terça-feira, 8 de novembro de 2016

EM NOME "DA VERDADE"

A POSTURA DE DONO "DA VERDADE" PODE SER EXTREMAMENTE CRUEL EM SUAS BOAS INTENÇÕES


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Curiosamente, noto em pessoas ditas boas ou defensora de alguma causa um tipo de rigidez nas atitudes que se assemelha, em forma, com argumentações que poderiam vir da boca de qualquer malfeitor, balizadas por verdades que tudo justificam.
Se explodem, isso acontece porque dizem estar lutando pelo que julgam correto; se são duras, é porque trabalham por um mundo melhor; se estão exaustas ou doentes, não podem parar pois sempre têm ainda muito a sacrificar.
No entanto, há um agravante nas pessoas que se consideram boas, corretas e justas. A moral delas serve como escudo para qualquer coisa. Esse tipo de radicalismo consigo mesmo torna algumas dessas pessoas bastante amarguradas, quase incapazes de gozar de algum tipo de alegria. Outras se tornam implacáveis, inquestionáveis e insuportáveis defensores “do bem”.
A postura de dono da verdade não é um crime. No entanto, é responsável por infindáveis violências emocionais do cotidiano.
A mesma intensidade cheia de razão acomete advogados, policiais, jornalistas, empresários, torcedores de futebol e até mesmo velhinhos jogadores de cacheta. Todos podemos nos acometer dessa fala justiceira, extremamente cruel em suas boas intenções.
Ao nos colocar como donos da verdade, seja ela qual for, fincamos um grande marco, o marco de ficar centrado em nosso próprio umbigo e mandamos todos à nossa volta tomar naquele lugar, ainda que de maneira velada.
O idealismo se torna escudo e arma, ao mesmo tempo. Coloca todos aqueles que não se alinhem com nossa visão como oponentes a serem convertidos ou exterminados. A coisa toda pode se operar por meio de argumentos puramente racionais ou ameaças. 
Pois o salvador pode ser um Hitler ou Stalin. Ou, pior, uma mãe que ama demais; o diretor politicamente correto da empresa ou escola onde trabalhe. Os donos da verdade cuja postura social é exemplar usam isso como muleta para impor sua violência silenciosamente, agredindo aqueles que deveriam ajudar e apoiar. Mal notam sua influência asfixiadora sobre os outros.
Eu te amo, logo, *sei* o que é melhor pra você. 
Em contraponto, é comum admirarmos pessoas de sorriso fácil, que nos parecem levar uma vida tranquila e agradável, sem esforço. Por incrível que pareça, essas pessoas não parecem interessadas em pregar nenhum tipo de moral ou caminho iluminado. 
Naturalmente atraem as pessoas, costumam estar cercadas de bons amigos, se tornam referência sem pedir por isso. É um charme leve, e até mesmo lúdico, de quem não tem nada a perder e não se agarra a verdades para ser respeitado. Me pergunto se vou chegar lá, algum dia. Agora torço para deixar de lado meu desejo secreto em converter os durões de plantão.


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