NÓS NASCEMOS SOZINHOS, VIVEMOS SOZINHOS E MORREMOS SOZINHOS
Do momento que saímos da barriga da mãe e o cordão umbilical é cortado, estamos sós. A gente sai sem consciência de nada disso, eu acho. Mas a gente sente.
Cortar o cordão é muito simbólico. Daquele momento em diante, temos que começar a aprender a sermos independentes e começamos aprendendo a respirar sozinhos.
Claro, há muitas pessoas que no meio do caminho nos ajudam, os pais, as babás, a família e os amigos e é claro que isso é bom. Aprendemos a ser amados e acolhidos. Mas aí também aprendemos, sem querer, que estar bem é estar com os outros. Ainda assim, enquanto crescemos vamos fazendo tudo sozinhos. Quando nos mandam para a escola, vamos sozinhos, ainda que centenas de outras crianças estejam lá. Estamos a sós quando estudamos e a sós quando fazemos as provas. Nem mesmo nossos melhores amigos podem nos ajudar a fazê-las. Quando nos formamos vestimos a toga à sós. Quando precisamos de um emprego temos que buscá-los sozinhos e, quando o encontramos, ninguém além de nós mesmos é responsável pelo trabalho. Não interessa quantas outras pessoas tenhamos em nossa vida, no fim das contas, pecisamos nos erguer por nós mesmos. E na hora de morrer, também não dá pra levar ninguém conosco como companhia. No fim só resta o "eu mesmo".
Podemos não estar conscientes, mas a realidade de nossa solidão está conosco o tempo todo e a sentimos de diversas formas. Podemos vivenciar isso como uma sensação de insatisfação ou inquietação, ou podemos sentir sinais de ansiedade ou depressão. Não importa quem somos ou o que estamos fazendo em um dado momento: nunca é o bastante, sempre está faltando algo.
Quando estamos sentados em casa e olhamos pela janela, queremos sair. Depois que ficamos lá fora por uns 5 minutos, começamos a achar que é melhor voltar pra dentro.
Ligamos a televisão, mas seguimos mudando de canal. Se não temos um alguém especial, sonhamos com a felicidade que seria encontrar um alguém especial, mas quando ele está dormindo bem ali ao seu lado, você não está satisfeito. É muito difícil um sentimento simples de contentamento. É um processo sem fim essa busca por o que quer que seja "àquilo" que, preencherá o espaço vazio que existe em todas as nossas experiências.
Não interessam os desejos, obter os seus objetos não é a mesma coisa que o contentamento, que vem de dentro. Nunca encontraremos contentamento completo, um sentimento perfeito de paz, se a nossa mente não estiver contente e pacificada. Podemos ser muito bem sucedidos em nossas carreiras e estar ganhando um salário ideal. Podemos ter dinheiro no banco, um cônjuge, cinco filhos, uma casa e um belo carro. Podemos ter qualquer sonho nas mãos... E ainda sentir que falta algo. Nesse caso, nossa mente é que é pobre, não a nossa vida ou a nossa conta bancária. O contentamento não significa que somos preguiçosos ou que nos acomodamos, satisfeitos com qualquer coisa. Significa que vivemos satisfeitos e alegres. Contentes, seremos ricos ainda que tenhamos pouco na carteira. Mas, sem contentamento, sofreremos mesmo com um milhão em baixo do colchão.
Na escola maravilhosa do existir não é fácil desacelerar e se tornar mais consciente do que está acontecendo, quando a maioria de nós tem o infeliz hábito de aceleração.
A busca por essa consciência é a nossa principal ferramenta.
A busca por essa consciência é a nossa principal ferramenta.
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