quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

SOBRE O SOFRIMENTO

O SOFRIMENTO É UMA BIRRA EXISTENCIAL 


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Vejo o sofrimento como uma bolha que você pode estourar !
Antes de tentar explicar o que entendo como sofrimento gostaria de diferenciar da ideia de dor. Dor significa "um estado psicofisiológico de desconforto reativo à um choque ou degeneração orgânica". Algo evitável e que se contorna com medicações anestesiantes.
Isso leva muitas pessoas a entenderem o sofrimento como algo parecido, com substância e localização bem definida. Erro de raciocínio.
O que chamamos de sofrimento é um estado psicológico que pode mudar de um momento para o outro.
O sofrimento sendo transitório é resultado de um entendimento equivocado sobre a realidade vida.
Uma pessoa querida morre e eu sofro sua perda. Sofro por que ela se foi e eu não terei mais acesso a ela. Meu sofrimento é resultado da quebra de uma condição estável. Preciso abrir mão do meu apego à imagem de que ela está associada a mim. Entender que as pessoas morrem cedo ou tarde por causas naturais ou acidentais e que ninguém está blindado de nada. O sofrimento decorrente dessa perda na verdade é uma resistência às mudanças inevitáveis da vida. O sofrimento é a tentativa da mente de conservar um estado psicológico imutável.
O sofrimento é o denunciador de minha dificuldade em ceder ao evento novo que se apresenta.
Diferente do que pensam não é o resultado de amadurecimento. O sofrimento é sinal de rigidez emocional, apego, inflexibilidade. O sofrimento é uma birra existencial.
Uma pessoa perde o emprego, esbraveja injustiça e fica abatida. Por que sofre? Porque resiste à ideia de mudança, “por que eu?”. Por que não você? Mas o que há de especial na sua vida diferente das demais?
O sentimento de que você deveria ser privilégiada é uma das bases do sofrimento. A sensação de ser uma pessoa "especial" oferece o terreno propício para essa contestação típica do sofrimento: “por que eu?”
No sofrimento há uma grande dose de passividade frente à mudança. O sofredor teima em achar que a realidade complicadora irá se resolver magicamente, sem esforço ou desprendimento. A condição passiva de vítima das circunstâncias é um sentimento de injustiça que se instala e pode permanecer por anos à fio. A vítima arroga para si o direito de cobrar o estado original perdido. “Não me conformo que perdi aquela oportunidade!”. O sofrimento é decorrente dessa prisão psicológica instaurada na mente. “O mundo precisa me devolver o que perdi!”. Com isso a vítima perde mobilidade existencial e fica sentada no trono de suas certezas e seguranças.
“O sofrimento ensina!”. Não creio nisso, pois se o sofrimento é um efeito colateral de resistência na verdade ele só evidencia que o ego não quer ceder. A frustração contínua de suas certezas nem sempre te libera do trono emocional. Prefere ser vítima do que co-autora da própria existência. Co-autor, pois ninguém está isolado nesse mundo e na maior parte das vezes estamos expostos à condições indigestas e fora de controle.
Uma pessoa pode passar anos na cadeia, destituída de identidade, integridade e dignidade e só reforçar para si mesma a sensação de indignação e ressentimento. O sofrimento permanece ali sustentando uma condição de mal-estar que arrasta todos a sua volta.
O sofredor sempre atribui culpados pela sua infelicidade e abdica da condição de protagonista de si mesmo.
Situação prática: Pessoa perde o interesse afetivo pela outra e se separa + “Como assim?” + “Eu achei que seria para sempre” + “Como aquela pessoa ousou me deixar agora?” + “não quero mais saber de nada e nem de ninguém” = sofrimento.
Desfazer o sofrimento é resultado de uma mudança de postura na vida.
Aceitar que mudanças são inevitáveis e resistir a elas é um estreitamento emocional.
Permitir que minha mente se deixe absorver por entendimentos mais amplos da realidade.
Entender que não há culpados e nem inocentes na vida. Estamos todos conectados na mesma teia de relações desiguais, instáveis e imprevisíveis.
E se você ainda acha que vai aprender alguma coisa com o sofrimento eu já adianto, só vai aprender a continuar sofrendo. Não é o sofrimento que ensina, mas o aprendizado que ensina.
Se quer aprender mesmo abra sua mente, pois sofrimento é sinal de resistência.

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