SEPARAR-SE DOS PAIS É MUITO IMPORTANTE PARA O CRESCIMENTO E A MATURIDADE
Algumas pessoas nunca se tornam totalmente independentes dos pais. A maturidade é um processo que, exige escolhas, como a definição de um rumo na vida, por exemplo, para poder escolher uma profissão ou uma paixão, para encontrar um companheiro de vida, para construir uma família. É por isso que os adolescentes deixam suas casas, precisam sair dela para criar algo próprio, novo, construir sua identidade.
Tudo bem quando eles querem e são capazes de fazer isso. O pior é quando vemos adultos que ainda não conseguiram "cortar o cordão umbilical", nem depois da morte dos pais, continuam presos nesse processo, dando voltas e voltas, sem saber seguir adiante para dar início a uma vida independente.
Essas pessoas se queixam da falta de desenvolvimento e autonomia de pensamento, da falta de sentimento e ação, da incapacidade para enfrentar desafios e aproveitar todos os seus potenciais, do sofrimento, das dificuldades de se encontrarem no mundo, da dificuldade em estabelecer relações duradouras.
A separação proporciona a possibilidade de abandonar a casa da família, não só fisicamente, mas também emocionalmente. É a capacidade de existir como pessoa, de ter vida mental própria, de ter opiniões próprias, sentimentos, desejos, sonhos próprios. Significa viver por conta, em liberdade e com o sentimento de responsabilidade. É a capacidade de reformular a relação com os pais, para que se possam desenvolver algumas normas de apoio mútuo.
Alguns nunca vão sair de casa. Há quem faça fisicamente, mas, emocionalmente, segue no diálogo com os pais. As razões são variadas. Mas, geralmente, referem-se à interferência dos pais e à maneira como esta relação foi construída.
Estes distúrbios dos laços familiares, assim como a incapacidade de se despedir do passado e construir uma nova relação com os pais podem dar lugar a diferentes atitudes.
Algumas pessoas podem viver com um sentimento de idealização: “como foi boa a sua infância e seus pais… sempre ali”. Negam as situações reais que aconteceram e a diversidade de sentimentos vividos com os pais, especialmente aqueles considerados negativos, como a raiva, a tristeza.
Estes são, geralmente, os filhos criados na lealdade aos pais, sem direito a fazer objeções nem mostrar insatisfação. Eles têm medo de magoar os pais.
Há também pessoas que parecem independentes, mas, na realidade, depois de deixar os pais não são capazes de se relacionar com ninguém. Elas mantêm a aparência de autossuficiência. Mas, dentro delas, sofrem muito, têm medo da intimidade.
Existem pessoas que vivem com um sentimento de injustiça, queixando-se de forma indireta ou manifesta. Elas sentem que não conseguiram certas coisas de seus pais ou do mundo.
Às vezes, a raiva de um dos pais que ofendeu o filho é tão grande que a inércia na vida é adotada como uma forma de represália ou vingança. Esta pessoa não consegue entender que ela, agindo desta maneira, está destruindo a própria vida, não a dos pais.
O processo de separar-se dos pais é um desafio difícil, mais muito importante para o crescimento e a maturidade. É necessário abandonar as pretensões e os juízos para entender que nossos pais foram de um jeito e não de outro.
E não se trata de suavizar nem apagar as injustiças vividas. A ideia é equilibrar a maneira de percebê-los e reconhecer que eles são humanos e nos deram o que era possível para eles. Trata-se de sermos conscientes de que podemos ter sentimentos diferentes dos deles, tanto os sentimentos bons, quanto os maus.
É preciso chorar e abandonar o que era problemático e devastador para que isso não continue nos envenenando. Há que se dar conta de que, mesmo que nem tudo possa ser restaurado e consertado, ficam espaços que podem ser abordados e entendidos.
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