quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O ENTENDIMENTO LIBERTA

O ENTENDIMENTO É O INSTRUMENTO MAIS PODEROSO PARA LIBERTAR A NÓS MESMOS E OS OUTROS  DO SOFRIMENTO


"Amem seus inimigos, abençoem aqueles que os amaldiçoam, façam o bem àqueles que os odeiam e orem por aqueles que rancorosamente os usam e os perseguem. Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu: porque ele faz o sol nascer sobre os maus e os bons, e a chuva cair sobre os justos e os injustos."
Muitas pessoas rezam a Deus porque querem que Ele satisfaça algumas de suas necessidades. Se elas querem fazer um piquenique, pedem a Deus que lhes dê um dia claro e ensolarado. Ao mesmo tempo, os agricultores poderão estar rezando para pedir chuva. Se o tempo ficar bom, as pessoas que querem fazer o piquenique dirão: "Deus está do nosso lado; Ele atendeu às nossas preces." Mas, se chove, os fazendeiros dirão que Deus ouviu as preces deles. É dessa maneira que costumamos rezar.
Jesus disse: "Amem seus inimigos, abençoem aqueles que os amaldiçoam." Se você examinar profundamente sua raiva, perceberá que o indivíduo que você chama de inimigo também está sofrendo. Tão logo você compreende esse fato, a capacidade de aceitar e ter compaixão por essa pessoa passa a estar presente. Jesus chamou essa atitude de "amar seu inimigo". Quando você é capaz de amar seu inimigo, ele deixa de ser seu inimigo. A idéia de "inimigo" desaparece e é substituída pela noção de alguém que está sofrendo e precisa de compaixão.
Fazer isso às vezes é mais fácil do que você poderia imaginar, mas é preciso praticar. Ler a Bíblia sem praticar não é muito proveitoso. Praticar os ensinamentos é a forma mais elevada de prece. Por exemplo, se alguém estiver numa margem e quiser ir para a outra, terá de usar um barco ou atravessar o rio a nado. Ele não pode simplesmente rezar: 'Oh, outra margem, por favor venha até aqui para que eu possa caminhar sobre você!' Rezar sem praticar não implica a verdadeira prece, vira um simples ritual sem quê nem pra quê.
Quando nos acostumamos a examinar as questões em profundidade, temos o insight do que devemos e não devemos fazer para que a situação mude. Tudo depende da nossa maneira de ver as coisas. Quando examinamos profundamente a existência do sofrimento, descobrimos  as causas do sofrimento. Depois de enxergarmos as causas, veremos a libertação desse sofrimento. Tudo depende de compreendermos toda a situação.
Examinar profundamente uma questão não significa ser inativo. Nós nos tornamos muito ativos com nosso entendimento. 
A prática cristã é  tornar a verdade conhecida, a verdade sobre nós mesmos, sobre nossos irmãos, sobre nossa situação. Esta é a tarefa dos escritores, dos pregadores, dos meios de comunicação e também dos praticantes de qualquer religião. 
Tem um ensinamento bíblico que diz: "Pai, perdoai-os, porque eles não sabem o que fazem." Este ensinamento nos ajuda a saber como olhar para o indivíduo que julgamos ser a causa do nosso sofrimento. Se nos acostumarmos a examinar profundamente a situação e o que fez com que ele se tornasse o que é agora, e se nos visualizarmos nascendo na condição dele, talvez possamos perceber que poderíamos nos ter tornado exatamente como ele. Quando fazemos isso, a compaixão surge naturalmente em nós, e compreendemos que a outra pessoa deve ser ajudada, e não punida. Nesse momento, nossa raiva se transforma na energia da compaixão. De repente, aquele a quem vínhamos chamando de inimigo torna-se nosso irmão. Este é o verdadeiro ensinamento de Jesus. Examinar profundamente uma questão é uma das maneiras mais eficazes de transformar nossa raiva, nossos preconceitos e nossa discriminação. Praticamos não apenas como indivíduos, mas também como grupo que somos.
Há salvação através do entendimento, porque é a falta de compreensão que gera o sofrimento. O entendimento é o poder capaz de nos libertar. É a chave que pode abrir a porta da prisão do sofrimento. Se não praticarmos o entendimento, não estaremos aproveitando o mais poderoso instrumento para libertar a nós mesmos e outros seres humanos do sofrimento.
O verdadeiro amor só é possível com o verdadeiro entendimento - parar, acalmar-se e examinar profundamente - visa nos ajudar a compreender melhor as coisas. Em cada um de nós existe uma semente do entendimento. Essa semente é Deus.  Se você duvidar da existência dessa semente, estará duvidando de Deus. Quando ouvimos do grande mestre que o amor é a força libertadora, quer dizer que temos de amar nosso inimigo. Mesmo que nosso inimigo seja cruel, mesmo que esteja nos oprimindo, semeando o terror e a injustiça, temos de amá-lo. Esta é a mensagem de Jesus. Mas como podemos amar nosso inimigo? Existe apenas uma maneira compreender isso. Temos de entender por que ele é como é, como veio a ser assim, por que não vê as coisas do modo como nós vemos. Compreender uma pessoa nos confere o poder de amá-la e aceitá-la. E, no momento em que nós a amamos e aceitamos, ela deixa de ser nossa inimiga. É impossível "amar nosso inimigo" porque, no momento em que passamos a amá-lo, ele deixa de ser nosso inimigo. Para amá-lo, precisamos praticar o exame profundo a fim de compreendê-lo. Se fizermos isso, nós o aceitaremos, amaremos e também aceitaremos e amaremos a nós mesmos. Na qualidade de cristãos, não podemos pôr em dúvida que o entendimento é o componente mais importante da transformação. Se conversamos um com o outro, se estabelecemos um diálogo, é porque acreditamos que existe uma possibilidade de compreender melhor a outra pessoa. Quando entendemos outra pessoa, nós nos compreendemos melhor. E, quando nos compreendemos melhor, passamos a entender também melhor a outra pessoa.
"Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido." Todo o mundo comete erros. Se formos observadores, perceberemos que algumas das nossas ações no passado fizeram outras pessoas sofrer, e algumas ações de outras pessoas nos fizeram sofrer. Você não pode se obrigar a perdoar. Somente quando entender o que aconteceu é que poderá sentir compaixão pela outra pessoa e perdoá-la. Esse tipo de perdão é fruto da consciência. Quando somos atentos, conseguimos perceber as inúmeras causas que levaram outra pessoa a nos fazer sofrer, e, quando enxergamos isso, o perdão e a libertação surgem naturalmente. É sempre proveitoso pôr em prática os ensinamentos de Jesus.


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