sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

UM MOTIVO PARA NÃO SE SUICIDAR

O QUE O SUICIDA QUER REALMENTE MATAR?



Ter motivo para viver. Algo que para algumas pessoas é automático e não exige esforço algum, para outras pode ser literalmente a busca de uma vida. 
Mas o que o suicida quer realmente matar?
A morte que o suicida anseia é a de uma realidade específica, e não de si mesmo. Mesmo aqueles que se sentem cansados das próprias ações estão cansados... do seu cansaço. Se pudessem, desapareceriam para si mesmos por um tempo e depois retornariam para ver se o cansaço passou.
É a dor de viver que querem aniquilar, mas eles não entendem que a dor não é um estado físico (apesar de ser sentida por muitos assim), mas uma concepção equivocada do mundo. O problema do suicida é que ele vê a realidade como algo concreto e não como algo que ele constrói.
Nós co-criamos a realidade que habitamos; ela não existe em si. A mesma festa pode ser uma celebração para um e uma catástrofe psicodélica para outro, a paisagem mental de cada um se sobrepõe e cria o clima da festa. O óculos que você utiliza é que define a experiência que vai absorver.
As visões de mundo das pessoas se distinguem radicalmente. Para a pessoa bélica tudo é uma guerra, para a carola é tudo preto-no-branco/certo-errado, para o visionário as oportunidades estão sempre no meio do caminho e para o iluminado todos vivemos numa teia viva obscurecida por enganos mentais.
A noção de felicidade que alimentamos é muito pobre e no mais das vezes é a própria causa da ideia suicida. Se ela está trancafiada numa certa posição específica, como beleza, vigor físico, poder ou dinheiro, existe um alto potencial de que o envelhecimento, a doença e os altos e baixos do mercado de ações afetem sua sensação de pertencimento a esse mundo.
O suicida potencial precisa perceber que o mundo para o qual quer morrer pertence só àquela identidade na qual se fixou. Quando estoura a bolha que vivia, a maldição na qual estava possuído desaparece.
Enxergamos o mundo que construímos. Quando afirmamos que já tentamos tudo para mudar, provavelmente tentamos "apenas" tudo o que poderia ser tentado no nosso mundo restrito. A ideia de suicídio é uma dessas tentativas, e ela nasce de uma visão bem típica atualmente. A do tudo ou nada.
Nessa visão binária, um homem que perde seus bens não tem valor. Alguém quye não tem sucesso, não recebe atenção ou se perdeu sua mulher para o Ricardão cai em descrédito. Não criamos um mundo para os desafortunados. E esses, quando se veem nessa situação por mais tempo do que gostariam, acreditam que nada mais resta a eles, nada.
Aos seres humanos, e apenas aos seres humanos foi dada a clarividência de se perceber como indivíduo. A minha única dúvida existencial não é se a vida vale a pena, mas o que vale a pena nessa vida.
Vejam, não estou falando a respeito de dor, sofrimento, egocentrismo ou alegrias, é a respeito de uma visão que compreende o sentido da vida, e não as experiências que se tem em vida (e que alguns acreditam que vão poder levar)!!!
Se querem motivos para não se suicidar, considerem que nosso entendimento sobre a vida pode ser equivocado e que possa existir algo que ainda não consideramos em nossas equações, algo teremos que viver para ver.

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