terça-feira, 15 de setembro de 2015

SONO ROUBADO

EVITE SEMPRE QUE POSSÍVEL TER O SEU SONO ROUBADO

Seja por necessidade ou falta de atenção, a gente dorme muito menos do que deveria, é como se o nosso sono fosse roubado todo dia um pouquinho.  Eu mesmo perco algumas horas do meu sono escrevendo posts de blog, não tenho prazo, não tenho chefe e também não sei se isso poderia me configurar como maluca. Mas fato é que eu acho que ninguém – ninguém mesmo – dorme o suficiente,  mesmo as pessoas mais organizadas algumas vezes precisam encarar o fato de que um trabalho vai demandar mais tempo para chegar ao fim do que o número de horas que ainda restam no diaEsse problema com o sono causa acidentes fatais nas estradas, prejudica o desempenho no trabalho, as crianças sofrem na escola. O mau-humor impera. Parece que nosso cérebro encolhe. 
Pior, acabaram-se os dias de contar ovelhas; letargicamente tem uma legião seguindo para os remédios sob prescrição (e/ou óleos essenciais). E o café? Ele pouco funciona. Estamos todos loucamente cansados. 
Quando estudei a disciplina de psicologia histórica na faculdade tive conhecimento que o sono, como o conhecemos – e que eu sempre via apenas como uma função biológica inata – é também um hábito social, aprendido. O sono é político. As culturas ao redor do globo dormem de formas diferente. O fato em si, não tinha  nada de tão surpreendente, mas eu nunca tinha parado pra pensar assim, nesses termos de que tudo é relativo, isso sim me surpreendeu. O curioso é que acostumamos a pensar o mundo como se tudo que consideramos como hábito e/ou comportamento "normal" fosse natural e não uma construção nossa.  

(*Abrindo um parêntese > não posso deixar de dizer, aqui, que estudar essa disciplina foi muito importante, foi uma grata surpresa, porque ela remete sobretudo ao entendimento da relatividade dos costumes e normas sociais e sua transformação através do tempo, de acordo com o contexto social, político e econômico. O que me ajudou a entender, de uma vez por todas, que não há uma natureza humana essencialmente estável, mas que o ser humano se modifica ao longo da História, mostrando características novas e novas espécies de comportamento enquanto o tempo passa. Esse entendimento foi como uma lupa diante de meus olhos, senti que minha visão de como se constituía a sociedade e o ser humano era míope e me convenci que deveria urgentemente começar a rever meus conceitos e, dessa revisão, surgiu, então, a conclusão resumida de que nós somos seres cuja realidade é essencialmente histórica e cuja conduta produz e reflete mudanças no ambiente social em que vivemos)

A prática de desligar os olhos, como muito dos nossos costumes, tidos como tão naturais, também foi ajustada aos padrões profissionais e familiares (sem falar de inovações na iluminação). Acredita-se que o sono de oito horas seja o subproduto da Revolução Industrial e das práticas de padronização do trabalho que então seguiram. 
Porém cada vez menos pessoas trabalham em um emprego como naqueles moldes. 
Outro dia no fantástico estudos sugeriam que os dias escolares começando mais tarde, especialmente para adolescentes, causa alunos mais descansados e mais focados, e também mostrou que em algumas escolas, mundo a fora, baseada nesses estudos,  já estão adotando esse critério e determinando que o início do turno diurno seja um pouco mais tarde que o habitual.
Enquanto o complexo de arranjos sociais e temporais muda, nós adultos seguimos aderindo aos velhos ideias de sono das 23hs às 7hs, e talvez seja por isso que estamos sempre tão exaustos. 
Não estou de forma alguma negando que o cobiçado sono de oito horas sem interrupção não nos deixe alerta, mas estou sugerindo que é importante começarmos a pensar em outros modelos que nos façam nos sentirmos bem e que sejam compatíveis com nossas estruturas de trabalho e familiares em constante mudança. 
Em vez de nos enchermos de calmantes e estimulantes, precisamos pensar uma forma nova de descansar, porque dormir pouco  causa todo tipo de efeitos prejudiciais em nosso corpo e mente, e por isso é algo que devemos evitar sempre que possível.

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