UM OLHAR SOBRE A DEPRESSÃO
Depressão é um estado mental sofrido. Caracteriza-se por tristeza profunda, desânimo, idéias negativas, pessimistas, às vezes irritação, chôro fácil ou bloqueio do chorar (quando então a pessoa experimenta uma forte angústia no peito, que é o choro preso), desprazer em estar com as pessoas, sente-se pior pela manhã, tendo dificuldade para levantar da cama, insônia, às vezes idéias suicidas (porque a pessoa não vê solução para seu sofrimento), etc.
A depressão pode surgir por perda do objeto amado. Perda real ou imaginária, parcial ou total, temporária ou definitiva em qualquer fase da vida. São dores mal resolvidas e nem toda dor emocional do passado mal resolvida é consciente. Daí surge acúmulo de dor que pode se tornar insuportável.
O que você faz quando surge dor física? Toma um analgésico, um comprimido, um líquido, uma injeção, um chá, uma pomada, uma compressa, ou gelo. E quando a dor é emocional? Você pode tomar medicamentos, dormir demais, se drogar, fingir que não há dor, trabalhar demais, punir a pessoa que o frustrou. E como pode punir? Privando-a de afeto, se tornando fria, indiferente, agressiva, abandonar. Pode trair, se isolar, pode se dedicar exageradamente à um outro membro da família, etc.
A pessoa frustrada, carente de afeto e de valorização, pode ter razão em se sentir magoada e ferida porque pode ter sido privada de atitudes que gerariam auto-valor. E autovalorização é uma necessidade humana básica. Quando há perturbação da formação dela por causa do desamor anterior, o indivíduo pode recorrer a métodos não construtivos para a formação da necessária autovalorização. Pode buscar a coisa positiva, de maneira negativa, destrutiva.
O tipo de amor que gera auto-valor só tem bons resultados no caminho da verdade, porque a não sensação de auto-valor pode vir com a prática do erro, e junto vem a culpa. E para tentar apagar esta culpa a pessoa pode atacar o outro, aquele que o feriu, ficando cega para seus próprios erros e maneiras equivocadas de buscar auto-valorização.
Se a pessoa está num caminho errado, que sua consciência condena, ela terá culpa inevitavelmente. Culpa real. Pode se sentir péssima consigo e passar a não só punir o outro que a frustrou, como pode – veja só! – punir a si própria. Como? Com a depressão, ou qualquer outro tipo de mal.
Tomemos como exemplo a depressão.
A depressão pode ser, portanto, uma forma da pessoa manifestar uma auto-punição (resultado da culpa real) por ter buscado métodos errados de punir aquele que o frustrou. Ela pode ficar nisso o tempo todo, num círculo vicioso assim: se sente frustrada ➜ busca valorização e afeto de maneira errada ➜ surge a culpa ➜ tenta racionalizar essa culpa punindo quem a frustrou ➜ se sente culpada mais ainda (principalmente se a pessoa já pediu perdão e procura amar agora sinceramente) ➜ surgem sintomas depressivos. Volta a buscar valorização e bem-estar da maneira errada ➜ surge a culpa ➜ racionaliza essa culpa atacando ou desprezando quem a frustrou ➜ vem mais culpa ➜ se deprime. Etc.
Será a solução usar remédios para abafar a culpa e a dor? Como cortar este círculo vicioso negativo, destrutivo? Primeiro, a pessoa frustrada precisa cortar o método errado (indiferença, infidelidade, agressividade) que está usando para obter o certo (auto-valor, afeto). Também perdoar a pessoa que a frustrou, e aceitar o perdão solicitado. Além de perdoar a si mesma por seus próprios erros. E colaborar para a restauração de um relacionamento afetivo maduro, dentro de uma nova visão do amor e do aamar. Ah! E também aprender a lidar com a dor da perda (do passado infantil e do presente) , suportando-a, sem fugir para meios destrutivos, acreditando e dando tempo para ver que esta dor irá diminuir e até desaparecer justamente na medida que for enfrentada com a verdade, a lealdade, a paciência, a compreensão, o perdão (por si e pelo outro), e o desejo que pode surgir na alma de amar melhor. A cura vem da verdade e do amor maduro.