quarta-feira, 30 de setembro de 2015

OS ARREDORES DO FIM # DIVÓCIO/ SEPARAÇÃO/ APATIA/ ABANDONO

MAIS NO "EU" E MENOS NO "NÓS"


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Antes das brigas e desentendimentos, ocorre uma apatia. É esse o primeiro sinal: ausência de energia, disposição e brilho nos olhos, tudo aquilo que mais estava presente no começo, no estouro da paixão.
Em geral, é um processo que ocorre com ambos, que se olham de modo opaco. Assim eles ficam mais feios um ao outro e menos generosos. Eles se dão menos crédito, não mais se estimulam a crescer, não mais se  admiram.
Conflitos vários, falta de transa, de afeto e estar ausente na presença são só consequências. Sintomas que aparecem bem depois da apatia inicial.
Costumamos achar que o amor morre quando paramos de receber, mas ele já está morto bem antes, quando paramos de oferecer. Tanto é que, para decidir se voltamos ou não, naquelas infindáveis conversas cheias de exigências, achamos que a relação só pode continuar se o outro fizer certas coisas, se recebermos certas coisas, então o acordo se dá assim: “Eu quero receber isso, ok? O que você precisa receber de volta?”.
Quando começamos a culpar o outro pelo nosso próprio sofrimento, pronto, eis o alerta vermelho. Daí para o fim é um pulo.
O antídoto para a apatia não é “manter o fogo”, prolongar a paixão inicial, “apimentar a relação”. Focar no próprio relacionamento, usar a criatividade, explorar fantasias, viajar junto; tudo isso funciona, claro, mas não dá para manter tal frescor por muito tempo. O antídoto para apatia em um casal encontra-se na vida dele e na vida dela, não tanto no próprio casal. Está mais no “Eu” e menos no “Nós”.
Se ele se movimenta de modo positivo, se tem brilho nos olhos, se enriquece a vida dos outros, se anda no mundo com uma visão ampla. Se ela está sempre em desenvolvimento, cada vez mais inteligente, radiante e livre, se dança pelo mundo, se também tem brilho nos olhos e sentido na vida. É isso o que livra o casal da apatia: a energia que eles movimentam por si só, sem o apoio do outro. É essa a energia que eles trazem para a relação, que se multiplica quando vira “Nós”.


terça-feira, 29 de setembro de 2015

NOS RECONHECEMOS NO MORTO

A MORTE DE ALGUMA MANEIRA NOS NIVELA



É curioso como, normalmente, temos tendência a "idolatrar" as pessoas que já morreram. Cansamos de ouvir: "ah depois que morre todo mundo vira santo", como se fosse ruim dar o braço a torcer, como se fosse um mal tentar mudar o olho pelo qual se enxerga a pessoa que faleceu, como se isso fosse algo ruim.
Acho que passa longe disso. Me parece um respiro do tipo "eu sei que você fez muitas coisas que eu não achava legal, que brigamos muito, mas vá lá, você tava dando seus pulos. Era o que tínhamos, cada um tava dando o que tinha pra dar".
É como se admitíssemos que não tivemos serenidade e lucidez para enxergar isso durante a vida. E que a morte do outro nos liberou para amolecer, coisa que, no fundo, desejamos fazer em vida, mas não conseguimos por conta de orgulho, cegueira, raiva etc.
Somos de extremos. A morte de alguma maneira nos nivela e coloca os julgamentos em xeque. Será que vale sustentar a ideia de que alguém precisa cair no nosso agrado para ser respeitada no direito de ser como é?
Talvez com a morte as pessoas se sintam livres da possibilidade de cometer novos "erros" e aí consigam baixar a guarda. Em vida somos covardes para tirar a arma do bolso enquanto o "inimigo" está de pé ameaçando nossa tranquilidade.
Alguém poderia contestar dizendo que o problema não está em humanizar a pessoa. Que o problema está na idolatria repentina causada exclusivamente pela morte. Isso é que causa indignação em alguns.
Desconfio que essa idolatria talvez seja nós mesmos repensando e perdoando nossas próprias fragilidades.
A condição do homem é a finitude ou "memória da morte". É a informação constante de que você vai morrer. Por não sabermos como lidar com essa finitude, quando nos deparamos com o fenômeno morte, sobrevem o estranhamento - estamos vivos e, por isso, um corpo sem vida nos é estranho - e, em muitos casos, a compaixão pelo morto. De forma inconsciente, também experimentamos a admiração por alguém que lutou contra o seu "destino" (destino aqui entendido como a morte em si; salvo exceções, tudo o que fazemos durante nossa existência tem como objetivo nos manter vivos) e perdeu; nos tornamos cúmplices, nos identificamos com a "luta" e a "resistência", nos reconhecemos no morto. Eis porque, governadores, quando mortos, se tornam os melhores governadores da história; porque cantores quando mortos acabam se tornando os melhores cantores da história seja do sertanejo, brega, pop ou rock . Isso, claro, enquanto durarem a catarse e o estranhamento provocados por sua morte.
A morte nos faz perceber como somos frágeis perto dela e que de tudo que construímos durante a vida fica somente as coisas boas, as más (brigas, discussões, desentendimentos) serve para vermos como era pequeno o problema e fácil de se resolver comparado a morte. 
A compaixão com que olhamos para aqueles que já morreram deveria se manifestar também em vida!


*LEIA TAMBÉM




segunda-feira, 28 de setembro de 2015

REI E RAINHA DO MAR * BEACH BIATHLON # EU FUI !

APAIXONADA PELO ESPORTE - NO ESPORTE TAMBÉM COMO NA VIDA

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O Rei e Rainha do Mar é um evento carioca, que nasceu e se estabeleceu na cidade maravilhosa. É reconhecido como o maior festival de esportes de praia do Brasil (aconteceu no último domingo a 2ªetapa 2015 em Copacabana)
O evento começou sendo exclusivamente de natação, hoje conta com provas como a Beach Run, corrida 100% na areia, e o Beach Biathlon, para aqueles que não se contentam em só correr ou só nadar, querem nadar e em seguida correr na mesma prova (essa foi o meu caso - a modalidade que participei). Além disso, reúne provas de Stand Up Paddle, que virou sucesso nos últimos anos.
Não gosto de encarar nenhum desafio esportivo como uma disputa e sim como uma grande festa. Não participo para competir com ninguém, por isso consigo curtir as coisas e me divirto a cada momento até o fim. Nos desafios que me proponho a realizar já fico feliz em conseguir completar, meu negócio é chegar bem e feliz da vida. Por vezes ainda consigo inesperadamente alguma classificação expressiva, de que também muito me orgulho (nessa prova belisquei um 3° lugar faixa etária 45-49 anos).
Na verdade o principal desafio de qualquer esportista seja ele amador ou atleta, seja lá o que for aquilo a que se dedique, é buscar o autoconhecimento. Essa é a maior busca de todo homem em sua vida. Saber do que é capaz, estar consciente de suas limitações. Até pra não se colocar em maus lençois. 
Por exemplo, numa competição como essa em que você nada e corre, competir no mar é diferente de uma corrida, onde se a pessoa se sente mal, senta e chama o socorro. Competir no mar também é diferente da piscina, a onde você tá acostumado a treinar, principalmente porque uma prova nunca é igual à outra, mesmo quando é realizada no mesmo local. Além disso, estamos sujeitos ao frio, correnteza, cotoveladas, chutes, câimbras, etc. E também porque na piscina não podemos entrar todos juntos na água, como uma verdadeira avalanche humana, como acontece no mar. Deve-se estar preparado para encontrar condições adversas. Ou seja, cada prova é uma prova, e o nosso corpo nem sempre nos responde da forma que desejamos. 
Na vida, também, quanto mais lúcido e consciente dos desafios a enfrentar maior as chances de sucesso de superá-los um a um, tranquilamente e com o pé nas costas. No esporte assim como na vida!

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sábado, 26 de setembro de 2015

O PROBLEMA DO SILÊNCIO

O SILÊNCIO EMOCIONAL DESTRÓI E CONSOME, ELE SORRI ENQUANTO VOCÊ SOFRE


O maior desafio da saúde mental é fazer com que as pessoas falem – parar com o silêncio. O silêncio é autodestrutivo. O silêncio sorri enquanto você sofre.
Silêncio não é coragem, no que diz respeito à saúde mental. O silêncio nos isola. 
A REGRA DE OURO é falar. Expressar mais aquilo que você sente e não se aprisionar tanto nos seus pensamentos pode ser um alivio, cada dia uma vitória. Talvez você tenha associado sua identidade usual com um conjunto de comportamentos pouco aceitáveis e você não tem outros referenciais positivos disponíveis. Se essa identidade não te ensinou a entrar em contato com esses sentimentos e expressá-los de modo saudável, você pode entrar numa terrível sinuca.
Isso não é uma doença, é um obstáculo – e dos mais comuns. Simplesmente porque ninguém nos ensinou diferente – claro, falando em relação aqueles que tem essa dificuldade em expressar aquilo que sente – essa formação usual tóxica nos treina pra sermos controlados, firmes e fortes. Melhor dizendo, treina para *aparentarmos* sermos sempre assim, o que não quer dizer que todo tipo de emoção turbulenta não esteja explodindo em nosso interior, quase como um vulcão.
Muitas pessoas se tornam experts em não demonstrar sentimentos, mesmo quando estão quase explodindo de raiva/tristeza/tensão/medo/dúvida/desânimo.
E de tanto treinar manter essa couraça, essa aparência de controlados, acabam se desconectando dos próprios sentimentos e emoções. Fica até difícil reconhecer o que se quer expressar quando o modo padrão é não expressar, é só "peitar e resolver".
O silêncio destrói e consome. É um grande problema não conseguir "explodir" nunca, apenas acumular mais "pólvora" na bomba. 
Então preste atenção, você pode melhorar a vida ao finalmente se permitir conversar sobre as coisas. Passar de um estado em que internaliza tudo, incluindo talvez uma ansiedade social, uma depressão ou um outro sofrimento, ao ponto da total instabilidade, para um estado de maior calma, maior saúde e mais estabilidade. Você pode melhorar dando pequenos passos em direção a uma maior abertura sobre como se sente. 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A SUPER AMÉLIA

AMÉLIA OU NÃO AMÉLIA 


Primeiro que, vamos combinar, a luta da jornada carregada não é novidade. Faz algum tempo que muitas mulheres estão lutando entre trabalhar pra caracas e chegar em casa, cuidar das crianças, da louça, do cabelo, da unha, do marido. Tem que fazer tudo, e fazer tudo direito.
O que aconteceu foi que tentaram se livrar de um estereótipo e se prenderam a outro. Mulher perfeita e de sucesso, invejável, é aquela que engrossa a voz onde trabalha, ganha uma grana preta, viaja, compra o que quer, não sabe a diferença entre alvejante e água sanitária e não, não quer ganhar um liquidificador de presente.
Não é a sociedade, os homens que estão confusos (querendo uma mulher que seja perfeita profissionalmente e ainda tenha os dotes estereotipicamente femininos dos afazeres da casa). Nós estamos, gravitando entre duas possibilidades: a Amélia e a mulher-macho, a cara,  que rejeita a Amélia com todas as forças.
Mas a real é que não é Amélia ou não-Amélia. Não é masculina ou feminina. Vamos nos encontrar na escala que existe quando nos libertarmos de verdade das referências estereotipadas.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

QUERENDO NÃO QUERER

E QUANDO NÃO SE QUER NADA?

Como havia suposto no final do post anterior, você poderia perguntar: "E quando não se quer nada?"
Quando alguém diz: "não quero nada" é provavelmente, porque não tem nenhum objetivo de vida, nenhum plano traçado. Não faz questão de ter família (mulher ou filhos), também não existe um determinado tipo de carreira que almeje, não deseja deixar sua marca no mundo (ou qualquer tipo de legado), nem ter uma aposentadoria confortável (pra ele viver até os 55 tá bom), não tem nenhuma paixão... Gosta de muitas coisas sim, mas eu diria que são como bens substituíveis e há o agravante de se entediar facilmente, logo muda constantemente de mulheres, opções lazer e trabalho. 
Fazendo a analogia aos eus, é como se não tivesse um capitão, ou que ele estivesse dormindo com ressaca no convés, assim se um fala "olha a loira" e o outro "nossa que ruiva" a sorte acaba decidindo, com a que passar pela frente antes. Isso acarreta em sempre optar pelo mais fácil,  por não fazer grande diferença entre uma coisa e outra, nas poucas vezes que acontece da pessoa pensar em realmente querer algo, ela até se esforça, mas dá 2 horas ou 2 dias a vontade passa e a coisa fica normalmente inacabada.  O grande barato é continuar sempre a querer. Sua recompensa não é obter nada. 
O tédio e a dificuldade de chegar até o fim costuma ser próprio de pessoas extremamente voltadas pra si próprias. Pessoas assim costumam ter objetivos frouxos na vida e trocam de interesse como mosquito muda de montinho de lixo, porque a busca pelo prazer é o único propósito.
Logo a vontade de não passar dos 55 anos de idade, como exemplifiquei, seria para não encarar a decrepitude natural da vitalidade. Não ter responsabilidades é uma forma de não se frustrar por nada... Para eles é tão difícil ser ferido que ele prefere nem se mover, qualquer ação afronta seu ego frágil e despreparado.
O desânimo surge como auto sabotagem, mas o desânimo, também, é só mais um jogo da sua mente quando precisa fazer algo que dá mais trabalho e manter você num lugar gostosinho, sem esforço, mas sem resultado.
Portanto, começar a agir é o primeiro passo do processo! Imagine sempre que vai entrar numa trilha longa, atravessar um deserto sem aplausos, vai se sentir cansado e, no entanto, tem que seguir em frente pois seu objetivo é maior que sua necessidade de ser autoproclamado majestoso.


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O "EU" É UM "NÓS" BEM COMPLEXO

"MAS EU QUERO!"

"Quero fazer tal coisa, mas não consigo!"
Quando alguém olha pra mim e diz essa frase, sinto nitidamente que há duas pessoas dentro de uma. Eu já tive essa sensação algumas vezes na minha vida. Com base na psicologia, digo que o "eu" sempre é um "nós" bem complexo.
Ilustrando...
É como se nossa personalidade fosse uma embarcação de tripulação imensa, e que cada um gostaria de assumir o leme do navio e o levar para a direção que ele quiser, excluindo os outros presentes. Muitas vezes nossa identidade central se torna refém de um grupo mais forte de vozes que se apropria do leme e muda o rumo do navio para onde querem, por ser mais gostoso.
Vamos tomar uma situação típica de desilusão amorosa: o sujeito se encanta pela garota, se apaixona, mas o caminhar da situação não desemboca no destino que ele queria. Ele não passa de algumas ficadas. Ele quer se desapegar daquela menina pela qual se apaixonou, mas não consegue.
Houve uma divisão de vontades na embarcação. Uma parte acha que ele deve deixar a garota de lado, mas a outra adora devanear em sonhos e planos encantados onde tudo ali é perfeito: conversas, celebrações, ideais e planos. Tudo imaginação megalomaníaca, mas quem liga para isso?
Eis o impasse. Se as duas partes querem e as duas têm propriedade no que falam, qual delas será ouvida pelo capitão do navio?
Vai depender do nível de maturidade geral de todos tripulantes. Se for interessante que toda a tripulação faça um esforço extra para remar com mais empenho até chegar à praia do desapego, ele vai conseguir direcionar gradualmente seus esforços para sua própria vida e seguir em frente.
No entanto, se for uma tripulação preguiçosa, (mal-)acostumada a receber tudo de bandeja, crente que a felicidade é resultado do acaso ou de atos mágicos, tudo será mais difícil. Essa tripulação orgulhosa de si não aceitará sair por baixo da situação e, para reaver o senso de masculinidade do garoto, irá ancorar todo futuro numa fantasia muito distante.
Enquanto ele sonha com o ideal da mulher perfeita que gostaria de ter nos braços, sua vida ficou parada e exigiu pouco de todos os navegantes. É menos trabalhoso acusar a má sorte, o destino ou o nariz empinado da menina do que assumir que ele simplesmente não foi o eleito da vez e não há nada de errado ou mesmo de incomum nisso. Se quiser algo de verdade, precisará negociar com a voz orgulhosa de sua tripulação e pedir para que o libere de sair por cima.
Ele ficará paralisado enquanto enxergar uma vantagem no aparente sofrimento passivo do rapaz, especialmente em contraponto ao sacrifício de seguir em frente para novos desafios e potenciais novas frustrações.
Ou seja, quando ele diz "não consigo", na realidade ele não quer abrir mão das vantagens de permanecer passivo naquele suposto sofrimento.
"QUERO emagrecer", "QUERO satisfação profissional", "QUERO um novo amor, mas não consigo!"
Besteira! Bobagem! Balela!
Na verdade você quer querer, ainda não quer de fato. Você não quer deixar de comer bobagens, não quer se aperfeiçoar, ousar e brigar pela carreira desejada e não quer se aprimorar, se tornar companhia agradável e proporcionar boas experiências para o candidato.
Ou seja, não quer fazer o trabalho duro, silencioso, que dá resultados a longo prazo, sem alardes, sem recompensas imediatas, sem prazer sem fim e sem aplausos constantes. Em essência, não quer sair da infância emocional.
Há muitos marmanjos crescidos por aí brigando com suas vontades imperativas de crianças mal-acostumadas a comer só o que gostam, acordar na hora que quiserem e conviver com puxa-sacos que idolatram seus resultados medíocres. Vivem sem contrariedades em berço esplêndido.
O escritor Rubem Alves bem definiu a personalidade humana, dizendo que ela mais parece uma pensão. Consenso interno nunca existirá em um lugar assim.
Entre o querer e a concretização existem alguns anos de prática em negociação interna confrontada com uma realidade que não barganha com pequenos príncipes.
Esses imperadores sem reino vão passar a vida inteira querendo, querendo, querendo, mas não conseguindo nada, iludidos, dançando em uma festa imaginária ao som de uma música que só toca na cabeça deles.
...
Depois de ler tudo isso pode vir a seguinte pergunta a sua mente: "E quando não se quer nada?"
Bem, isso vai ter que ser assunto para o próximo post! 


sábado, 19 de setembro de 2015

SAUDOSISMO ANALÓGICO

SAUDOSISMO ≠ INSATISFAÇÃO COM PRESENTE

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Pelo menos a maioria de nós vê o passado como uma época tranquila e amena, sem problemas ou com problemas menos complicados que os que temos hoje. Se você é saudosista saiba que num futuro não muito distante vai ter saudades do momento que está vivendo agora. É um círculo vicioso. Não é raro flagrarmos nossos pais ou avós dizendo coisas como “no meu tempo é que era bom” ou flagrarmos a nós mesmos sentenciando que “éramos felizes e não sabíamos”. Essa nostalgia que temos ao lembrar de coisas da nossa infância, sempre existiu e a próxima geração vai sentir falta de algo também, e a próxima, e a próxima, pois nós ainda somos os mesmos e nossos filhos serão os mesmos.
Uma coisa que eu percebo é que com essa "instantânealização" de hoje parece que tudo que vem rápido, se vai com a mesma intensidade. O mundo digital deixou certas coisas pasteurizadas, frias e insossas. 
"Nascido e criado" na era analógica, ao migrar para o mundo digital confesso que tive uma certa resistência. Mas, fato é que, não há pra onde correr, é complicado, hoje, viver off-line. Hoje vivemos uma luta constante para sermos senhores do nosso próprio tempo. Me considero, na verdade, parte de uma geração privilegiada, que apanhou a transição entre o mundo analógico e o digital, e por isso às vezes me acometem uns rompantes românticos de fuga ao passado.
Talvez você ache um saco esse pessoal que tem saudades de fita k7, disco de vinil, internet discada...celular startac...seleção de 94...
Mas na minha opinião, há uma distinção entre saudosismo e a insatisfação com o presente.
É comum olhar para o passado e pensar que tudo foi bom, afinal, tudo já passou e você não precisa mais vivê-lo, só lembrá-lo com o enfoque que seus sentimentos quiserem dar no momento. Dessa forma, se num momento você lembra do passado como algo feliz e cria o desejo de voltar, num outro instante você pode lembrar tudo o que fez de ruim com sentimento de culpa.
Portanto não se trata da realidade passada ter sido ou não realmente muito melhor. Se trata da sua percepção dela. 
Ser saudosista é diferente de estar insatisfeito com presente. Comparar o passado com presente, valorizando o passado não se trata de estar insatisfeito hoje, é só uma análise de como se tornou o presente. Por exemplo, ter acesso a informação a todo instante, será que isso é realmente bom? Ter 120, 200, 300, 1000 pessoas no bolso... será que é realmente útil e proveitoso?
Estamos na era da produtividade, do render mais... e cada vez mais cedo as pessoas estão recorrendo a auto-ajudas: formas simples e supostamente eficazes de se conseguir os "como"s da vida, sem precisar da ajuda de terceiros. Cada um cria a si mesmo e o seu limite é o mundo. Mas o mundo é muito grande, as possibilidades são, por assim dizer, infinitas, e o ser humano, com seu cérebro primitivo, não é bom em fazer escolhas.
Resultado: Uma geração de jovens perdidos sem saber o que querem da vida, tentando entender o que deveriam querer...
A tecnologia tem seus pontos positivos e negativos. Curamos muitas doenças, mas trouxemos o agravamento ou melhor, atualizamos muitas outras. Ansiedade, a incapacidade de estar sozinho, depressão, nervosismo. E assim segue...
No mundo de hoje preferimos não sair de casa, e se não saímos de casa, acabamos por recorrer a tecnologia (por ser mais fácil e mais "seguro"), e dessa forma criamos uma bolha ilusória de uma suposta "vida perfeita"... enquanto isso, a vida real passa e ficamos mais e mais dependentes dessa bolha...
Isso mostra que algo está errado na nossa forma de vida atual. Estamos criando bolhas de isolamento... mas aonde isso vai parar?
É certo que todas as eras da humanidade tem os seus problemas, mas no final, mesmo criando problemas, apesar de tudo, o ser humano tem a capacidade de se adaptar a qualquer situação, e esta não, creio que, será diferente.  

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O MELHOR ROCK IN RIO (1985)

O MELHOR DE TODOS OS TEMPOS!  # 30 ANOS


Como hoje começa mais uma edição do "Rock in Rio", eu gostaria de falar sobre a primeira e, na minha opinião, a melhor edição de todos elas, realizada em 1985. Por que eu digo isso? Antes deste festival, era raro o Brasil receber grandes nomes da música.
Mas, de repente, é anunciado um festival no Rio de Janeiro, com a presença de nomes como Iron Maiden, AC/DC, Rod Stewart, Queen, Yes, Ozzy Osbourne, Scorpions, James Taylor, entre outros. 
Fora isso, o rock nacional estava em alta. Entre 82 e 84 surgiram bandas comoBarão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Blitz, Titãs e Kid Abelha, aparecendo com destaque em rádios e programas de TV. 
Tá certo que já tínhamos nesta primeira edição nomes que nada tinham a ver com o rock, o que seria uma marca registrada do "Rock in Rio" e que a cada edição parece piorar. Em 85, por exemplo, tivemos Ivan Lins, Elba Ramalho, Moraes Moreira e Alceu Valença.
Podemos dizer que o Brasil vivia na infância do show business quando o Rock in Rio surgiu, há 30 anos. Hoje, olhando para as imagens do que foi o primeiro Rock in Rio, há 30 anos, fico pensando: como conseguiram? como abastecia de comida tanta gente? como o trânsito fluía?  
Me lembro que em 1985...internet não era nem imaginada nessa época, as informações chegavam no Brasil com 10 anos de atraso... ouvíamos falar de algumas bandas internacionais, mas não ouvíamos tanto as bandas ...comprar um disco (um LP) era caro... camisetas de banda você tinha que pintar a mão, não existiam para vender. O rock era bem genérico ninguém sabia bem naquela época diferenciar os tipos, era meio que tudo misturado na cabeça das pessoas.
30 anos se passaram. Com certeza, a primeira edição do Rock in Rio foi inesquecível!!!!
Do mesmo jeito que jamais terá um novo Wood stock, porque a época jamais se repetirá, é improvável que esse primeiro um dia seja superado. Igual ao de 85? acho impossível mesmo! Desde o que tocou no festival até o clima, tudo, é impossíveis ser replicado, típica coisa que só os pioneiros conseguem. De qualquer forma o festival é gigantesco e de muito respeito, muito legal ver mais uma edição acontecer. 
Hoje é dia de rock bebe!

Rock in Rio (11 a 20 de janeiro 1985) - Cidade do Rock
AS ATRAÇÕES DE CADA DIA


 NOS IDOS DE 1985...
UMA REPORTAGEM DO PRIMEIRO DIA DO PRIMEIRO ROCK IN RIO 




quinta-feira, 17 de setembro de 2015

CRENÇA ALIENADA

RELIGIÃO: HUMANO OU DIVINO?


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"A alienação é a diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar ou agir por si próprios”. 
A alienação é a incapacidade, diria eu, de perceber que entre você e a realidade existe uma percepção. Ou seja, a realidade é apenas algo que pode ser mudada, pois podemos repensar como pensamos.
Para que haja a desalienação ou a conscientização para se criar um significado, é preciso criar um espaço de percepção sobre o que é vivido.
Não haverá significação sem a percepção, pois dar um significado exige que você pense com a sua própria cabeça diante da realidade que se apresenta.

Este texto não é sobre Deus ou fé. É sobre a criação de religiões, algo que é muito mais humano do que divino – e sempre há confusão entre o que é do homem e o que é do divino.
O ponto central do texto não é criticar a religião, ela é um suporte importante e não é necessariamente ruim (digo isso pensando nas guerras santas que acompanham a humanidade). O impasse está no excesso de passividade que se assume e dá entrega na mão de outras pessoas pelo seu bem-estar.
Sei bem dos benefícios da religião e da vida religiosa. Só estou tentando abrir espaço para evidenciar os mecanismos psicológicos que estão na base de qualquer grupo, essa fórmula mágica que pode ser usada por seitas, religiões, partidos políticos, agremiação de bairros, times de futebol, empresas e, pasmem, a minha família e talvez a sua. É um modelo generalizado que se difundiu e que funciona porque é baseado nos sentimentos de culpa, medo, mérito e sacrifício.
O ser humano é contraditório. Fazendo uma análise com base no cristianismo, Deus nunca disse que deveríamos nos dissociar em religiões; teoricamente, isso não o agrada, mas o homem insiste em nos separar em clãs e em espalhar o ódio em razão das diferenças, como se fôssemos criaturas completamente diferentes – como se não tivéssemos todos “vindo do pó para voltar ao pó”. Quero frisar e reiterar que não estou aqui contra uma religião específica, mas é surreal andar por um bairro e ver a quantidade de igrejas totalmente diversas, uma querendo ser maior que a outra. Por que, se é tudo pro mesmo Deus?? Isso realmente aliena. Certamente você conhece alguém (que conhece alguém) que faria qualquer coisa por seu líder religioso – homens adorando homens, que heresia! É tanta contradição que, as vezes, tenho a impressão estranha de que  Deus e religião são como água e óleo. Sim, não consigo me enquadrar na religião, sempre há um quê, mas sou totalmente fervorosa da crença em Deus que te faz querer melhorar a cada dia, sem deturpações, interpretações burras ou charlatanices, afinal, não é preciso ser um completo imbecil para acreditar em algo divino e superior a você; é apenas uma questão pessoal e de fé, nada mais.
Como um alerta para não "religionarmos" tudo. Temos essa mania de criar uma aura religiosa em tudo o que fazemos como afinco, o problema de endeusar, é que o mecanismo mental que rege a benção também o faz com a punição. O mecanismo de recompensa mental é o mesmo que oprime nossa mente. E isso está bem longe do que se pretende entender por Deus.
Não acho que nem o ateísmo e nem o teísmo seja uma vida garantida de lucidez. Existem cegos em qualquer posição. O questionamento que fiz no texto é da passividade com que nos entregamos à esses mecanismos primários de recompensa-punição, culpa-vitória. Entende?
Não tenho uma ideia do que seria algo realmente saudável, mas posso dizer que qualquer sujeito com um pouco de disposição pode causar mais prejuízo do que benefício ao arrastar pessoas vulneráveis num caminho de alienação e pouco entendimento da vida.

O JUGO DA COMPARAÇÃO

SÓ PODEMOS NOS COMPARAR COM UMA PESSOA: A PESSOA QUE ÉRAMOS ONTEM

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Precisamos nos lembrar de onde viemos e quem somos de verdade, porque é a vontade de ser igual aos outros que nos bloqueia de trilhar nosso próprio caminho. Quantas histórias de pessoas que, mesmo com os médicos dizendo que jamais voltariam a andar, continuaram seus passos lentos e foram capazes de conquistar o que antes era impossível?
Reconhecer que todos possuem um diferente potencial, capacidade e um caminho próprio para trilhar, é imprescindível para sair do lugar. Uma vez conquistada essa primeira etapa, devemos lembrar que o mundo não é uma corrida, onde tentamos chegar em primeiro lugar. É frustrante acordar todos os dias e ter que se comparar com a pessoa ao lado, só podemos nos comparar com uma pessoa: a pessoa que éramos ontem. Nesse caso, não existe estagnação. Ou você está melhorando ou está piorando.
Quando a gente se livra do jugo da comparação, alcançar os objetivos pessoais se torna uma tarefa muita mais leve e prazerosa. Entendendo que precisamos superar nossos limites e que o meu maior oponente sou eu mesmo.
Então é melhor assumir seu egoísmo e escolher a si mesmo, do mesmo modo que fez, por exemplo, um atleta paraolímpico. Quando um atleta paraolímpico cruza a linha de chegada, ele escolheu a si mesmo, ao invés de se afundar com o olhar dos outros. Da mesma forma quando um homem larga tudo para ser mais feliz e seguir seus sonhos, ele está escolhendo  a si mesmo, ou quando um sedentário levanta do sofá pela primeira vez, disposto a ir ao parque caminhar, ele está dando o primeiro passo para uma mudança que o leva, sobre tudo, a encontrar-se.
 Podemos nos culpar o tempo todo e dizer que o mundo não é como gostaríamos, que quando nos demos conta, já estava gordo demais, velho demais, cansado demais. É certo que a gente não muda o nosso mundo do dia pra noite, mas a ideia do dia pra noite reforçada diariamente nos ajuda a concluir qualquer meta de longo prazo. 
Se você tiver alguma dúvida e precisar avaliar o quanto tem progredido durante a sua jornada saiba que todo progresso é medido em relação a algum ponto de comparação (que deveria ser você mesmo). Se você está se medindo em relação a você mesmo, é quase impossível que esteja estagnado, mesmo que não consiga ver esse progresso. Só o processo do seu corpo se mover em alguma direção com algum propósito, faz com que ele melhore mesmo que imperceptivelmente.
Do ponto de vista estratégico, eu consideraria dois fatores: Qual próximo do que eu quero chegar eu estou e, quão feliz estou buscando o que quero chegar?
Se eu estiver mais longe do que pretendo mas buscar esse caminho mesmo sem ganhos tão marcantes, me deixa feliz, acho ultra positivo. Do mesmo jeito, se estou alcançando o que pretendo, mas não estou feliz fazendo aquilo, não faz sentido continuar.
No meu ponto de vista, tudo vai de onde quero chegar e o quanto aquilo me faz feliz. 
Somos feitos de alguma coisa que temos profundamente dentro de nós... um desejo, um sonho, uma visão. Nada fora disso!

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terça-feira, 15 de setembro de 2015

SONO ROUBADO

EVITE SEMPRE QUE POSSÍVEL TER O SEU SONO ROUBADO

Seja por necessidade ou falta de atenção, a gente dorme muito menos do que deveria, é como se o nosso sono fosse roubado todo dia um pouquinho.  Eu mesmo perco algumas horas do meu sono escrevendo posts de blog, não tenho prazo, não tenho chefe e também não sei se isso poderia me configurar como maluca. Mas fato é que eu acho que ninguém – ninguém mesmo – dorme o suficiente,  mesmo as pessoas mais organizadas algumas vezes precisam encarar o fato de que um trabalho vai demandar mais tempo para chegar ao fim do que o número de horas que ainda restam no diaEsse problema com o sono causa acidentes fatais nas estradas, prejudica o desempenho no trabalho, as crianças sofrem na escola. O mau-humor impera. Parece que nosso cérebro encolhe. 
Pior, acabaram-se os dias de contar ovelhas; letargicamente tem uma legião seguindo para os remédios sob prescrição (e/ou óleos essenciais). E o café? Ele pouco funciona. Estamos todos loucamente cansados. 
Quando estudei a disciplina de psicologia histórica na faculdade tive conhecimento que o sono, como o conhecemos – e que eu sempre via apenas como uma função biológica inata – é também um hábito social, aprendido. O sono é político. As culturas ao redor do globo dormem de formas diferente. O fato em si, não tinha  nada de tão surpreendente, mas eu nunca tinha parado pra pensar assim, nesses termos de que tudo é relativo, isso sim me surpreendeu. O curioso é que acostumamos a pensar o mundo como se tudo que consideramos como hábito e/ou comportamento "normal" fosse natural e não uma construção nossa.  

(*Abrindo um parêntese > não posso deixar de dizer, aqui, que estudar essa disciplina foi muito importante, foi uma grata surpresa, porque ela remete sobretudo ao entendimento da relatividade dos costumes e normas sociais e sua transformação através do tempo, de acordo com o contexto social, político e econômico. O que me ajudou a entender, de uma vez por todas, que não há uma natureza humana essencialmente estável, mas que o ser humano se modifica ao longo da História, mostrando características novas e novas espécies de comportamento enquanto o tempo passa. Esse entendimento foi como uma lupa diante de meus olhos, senti que minha visão de como se constituía a sociedade e o ser humano era míope e me convenci que deveria urgentemente começar a rever meus conceitos e, dessa revisão, surgiu, então, a conclusão resumida de que nós somos seres cuja realidade é essencialmente histórica e cuja conduta produz e reflete mudanças no ambiente social em que vivemos)

A prática de desligar os olhos, como muito dos nossos costumes, tidos como tão naturais, também foi ajustada aos padrões profissionais e familiares (sem falar de inovações na iluminação). Acredita-se que o sono de oito horas seja o subproduto da Revolução Industrial e das práticas de padronização do trabalho que então seguiram. 
Porém cada vez menos pessoas trabalham em um emprego como naqueles moldes. 
Outro dia no fantástico estudos sugeriam que os dias escolares começando mais tarde, especialmente para adolescentes, causa alunos mais descansados e mais focados, e também mostrou que em algumas escolas, mundo a fora, baseada nesses estudos,  já estão adotando esse critério e determinando que o início do turno diurno seja um pouco mais tarde que o habitual.
Enquanto o complexo de arranjos sociais e temporais muda, nós adultos seguimos aderindo aos velhos ideias de sono das 23hs às 7hs, e talvez seja por isso que estamos sempre tão exaustos. 
Não estou de forma alguma negando que o cobiçado sono de oito horas sem interrupção não nos deixe alerta, mas estou sugerindo que é importante começarmos a pensar em outros modelos que nos façam nos sentirmos bem e que sejam compatíveis com nossas estruturas de trabalho e familiares em constante mudança. 
Em vez de nos enchermos de calmantes e estimulantes, precisamos pensar uma forma nova de descansar, porque dormir pouco  causa todo tipo de efeitos prejudiciais em nosso corpo e mente, e por isso é algo que devemos evitar sempre que possível.