segunda-feira, 1 de maio de 2017

SOMOS CO-RESPONSÁVEIS PELO NOSSO SOFRIMENTO

A LIBERDADE NOS JOGA NA CARA A AUTORIA DE NOSSA PRÓPRIA VIDA.   QUANTO MAIOR A LIBERDADE MAIOR A RESPONSABILIDADE


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Sim, somos autores de nossa vida, mesmo que não saibamos disso, mesmo que ignoremos tal fato ou simplesmente tentemos ignorá-lo.
Como já escrevi em outros artigos, a nossa liberdade é restringida pela liberdade alheia. Nem sempre podemos fazer o que realmente queremos fazer. Vou mais longe: às vezes, achamos que estamos escolhendo livremente, mas a nossa vontade é condicionada por aquilo que nos ensinaram, por aquilo que nos apresentaram como bom ou como mau.
A cultura a qual fazemos parte, a família que nos educou, as escolas onde estudamos, o bairro onde vivemos, os vizinhos que temos, as primeiras amizades que fizemos, a educação religiosa que recebemos ou não, tudo de alguma forma condicionará as nossas opções.
A nossa liberdade é inclusive restrita pelas próprias limitações humanas e pelas nossas próprias limitações.
Por outro lado, temos sim uma margem de escolha. Mesmo que restrita, a liberdade existe e algumas pessoas sabem fazer jus dela muito mais do que outras. Embora altamente desejável e sedutora, a liberdade apresenta um lado perigoso e que amedronta muitas pessoas: a liberdade nos joga na cara a autoria de nossa própria vida.
Quem admite a existência e a possibilidade de viver com liberdade. mesmo que restrita, aceita o fato de que somos autores de nossa vida e de que temos responsabilidade sobre ela. Quanto maior a nossa liberdade, maior a nossa responsabilidade também. Não podemos impedir, por exemplo, que uma pessoa nos maltrate ou que nos assalte ou que conte mentiras a nossa respeito ou que simplesmente nos ignore. Não temos controle sobre a ação do outro que em alguns momentos pode ser motivada por uma ação nossa, mas que em outros momentos pode ser totalmente gratuita.
A questão é: o que faremos a partir da ação alheia? Se sou ignorada ou maltratada injustamente, sem ter praticado nenhuma ação consciente que motivasse a rejeição do outro, o que devo fazer a partir desta injustiça?
Alguns se vitimizam, perdem a fé no ser humano, perdem a fé em si mesmos. Alguns aceitam aquele gesto de rejeição gratuito como um veredito. Como uma condenação. Outros podem até ficar meio tristes na hora, mas depois percebem que o outro tem uma subjetividade a qual não conhecemos. E que se julgar pela avaliação subjetiva do outro, que como nós, é cheia de ambiguidades, pontos cegos e lacunas , é um ato precipitado.
Se mantenho um relacionamento com uma pessoa que pouco interesse demonstra por mim, tenho responsabilidade sim pelo meu sofrimento. Se aceito migalhas de afeto, tenho responsabilidade sim sobre minha vida amorosa precária. Se continuo com alguém que me ironiza ou que simplesmente me ignora e pouco me valoriza, lá no fundo, também acho que possuo pouco valor e preciso me conformar com o quase nada que a vida me oferece.
Se sofro de depressão, mas me recuso a buscar ajuda profissional, sou responsável sim pelo meu sofrimento. Se reclamo constantemente da minha rotina, mas me recuso a aceitar qualquer tipo de ajuda ou conselho, sou responsável sim pelo meu sofrimento.
Muitas pessoas reclamam que são exploradas, mas quando alguém oferece ajuda, elas se recusam a aceitá-la. Muitas pessoas reclamam que não possuem amigos nem vida social, mas quando surge um convite, elas recusam. Muitas pessoas reclamam que vivem só para trabalhar, mas se recusam a delegar tarefas. Muitas pessoas reclamam porque estão sozinhas, mas quando aparece alguém interessado, elas se fecham. Muitos reclamam que não existem pessoas sinceras e carinhosas, mas quando surge alguém assim, não dão a mínima.
Obviamente, que nos aceitarmos como co-responsáveis pelo nosso sofrimento é tarefa árdua e dolorosa. Talvez, seja um dos maiores desafios da nossa vida, uma das jornadas mais longas e sinuosas. Porém, necessária. Porém, essencial para quem deseja viver com mais autenticidade.


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