quarta-feira, 20 de julho de 2016

O EGO

MEU TUDO OU NADA



O ego é como um quarto só pra você: um quarto com vista, com a temperatura e o cheiro e a música que você gosta. Você o quer do seu jeito. Você apenas gostaria de ter um pouco de paz, gostaria de ter uma felicidadezinha, você sabe, só me dê um tempo! Mas quanto mais você pensar desse jeito, mais você vai tentar fazer com que a vida sempre te atenda, mais o seu medo (de outras pessoas e do que estiver fora do quarto) vai crescer. Em vez de ficar mais relaxado, você começa a fechar as cortinas e trancar a porta. Quando você eventualmente sair, você acaba achando a experiência mais e mais inquietante e desagradável. Você se torna mais melindroso, mais medroso, mais irritável do que nunca. Quanto mais você tentar fazer as coisas serem do seu jeito, menos você se sente em casa, mas finge que tá tudo bem.
E quando a gente finje que tá tudo bem, a gente não faz o que tem de ser feito. Entender que precisamos fazer algo a respeito é justamente quando a gente aceita que é possível transformar. A aceitação está a um passo da ação. Não tem passividade.
Se o pessimismo de [Blaise] Pascal pode nos consolar, talvez seja porque, em geral, somos jogados na tristeza e no marasmo não tanto pela negatividade, mas pela esperança. É a esperança — em relação à carreira, à vida amorosa, aos filhos, aos políticos e ao planeta — que deve ser primariamente culpada por nos enfurecer e amargar. A incompatibilidade entre a grandiosidade das nossas aspirações e a realidade cruel da nossa condição gera decepções violentas que atormentam os dias e ficam marcadas na nossa cara. 


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