segunda-feira, 17 de setembro de 2018

TEMPO MOLEQUE

EIS O TEMPO DA SIMPLES FELICIDADE





Você se recorda de quando tinha 9, 10, 11, 12 anos? De uma época onde podíamos brincar, ter momentos repletos de alegria e descontração? Quando a vida ainda não tinha nos presenteado com dinheiro, cartão de crédito e cheque, mas nossas posses nos traziam muito mais leveza e satisfação do que as de hoje em dia. Um tempo em que tínhamos muitos sonhos e nada parecia impossível. Quando ainda estávamos perto de nossos entes queridos, ainda que os achássemos chatos às vezes, mas só com o tempo entenderíamos a falta que alguns deles que já se foram nos faz. Uma época onde se machucar nem era tão ruim assim. Quando ir para escola só era bom porque tínhamos um monte de amigos e tudo era só diversão. Um tempo de descobertas e curiosidades, quando tínhamos um olhar pela vida de entusiasmo e encantamento. A melhor matéria da escola era educação física que tinha desde ginastica ritmica até ping pong. Nosso corpo estava em forma, com vigor e muita energia, mas só teríamos consciência disso com o passar dos anos e os sinais de após um dia de viagem nos sentirmos extremamente cansados. Nosso temperamento era alegre, andávamos em turma e isso nos fortalecia. A tristeza durava pouco tempo. 
No último dia de aula todos assinavam em nossa camisa e passar de ano sem recuperação era a meta de nossas vidas, ou simplesmente não ser reprovado. Mil e uma maneiras inventamos de ”colar” nos dias de prova, isso certamente ajudava a manter nossa mente criativa. Na vida adulta não podemos errar, e com isso muitas das vezes nem tentamos. Aprisionamos uns aos outros com regras que seria bom se não existissem, pois no final das contas não servem para quase nada. Muitos vivem mais a vida alheia do que a sua própria, pois ainda quando você se dedica à sua, parte dela é apoiada na expectativa dos outros e vice versa, então não seria melhor se todos se libertassem? Quando jovens podemos esquecer, nos apaixonar, cair, pois tudo cabe na idade, enquanto com o tempo não temos mais direito às justificativas, pois elas parecem desculpa de perdedor. Porque aos 12 anos ganhar é mais um impulso para participar, e quando mais velhos, as pessoas querem sempre ser os primeiros e são capazes de ir tão longe para isso? Ou isso ou nada.
Ir longe significa não só avançar na idade, mas perder-se nela, pois na vida adulta muitas vezes as pessoas se esquecem de quem são, de quem realmente são. E aí vão para terapia tentar entender o porquê de estar tão tristes, sozinhos, vazios, amedrontados, quando na verdade só estão perdidos de si mesmos. Talvez soltar uma pipa resolva grande parte dos seus problemas. Vamos afrouxar a linha! Podemos ter o controle ou não, mas a beleza da vida está no fluir, e para isso é preciso leveza de mente e de alma. Não podemos perder a capacidade de sorrir, muito menos a de levantar com a certeza de que coisas boas estão por vir, e ainda existem pessoas nas quais podemos confiar. Aos 12 anos quando algo não sai do nosso jeito, nos aborrecemos muito, mas logo arrumamos uma forma de nos distrair, na vida adulta esquecemos as alternativas e as formas de distração porque pensamos que a felicidade só acontecerá se conseguirmos atingir aquela meta, a tal meta que exigirá trabalhar horas aonde não suportamos, fazendo algo que não nascemos para fazer e que deixa nossos olhos sem brilho e o coração angustiado. Ainda existem motivos para sonhar, sempre existirá porque os sonhos não têm idade, nem o amor, nem os momentos de paz. Mesmo que não possamos voltar a ter 9, 10, 11, 12 anos, certamente podemos visitar em nosso íntimo a parte "moleque", que deixamos soterrar pelas preocupações e exigências da vida. Ainda há em nós um lugar sagrado que está esperando ser tocado, regado, para poder novamente saber perdoar, ser mais benevolente, menos severo, menos tenso, mais leve e alegre. Porque a vida passa, e nós passamos com ela, só aquilo que há de belo em nós, não pode passar. E que aos 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90, ou 100 anos possamos ainda manter aquele garoto (a) de 12 pulsando em nós, animando nossa alma, livrando-nos da desesperança e das correntes da vida. E se alguém “tá de mal” com a vida, trate logo de fazer as pazes consigo mesmo. Que todo o impulso para o desconhecido, o vigor, a brincadeira, a paixão e a alegria nos acompanhe pelas estradas da vida, com sol ou chuva.



Nenhum comentário:

Postar um comentário