses ou tentativas bizarras de apagarmos tudo o que vivemos e fomos e somos: envelhecer tem lá suas espantosas alegrias e que bom que mais velhos que nós, lá adiante, ainda estão aqueles que nos fizeram gostar de rock  e se eles estão resistindo ainda, sigamos também, envelhecendo, porque disso, ninguém escapa (saibam vocês, pré-adolescentes do século XXI rs). 


terça-feira, 11 de setembro de 2018

AMIZADE É COISA MEIO SEM DEFINIÇÃO

GRATIDÃO AOS AMIGOS QUE A VIDA NOS TRAZ




Amigos. Palavrinha quase mágica, seres que surgem em nosso caminho e tanto nos ajudam a construir. Desde os amigos da tenra idade, aos que surgem em tantos outros momentos da vida. Todos especiais, todos únicos, todos com um papel em nossa vida. Uns são daqueles que você pode contar a sua vida em frente e verso. Outros tem mais sensibilidade para determinados assuntos, outros são pau pra toda obra, mas não se sentem a vontade com papos mais profundos. Cada um tem seu espaço na vida. Alguns ficam a vida toda criando história com a gente. Alguns são presentes mesmo com distâncias de muitos quilômetros. Outros passam tempo sem falar e nada muda. Uns passam certo tempo e seguem outro caminho, nem todos os seres especiais de nossa vida chegam pra ficar ad aeternum.
Tem os amigos daquela galera. Tem aquele amigo que é só seu. 
Amizade é coisa meio sem definição. São seres que chegam e quando percebemos já estão tão profundamente ligados que mal lembramos como era antes deles, até mesmo pensamos: “mas não estiveram sempre aqui?”. É quando se entende que as diferenças só servem pra tornar o outro ainda mais especial.
Amizade é compromisso sério, que ninguém tem medo de assumir. 
É torcer mesmo quando você está achando o outro completamente louco. 
Os de infância parecem carregar sempre aquele perfume dos tempos doces e não passa um encontro sem histórias que trazem de volta todas aquelas crianças que seguem dentro da gente. Os da adolescência são grandes sobreviventes dos dramas que passamos, esses grandes geradores de gargalhadas hoje. Tem os do cursinho, da faculdade, dos trabalhos. 
Amamos todos. Cada um do seu jeitinho, cada um sendo um presente. Os ciumentos, os carentes, os brigões, os do mundo da lua. 
E diga lá, quem é que vive sem amigos? É difícil achar! É de nossas melhores escolhas dividir a vida com essas pessoas tão diferentes a nós. Tão achados quanto perdidos na estrada da vida. Que sejamos sempre presentes na vida desses que escolhemos. 
Enfim, amigo em sua essência sabe ser. E que a gente jamais canse de transbordar gratidão por cada um desses encontros que a vida nos traz.



segunda-feira, 10 de setembro de 2018

PERSONALIDADE ESPONTÂNEA. MUITOS CONFUDEM ESPONTANEIDADE COM UM CARATER MALDOSO

SOBRE SER AUTÊNTICO




Ter uma vida autêntica não é sinônimo de ser inconsequente ou displicente com os deveres, sociais, familiares etc.
Sim, nós temos o dever de honrarmos a nossa palavra. Sim, nós temos o dever de pedir desculpas quando pisamos na bola. Nós temos o dever de levar as pessoas a sério. Não devemos prometer o que não podemos ou não queremos cumprir. Não devemos blefar com os outros como se a vida fosse um jogo de póquer. Não devemos induzir os outros ao erro, às expectativas frustradas, às decepções. Se alguém quiser se enganar , é uma questão pessoal e intransferível. Induzir o outro a uma leitura equivocada da situação, dar pistas falsas, indícios confusos, pode ser muito cruel mesmo que a intenção não seja ferir ou enganar.
Faz parte de uma personalidade espontânea e de uma vida autêntica a consciência de que a nossa liberdade termina onde começa a do outro. Que a liberdade e o bem estar do outro são tão valiosos quanto a nossa própria liberdade e bem estar.
Faz parte de uma personalidade espontânea e de uma vida autêntica o entendimento profundo de que não somos obrigados a prometer nada, de que não somos obrigados a nos responsabilizar por nada, mas que se optamos por nos responsabilizar, devemos cumprir os nossos deveres da melhor forma possível.
Faz parte de uma personalidade espontânea e de uma vida autêntica o desprendimento da necessidade de agradar a todos, de obter a aceitação de todos. Por outro lado, não correr atrás da aceitação alheia não significa hostilizar quem não reza pela nossa cartilha.
Não somos obrigados a fingir simpatias e afetos que não sentimos. Não somos obrigados a abrir mão daquilo que é importante para nós para nos adequarmos à vida dos outros. Não somos obrigados a ajudar quem só nos usa e se aproxima unicamente para pedir favores, virando as costas quando somos nós que precisamos de um apoio de qualquer natureza.
Ninguém deve se anular por ninguém. Não devemos deixar de sermos nós mesmos para agradar. Por outro lado, não precisamos sair pelo mundo alfinetando, hostilizando , colocando as pessoas em situações desconfortáveis ou manipulando-as para que elas se adequem a nós e às nossas necessidades.
Infelizmente, muitos confundem condutas levianas com um estilo de vida livre. Infelizmente, muitos confundem espontaneidade com um caráter maldoso. Mas na verdade, ser espontânea é buscar por uma vida mais autêntica, que faça mais sentido para nós mesmos, sem excesso de obrigações chatas, sem a necessidade constante de cumprir protocolos pra inglês ver.


quinta-feira, 6 de setembro de 2018

SILÊNCIO TAMBÉM É RESPOSTA

QUANDO A PALAVRA SE TORNA ESTÉRIL




Acredito veementemente no poder das palavras. Palavras, como diria o professor do filme "Sociedade dos poetas mortos", podem mudar o mundo. Palavras aconchegam, consolam, ensinam, inspiram, motivam, mas também esfolam a alma , a rasgam em mil pedações, geram traumas incuráveis, se materializam nos piores pesadelos que sonhamos acordados. Amo e temo as palavras em medidas quase iguais.
Porém, a vida que nos arrasta numa sequência tragicômica de experiências variadas vai nos mostrando que algumas atitudes não merecem respostas e que a melhor resposta é o silêncio.
O silêncio também é a melhor resposta para a hipocrisia, para aqueles que  vivem fingindo, que na realidade só querem representar ou simplesmente tirar algum proveito de qualquer coisa.
Devemos responder a quem nos questiona seriamente, a quem espera realmente uma resposta de nós. A quem se interessa pelo nosso ponto de vista ou simplesmente deseja entendê-lo, independente de concordar ou não com ele. Devemos responder a quem agrega valor à nossa fala. Quem apenas quer insultar e não apresenta a menor abertura para ouvir o que difere minimamente da sua opinião, não merece uma resposta. Mais do que isso. Esta pessoa não quer uma resposta.
Sim, muitas vezes o silêncio é a mais eficaz resposta, pois o silêncio representa a desistência, o abandono. Paramos de discutir com alguém quando descobrimos que não vale a pena, tanto a discussão em si como a pessoa em questão. Paramos de trocar ideias quando sentimos que nada do que falarmos vai resolver as pendências intelectuais e/ou afetivas. Paramos de usar as palavras quando percebemos que elas perderam a capacidade de transformar naquele contexto. Onde reinam a intolerância, a palavra se torna semente estéril.
Como dizer algo para quem não está escutando com o coração e a mente aberta? Como dizer algo para quem já decidiu de antemão odiar tudo o que vem de você? 
Sim, às vezes o silêncio é a melhor resposta. É a que responde melhor à indagação do outro. É que nos poupa dos mais inúteis dissabores.




quarta-feira, 5 de setembro de 2018

CADA UM DÁ O QUE TEM

PESSOAS SÃO INCRÍVEIS NO BOM E NO MAU SENTIDO




Sim, pessoas são incríveis, no bom e no mau sentido, infelizmente. Ao mesmo tempo em que encontramos quem nos eleva os ânimos, quem nos torna melhores e mais felizes, o oposto também existe.
Não podemos é entrar na vibração do outro, quando o que há ali fora é somente maldade e dor. Precisaremos manter intactas as nossas convicções, caso elas estejam mantendo o nosso caminho limpo e melhor. Revidar na mesma medida será o pior a se fazer quando isso significar agir de maneira contrária aos sentimentos que aninham o seu coração. O que temos de melhor sempre nos protegerá do pior de cada um que vier a atentar contra nós de alguma maneira. 
Existem pessoas que queremos evitar. Existem indivíduos que desejamos acompanhar. Uns machucam e ferem; outros, aliviam e confortam. Cabe a nós absorver apenas o que chega com bondade e amor, sem desistirmos de nossa essência, porque, como dizem, cada um dá o que tem. Sempre foi assim e assim sempre será. Vivamos!

terça-feira, 4 de setembro de 2018

NOSSA POLÍTICA É RIDÍCULA

O RIDICULO CRESCE A INTELIGÊNCIA DIMIMUI




A vida política brasileira parece ter perdido qualquer noção do ridículo. 
O fenômeno afeta os três Poderes e os exemplos são muitos.
Corrupção, acordos escusos, mentiras deslavadas. Esta é a política que nós conhecemos. Um político acusa o outro, a mídia expõe os problemas de vários e o povo trabalhador, cada vez mais perdido, vai perdendo as esperanças e o interesse em política. Desanimado, chamam-no de palhaço por não se informar. Mas quem é o verdadeiro palhaço? Seria o povo, que vive em condições precárias, sem educação para saber o que está acontecendo, quem é honesto e quem não é? Ou seriam os políticos, que aparecem na televisão com um sorriso e um pedido: "Vote em mim, pois eu sou honesto, capacitado e represento as suas vontades"?
É como se dissessem:
- Caro cidadão, cara cidadã, adivinhe se eu digo a verdade! Eu sei, você não me conhece, mas terá que me julgar nestes poucos minutos a partir desta aparência maquiada, deste sorriso falso e deste discurso artificial. Não pode? Como não pode? Você não é vidente?
Esperaríamos, então, que todo santo habitante de nosso mundo conhecesse o mínimo sobre política e economia antes que pudesse votar "corretamente"?
Mas como isso poderia acontecer se aqueles que a sociedade ergue ao Palácio (que seriam teoricamente responsáveis por fornecer esta educação mínima necessária) não representam seus interesses, mas os interesses daqueles que financiaram suas campanhas? Oras, esta teria algum interesse em sua educação política?
Pobre povo que trabalha o dia todo para sustentar, não só a própria família, mas também a essa corja de políticos! Se o político que, ontem, era do povo, dizia-se revolucionário, hoje aperta a mão dos conhecidamente corruptos em troca de alguns minutos de televisão, que raios de revolução foi essa? Oras, políticos fazendo acordos escusos para serem eleitos, isso já existia aos montes! Onde está a transparência, a honestidade, a verdadeira representatividade?
Cadê a democracia?
E o povo, se já estava perdido, quanto mais agora! Em vez de aproximar o povo da política, dão ainda maiores motivos para que este se afaste e confie ainda menos nos políticos! Se fazem acordos e concessões, se passam a perna no povo às abertas, o que farão quando estiverem no oculto? Se mentem para ele sem a menor vergonha na cara, como podem sequer ousar dizer que o representarão quando estiverem lá em cima, naquele palanque? Ou devo dizer: palanquim?
Como a sociedade confiará em alguém que nem sequer é sincero quando se dirige a ela? Não podem nem mesmo respeitar àquela que os colocam lá em cima? Neste mar de insanidade e hipocrisia, onde estão os políticos que se negam a rebaixar seu próprio nível em troca de votos e a seguir jogando este jogo de cartas marcadas? Quem é que dará um basta nessa discussão sobre quem dentre os políticos é o "menos pior"?
Não são os políticos que são corruptos, muitos deles (acredito eu) têm as melhores intenções do mundo. Mas o sistema todo é corrupto. Raros são aqueles que estão lá em cima sem o apoio financeiro das empresas e dos bancos - e, portanto, representam a estes, não ao povo que os elegeu. A corrupção começa aí: não são as propostas, a capacidade ou o discurso, mas sim o dinheiro que elege quais partidos e quais políticos terão condições financeiras para fazer sua campanha e concorrer às eleições. Por trás de cada político corrupto há um empresário corruptor garantindo a manutenção de seus interesses. Isso não mudará, não pode mudar sem uma verdadeira revolução, pra mim só quando houver uma auto-organização das pessoas que já se revoltaram, até que elas se tornem cada vez mais forte a ponto de ir substituindo a organização existente.