O PICO DA ALEGRIA
***Quando os pais já não estão mais sempre por perto; quando se procura uma tribo para se agregar e inventar seu modo próprio de ser; quando há uma repulsa por qualquer forma de autoridade e regra de vida que venha de pessoas que não seja da sua idade...***
É nessa fase mais vulnerável da vida de uma criatura que os jovens elegem, entre eles mesmos, quem pertence ou não ao grupo.
Nessa luta aí, variavelmente, vale se submeter a qualquer código de conduta para sentir e mostrar que existem como seres independentes, porque afinal de contas eles são seres prestes a se tornarem adultos (indivíduos detentores de toda autonomia do mundo). E seguindo essa linha de raciocínio, se o álcool é um desses códigos, eles vão beber e quanto mais fortes forem para aguentar os tipos variados de bebidas, mais valor têm no grupo. Seria como um ritual de passagem um pouco estranho, fechando de modo meio preocupante essa fase social da garotada.
(...)
ABRE PARÊNTESE - Bom....é hora de abrir um parêntese importante nessa conversa. É hora de olhar para trás, e recordar a nossa adolescência. Devemos nos esforçar para lembrar que já passamos por isso. Eu, tu, ele, nós... ou se não passou foi por pura falta de oportunidade, pois antigamente a repressão era mais eficiente, ou ainda por ser uma exceção à regra . Portanto devemos ponderar um pouco mais ante os fatos. E só olhando para nós mesmos, e admitindo nossa própria adolescência, é que poderemos perceber que, em algum momento, já fomos vítimas desse negócio socialmente estimulado, que rende bons papos entre amigos e mata muitas pessoas direta e indiretamente. Quando crescemos, nosso passado se torna um mito da perfeição. Mas não é bem assim. Certamente, cometemos os mesmos erros. Se não pior, heim! O fato é que está tudo aí álcool, drogas, sexo - tudo uma questão de tempo - disponíveis para quando quiserem experimentar....FECHA PARÊNTESE.
É fácil apontar o dedo e tirar o corpo fora, mas o que eu vejo é que estamos inseridos em uma sociedade que não vê muito problema em nada disso, tudo é simples diversão com o agravante que, generalizando, se você não bebe, não é boa companhia. Assumir em público ou entre uma roda de amigos que não bebe é até considerado careta ou sinal de moralismo e chatice. Baladas, jantares e happy hours são sempre regados a álcool. As pessoas falam das bebidas como se falassem de amigos queridos que não podem faltar em nenhum ambiente de descontração e paquera. Pois que a leveza e o riso estão sempre intermediados e facilitados pelo uso de algum aditivo. E o mais intrigante é que ninguém questiona isso.
Pra acabar, o álcool sempre esteve presente em diversas culturas e não é só agora, na atualidade, que ele celebra a roda de amigos e as reuniões. E mais... até as tentativas de tornar o álcool ilegal fracassaram, refletindo o apelo que ele tem na vida cotidiana.
Queria tirar uma conclusão disso tudo e me arrisco a dizer que talvez por vivermos num mundo onde nos sentimos enjaulados emocionalmente, mesmo com essa aparente liberdade de expressão que existe por aí em toda parte, a comunicação verdadeira - olho no olho de um coração para o outro, não acontece tão naturalmente. Isso criou a ideia coletiva de que algum tipo de liberdade outra precisa ser mobilizada para que o sujeito se sinta plenamente feliz...deve ser isso...Partindo desse princípio um possível caminho seria reconhecer de uma vez por todas que a sociedade permite que os jovens tenham acesso fácil à bebida, e que o melhor que se tem a fazer é a conversa no olho e ensinar seu filho a enfrentar o mundo lá fora, de modo que ele saiba manter o controle da situação. Sem ilusão!
ROSANE
ROSANE
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