quarta-feira, 9 de setembro de 2015

MUNDO VIRTUAL

OS "TIQUES AZUIS" DO WHATSAAP


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Quando o Whatsapp soltou a atualização que avisava com o recebimento de sinais distintos a chegada das mensagens enviadas, gerou revolta internet a fora. Dali em diante, além de dizer quando a mensagem chega ao servidor (com um sinal) e é entregue ao aparelho (dois sinais), os desenvolvedores incluíram uma notificação de leitura (dois sinais azuis).
Não bastando os estímulos visuais, o programador passou a inserir também informações que incentivam a cobrança entre os próprios usuários, estimulando uma pressão social baseada em constrangimento, para que demoremos menos em nossas respostas e a utilização destes programas seja cada vez mais intensa.
Não é à toa que praticamente todas as ferramentas avisam quando uma mensagem foi visualizada, ou apontam o último horário que você foi visto online. Nesse cenário de informações e cobranças, quem envia a mensagem sente-se deixado no vácuo, e aquele que recebeu, sabendo que estas informações existem, acaba pressionado para responder o quanto antes. Ansiedade e frustração surgem de ambos os lados.
As opiniões sobre o assunto, na época, se dividiram entre os que acham a funcionalidade positiva, apontando a obrigação do outro respondê-lo: “agora quero ver a desculpa por não responder”, e os que acham isso completamente invasivo e desnecessário. Principalmente se existir questionamento pela falta de resposta.
A princípio, não existe, por motivo algum, obrigação na resposta de uma mensagem. Por que não entender a liberdade de escolha das pessoas em responder ou não, sem questionar ou exigir algum tipo de esclarecimento? Você poderia pensar que esse é um sentimento que apenas aponta o óbvio: achamos que somos mais importantes do que realmente somos.
Para alívio de ambas as partes, é prudente assumir que ninguém deve pressionar uma interação. Que, se faltou resposta, o fato não deve soar como agressão, já que o respeito na amizade vai além destas efemeridades, e se sustenta – ou deveria – no prazer da troca legítima.
Você observando como alguns se sentem nestas situações, pode chegar a conclusão que isso tudo é carência e necessidade de atenção, que choramos como crianças que desejam atenção. E que temos que entender e aceitar que naquele momento aquela pessoa não pode ou simplesmente não quis falar conosco.
E tudo bem.
Agora, pelo outro lado, vejamos o motivo central que de fato me levou a escrever esse texto, os "tiques azuis" do whatsapp. Se por um lado reconheço que há o interesse das empresas que seus usuários desfrutem cada vez mais dos seus serviços, acho que esse aviso de "lido" representa sobretudo a tentativa de reproduzir de forma fiel uma comunicação no mundo real. O Whasapp é quase isso, se for parar pra pensar, quando estamos numa conversa com alguém, estamos a apenas um objeto de estar frente a frente com ela: dois aparelhos celular. Ou mesmo estamos quase como em uma ligação telefônica: um interagindo em tempo real com o outro. Fazendo uma comparação com essas conversas no mundo real, você não acha razoável para o emissor saber que seu o receptor captou a mensagem? Quando você conversa com alguém cara a cara, ou mesmo no telefone, não tem um feedback imediato de que o que você acabou de falar foi entendido? Face a face, geralmente olhamos no olho do outro, ou balançamos a cabeça, ou concordamos verbalmente (ou mesmo discordamos se for o caso). No telefone produzimos sons como "Uhm". Isso viabiliza o elemento básico da comunicação: o canal aberto por onde passa a mensagem. Sem ele, estamos diante de um email, por exemplo. No email não há qualquer expectativa de comunicação em tempo real. Você recebe, fica quieto, e responde quando/se quiser/tiver tempo. E isso não torna ele um meio de comunicação ruim, é apenas diferente, com outro propósito. Na nossa analogia aqui, ele seria como uma carta no mundo físico, você recebe, pode dar ou não o aviso de que recebeu, e responde quando for conveniente, com outra carta. A partir do momento em que estamos em uma conversa do tipo "chat", o normal é estar exposto a seu interlocutor, pois essa é a essência desta conversa. Se você perguntar as horas pra alguém que está na mesa ao lado, o que você espera? Que ela olhe na sua cara por um segundo e depois volte a fazer as coisas dela? Ou que ela lhe dê uma resposta? Não precisa ser uma resposta contendo a hora certa (como no Whatsapp você não precisa resolver a questão que lhe perguntaram na hora), você pode receber também uma resposta do tipo "aguarde que vou olhar aqui e já lhe digo". Basicamente, se saiu na chuva, é pra se molhar. Quando você começa uma conversa com alguém (ou alguém começa com você), seja pessoalmente ou virtualmente, você terá que lidar com isso usando o bom senso e as convenções sociais. Se quiser ignorar, vá em frente, ninguém vai te obrigar, mas vamos combinar que se o intuito é justamente se utilizar do app para se manter perto das pessoas, porque e pra que  tê-lo se você não se dá ao trabalho de responder? Além de contraditório, isso pode parecer falta de educação. 

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