terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

VAMOS PEGAR LEVE COM ESSE NEGÓCIO DE BULLYNG, NÉ?

GERAÇÃO POLITICAMENTE CORRETA


Resultado de imagem para bullying e o politicamente correto

Na última semana, o humorista Tirulipa divulgou uma paródia da música “Loka”. A música que faz referência ao sucesso de Simone e Simaria com participação de Anitta, foi intitulada de “Gorda” e viralizou nas redes sociais, mas apesar de fazer sucesso foi motivo de polêmica porque alguns consideraram a paródia desrespeitosa e preconceituosa.
Sabemos que o bullying está diretamente relacionado ao preconceito e a descriminação, ok, esse é o discurso. Mas, qual a diferença entre a brincadeira de mau gosto, descriminação, o preconceito e o bullying?
Esse tipo de coisa sempre existiu, mas o termo bullying é recente. A mídia também reforça algumas ideias, meio fora de lugar, e tudo se transforma em bullying. 
Essa questão atual de bullying é bem ambígua. De um lado pode favorecer a "vítima" porque a "campanha" busca punir e repreender os agressores, consequentemente diminuindo o número dos mesmos. Mas tem o lado ruim  que pode incentivar as "vítimas" a se reprimirem cada vez mais, a se sentir cada vez mais vítima, por precisar de proteção alheia e a se deixar levar pelo que os outros falam.
Classificar tudo como bullying, preconceito e descriminação, é um exagero. E incluir nisso inclusive os desacertos, xingamentos, brigas, mentiras e traquinagens entre as crianças é dar um peso excessivo às manifestações próprias ao mundo infantil.
As brincadeiras, brigas e provocações fazem parte do mundo da criança. Quem não se lembra de ganhar um apelido caricato, normalmente relacionado à aparência física, a uma característica marcante ou a um “defeitinho” que, obviamente, detestávamos? Era desta maneira que nos relacionávamos com as pessoas e com o nosso corpo, na complexidade de habitarmos a própria pele e nos fazermos amados pelo outro.
Isso pode ser considerado bullying? Houve um tempo em que as crianças brincavam e brigavam livremente. Hoje, as crianças brincam vigiadas, recorrendo a um intermediário quando os impasses se apresentam, e não brigam, ou até brigam, mas longe do olhar atento dos adultos.
Mudaram as brincadeiras e a interação entre as crianças, mudou também a maneira como os adultos as diferenciam e interpretam o que acontece com elas. Pensam que elas não “aguentam agressões” de seus pares. Quando as crianças se “agridem” ou se insultam mutuamente, sofrem sim, mas suportam, e pode ser um momento de aprendizado para lidar com a frustração. O adulto, ao intervir com censura ou com defesa, muda o script. A questão aumenta, deixa de ser “coisa de criança” até mesmo para os pequenos, pois o adulto valoriza e autoriza uma “gravidade” que não tem este caráter para o infantil.
Na era do politicamente correto, essas “coisas de criança” ganham outra dimensão. Perde-se a espontaneidade, a busca de formas próprias de lidar com os desacertos das amizades e, aquilo que ajudaria os pequenos nos seus enfrentamentos com o outro, ganha um tom moralista e persecutório. O bullying ganhou proporções gigantescas, ocasionando um exagero na proteção com as crianças, que perdem, desta maneira, a oportunidade de experiências significativas no seu desenvolvimento e na construção da individualidade.
É evidente que existem situações de violência  que exigem intervenção, mas classificar como bullying e dar um peso excessivo a qualquer provocação, priva a criança de lidar com situações importantes, comuns da vida e a tolhe do exercício de conviver com situações adversas. 
Com essa história de politicamente correto hoje tudo é bullying, preconceito, discriminação. Antes tudo não passava de brincadeira que as pessoas "normais" levavam na boa e revidavam na mesma moeda, arrumando um jeito de se defender. Mas agora vivemos uma época em que todo branco tem culpa pela escravidão, o patrão é responsável pela condição do empregado, o bandido é chamado de "excluído social face a crueldade da sociedade de consumo" e por aí vai. Pensa na fragilidade psicológica de uma geração politicamente correta!
Nos dias atuais, percebe-se que as pessoas pensam muito, medem palavras, hesitam para dizer coisas que lhes vem à mente com mais sinceridade, temem brincar, proferir palavras, apelidos ou expressões que até recentemente eram comuns/aceitáveis, receosas de serem interpretadas como cruéis ou politicamente incorretas. O politicamente correto funciona como uma espécie censura na expressão de nossos pensamentos. Claro que existem casos extremos onde palavras poderão ferir alguém de determinada classe ou minoria. Não se trata disso, repito, estou falando dos exageros onde qualquer manifestação é considerado ato desrespeitoso e ofensivo. Além de tudo há uma gigantesca hipocrisia nisso, pois ninguém deixará de ser preconceituoso e discriminador, só porque o discurso não o é. Da mesma forma que ninguém é necessariamente preconceituoso e descriminador, só porque fez um humor, digamos,  politicamente incorreto. Vamos pegar leve, né gente?!

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