NOSSOS ESPAÇOS EM BRANCO
Queria falar do nosso velho e conhecido tédio existencial, daquela melancolia que, do nada, de repente se abate sobre você.
Esse vazio é capaz de incomodar e por isso bate aquela vontade de preenchê-lo com alguma coisa...qualquer coisa parece ser melhor que lidar com o vazio.
Ele dói, não é?
E então? Com o que você normalmente preenche os seus “nadas”? Comida, sexo, trabalho, compras, autoajuda...Note bem o formato do seu vazio, o que cabe dentro dele? Quais são os seus contornos? Ele tem fim?
Dizem que “a natureza abomina o vácuo” e daí a ideia de que devemos também odiar o vazio. Tudo aquilo que não for preenchido de função prática (ganhar dinheiro, trazer mais foco, te fazer mais forte) não teria sentido.
Mas pensando bem, se não há vazio, não há espaço para se colocar o novo. Tornamo-nos acumuladores existências, lotados de tralhas afetivas que não precisamos e que, há muito tempo, não sabemos para que servem (não estariam elas, então, vazias de sentido?). Portas mentais atravancadas de quinquilharias, relacionamentos falidos, restos de comida pouco nutritivas.
Teu vazio não é como o meu ou como o de seus amigos. Cada um lida de uma forma diferente com ele; cada vazio é capaz de gerar espaços diferenciados. Ele deveria ser mais bem tratado, pode ser que o vazio crie uma forma, um outro jeito de existir.
Quando um relacionamento termina, lembre-se como vazio causado é motivo de incomodo, mas também proporciona um mundo a ser recriado de forma nova, às vezes, mais rico e mais autêntico.
A questão é que o vazio não deixará de ser incomodo, mas pode ser vivenciado como possibilidade. Sem um espaço em branco, nada de novo pode entrar na sua vida.
Então não se aflija com seus espaços em branco, e acredite que você ainda precisa bater um bom papo com seu vazio antes de colocar qualquer coisa nele.
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