NÃO EXISTE UMA PÍLULA PARA CADA UM DOS NOSSOS PROBLEMAS
Sobre o uso dos remédios psiquiátricos vejo que existe abuso de muitos usuários, efeitos colaterais, psiquiatras exagerados, industria farmacêutica desastrosa, especulações milhares, enfim, muitos pontos negativos. O número de prescrições só aumenta e, consequentemente, os efeitos colaterais também, sem que as causas sejam tratadas.
O problema é que remédios psiquiátricos nenhum curam nada. A causa fica latente. A medicação apenas diminui as funções cerebrais, ou seja, funciona como uma camisa de força química, a pessoa passa a fazer uso de vários medicamentos e a cada medicamento consumido, na verdade, passa a viver como um zumbi.
Acredito que o maior problema que pega mesmo sobre remédios desse tipo é que elas parecem confirmar a ideia de que a pessoa perdeu a capacidade de gerenciar sua própria mente.
Parece que a pessoa não é a pessoa. Passa a ficar prostrada por causa da medicação. E pior evita sair às ruas porque sentem umas coisas estranhas que não sabem explicar.
Noto que existe uma tendência de tratar com remédios qualquer tipo de emoção humana, tanto médicos como pacientes. Parece haver um comportamento generalizado, as pessoas logo recorrem aos antidepressivos para tratar qualquer tipo de sintoma “da alma”. É a chamada medicalização da vida.
Para muitas pessoas, aparições como enxaqueca, fadiga e até tristezas que poderiam ser consideradas absolutamente comuns, não são encaradas desta forma. O que é muito lucrativo para industria farmaceutica, diga-se de passagem.
A medicalização, nesse sentido, é apenas uma forma de neutralizar os sintomas do sujeito e não uma forma de cura, uma vez que não levam em consideração seus aspectos sociais e subjetivos.
Se você está com problemas emocionais, deve refletir bem se é o caso de consultar um psiquiatra: as chances da pessoa sair da consulta com uma receita de antidepressivo são enormes, quase inevitáveis. Não necessariamente porque precise disso. Muito provavelmente você tem angustia normal causada por problemas reais, mas não tem nenhuma doença grave para ser medicada como se tivesse um transtorno psiquico.
Ansiedade e angústia são fenômenos inerentes à condição humana. Determinar qual tipo e qual nível de angústia constitui um transtorno psiquiátrico foge ao trivial. Os médicos e cientistas conseguem ser muito claros e precisos ao diagnosticar problemas psiquiátricos severos como a esquizofrenia, tentar distinguir as angústias provocadas pela vida cotidiana de uma das diversas doença psiquiátrica é algo sutil.
Daí, diagnostico errado, pessoas saudáveis sendo consideradas doentes e recebendo medicamentos dos quais não precisam. Muitas pessoas podem estar se sentindo angustiadas, por causa de um ou mais fatores de suas vida. A solução fácil – e enganadora – é justamente tomar uma pílula para tentar lidar melhor com essa inquietação. Mas ainda não temos sinais de que existe uma pílula para cada um dos nossos problemas.
É verdade que os antidepressivos são fundamentais para o tratamento de quem realmente sofre da doença. Mas também não se pode curar apenas com remédios aquilo que é da natureza humana. Está na hora da gente refletir melhor sobre isso, as pessoas estão fazendo uso de remedios psiquiatricos indiscriminadamente, o que pode lhes custar caro mais tardiamente.
Existe a possibilidade de quando você parar com as doses do remédio sua mente não mais voltar ao estado que já foi um dia.
Eu acho que no mundo ideal as pessoas poderiam e deveriam procurar terapia, soluções profundas e efetivas, práticas que alterem a natureza do sofrimento, mas… Eu sei bem a diferença entre o que eu desejaria e o que é possível. Muitas pessoas chegaram ao ponto em que suas vidas só são possíveis e suportáveis com um medicamento desses. Elas deveriam ter acompanhamento de uma auxiliar de mudança emocional? Claro, com toda certeza, mas nem todo mundo quer ou tem estômago. As pessoas deveriam liberar o uso indiscriminado de remédios psiquiátricos? Claro que não. Existem intervenções menos agressivas e sem efeitos colaterais, porém para vidas insuportáveis esses recursos ajudam a sobreviver e se fazem indispensáveis, além da terapia, para uma qualidade de vida mais significativa.
Sabemos da importância de usar medicamentos nos momentos em que eles são necessários. Para tratar transtornos claramente diagnosticados. Não é questão de dizer que os remédios são ruins e inúteis. Ou que são, em sua totalidade, perfeitos. Eles são úteis quando bem usados e é maravilhoso que possamos contar com eles. O que ocorre é que os remédios são úteis somente para aquelas poucas pessoas que realmente precisam deles de verdade.
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