quinta-feira, 19 de maio de 2016

CASTELO DE AREIA

ABANDONANDO O AUTO ENGANO



Se você observar nossa sociedade se movimentando, verá que cada um está buscando fazer sua própria revolução, cada um tentando fazer sua história, obter sucesso, etc. Justificamos nossas ações através do sentido da vida que vem de nossas crenças. Queremos ser PhDs, ganhar muito dinheiro, ter muito tempo livre e ser respeitados e amados. Basicamente é esse nosso objetivo. Gastamos todas as nossas energias nesse processo. Nossas metas e os caminhos que nos levam até elas são definidos por nosso sentido último para a existência. Fazemos um grande e incessante esforço para negar nossa condição de mortais e construir castelos de areia em cima de nosso auto-engano. Sem querer, viramos prisioneiros de nosso próprio destino, fechados em nossa microrevolução, condenados a repetição de scripts pré-fabricados coerentes com o sentido da vida que acreditamos ser concreto.
O que poucos percebem é que se alguém for bem-sucedido nesse caminho, será apenas um entre trilhões de seres que conseguiram chegar até o fim de seus castelinhos de areia, até o último ornamento, até a última torre, antes da próxima onda derrubar tudo. Seres que continuaram insatisfeitos e morreram ainda se esforçando para não ver que seus castelos eram de areia. Nossos ilusões pessoais não nos levam a lugar algum e não contribuem em nada para aqueles que não compartilham dela. Se elas ainda nos fizessem felizes… Mas nós mesmos somos os principais prejudicados: “Quando eu comprar meu apartamento, aí sim as coisas vão melhorar e eu vou poder relaxar e curtir a vida”; “Quando acabar a semana de provas, ficarei mais aliviado”; “Quando eu arranjar um bom trabalho, aí sim!”. Eu já ouvi inúmeros “aí sim” e alguns “agora sim!” que não duraram mais de uma semana. Você já conheceu alguém que disse “agora sim!” e ficou, simplesmente ficou aliviado por meses seguidos?
Resumidamente, pode ser que a graça esteja simplesmente na graça que é descobrir a humanidade que há em nós e o que é melhor, no outro, no mundo ao nosso redor. E essa é uma missão que implica, sobretudo, generosidade. 


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