QUANDO ENTRA O ELEMENTO "CRIAÇÃO DE FILHOS" NA EQUAÇÃO
Eu costumo dizer que cuidar de criança é fácil.
Brincar, botar pra dormir, dar comida, trocar fralda e levar pra passear? É claro que é cansativo, mas pra muitos é extremamente gratificante fazer isso.
É óbvio que ninguém cria um filho 100% sozinho e nem é o que eu penso ser o melhor para as crianças. Mas o ponto que eu quero levantar é que a criação de uma criança não é uma relação de um para um, mas de pessoas que se coordenam para conseguir criar um ambiente favorável no qual uma criança possa crescer.
Quando nasce um filho você pode descobrir que os diversos pontos em comum com o outro não eram tão comuns assim quando entrou o elemento “criação de filhos” na equação.
De repente aquele casal que adora sair para jantar, dividir uma garrafa de vinho ou tomar cerveja, enrolar na cama no domingo de manhã, receber os amigos em casa e planejar a próxima viagem de férias, já não pode mais fazer nenhum dos seus programas favoritos.
Também passa a ser necessário debater assuntos sérios e delicados que nunca havia sido colocado em pauta antes como: “acho que nosso filho está assistindo tv demais” ou “não acho certo a maneira que sua mãe faz” ou “nossa filha já tem brinquedos demais, ela não precisa de tantos assim” ou ainda “não quero tratar a doença do nosso filho dessa maneira” e coisas do tipo. Some isso ao fato de que a maioria dessas discussões foram feitas sob privação de sono, criança chorando, finanças desajustadas (também conhecido como saldo negativo), alterações de humor e meses sem fazer um programa a dois com a pessoa.
Muitos casais relatam que quando se deram conta, aquela pessoa do seu lado não era mais a pessoa com quem havia se casado, as prioridades eram outras, a disponibilidade era outra, os assuntos em comum eram outros. Também percebem que não são mais os mesmos e que mudaram sem perceber: tinha outros programas, outros interesses, outras prioridades e até outros amigos. E o mais grave, não são mais a mesma pessoa um para o outro.
Alguns se desesperam, é um baque pensar que nunca mais terão aquela mesma pessoa de antes e aquele relacionamento de volta. Aquela enrolada na cama no comecinho do dia foi trocada por despertares repentinos as 6:30 da manhã. Aquela moça que gostava de usar vestidinhos de verão agora veste roupas largas, que facilitam na amamentação ou porque engordou, a maquiagem que ela sempre gostou tanto de usar perdeu o sentido, já que passa a maior parte do tempo em casa. Quem sempre gostou de receber os amigos, fica tão exausto nos finais de semana que só quer descansar. E aquela energia toda que se gastava um com o outro passa a ser dedicada ao filho. Por isso é maduro alguém assumir que ser pai não é um negócio pra si ou mulheres que assumem que não querem ser mães, quando não se sentem preparados para isso.
Pensei nos casais que se separam depois que os bebês nascem, e mesmo não conhecendo a intimidade deles dá pra entender porque um casamento fica tão vulnerável.
Casamento pra dar certo tem custo, custa boa vontade, horas de conversas e um bocado de paciência um com o outro para que consigam se estabilizar, dividir as frustrações, os medos e as expectativas. As coisas vão se ajustando, mas tenha plena consciência que nunca vão ficar 100% se você ficar se remetendo ao tempo que não tinha filhos. Daqui a pouco surge uma nova bronca pra lidar como casal, e assim vai.
O resumo da ópera é o seguinte: quem está fazendo planos de juntar as escovas e constituir uma família deve estar preparado psicologicamente. Esses perrengues, desencontros, etc, acontece com todos os casais. Tudo é perfeito somente naquelas famílias dos comerciais de margarina. No inicio, muita poesia, romantismo etc. Depois de algum tempo, começam a acontecer tudo o que já foi citado no texto e outras coisas mais.
As crises surgem, as separações etc., porém, se o casal tiver maturidade, conseguirá superar tudo isso, e manter o relacionamento numa boa. Eu, pessoalmente, tive poucos problemas, nunca tive nada que pudesse chamar de crise no meu casamento, muito menos por conta dos filhos, tive 3, mas não é isso que eu vejo habitualmente nas relações entre os casais.
A realidade é diferente daqueles filmes românticos e eróticos de hollywood, talvez haja muita idealização. Um casal não deve embarcar num relacionamento com expectativas irrealistas. A ilusão é o primeiro passo para a decepção, já que nem eu nem você nem ninguém é perfeito.
É bem provável que um casal com filho tenha muito mais problemas, responsabilidades e buchas que antes do filho. Mas juntos eles criam filhos maravilhosos e se orgulham disso.
No fim das contas, as relações humanas também caem no Darwinismo, elas precisam se adaptar para sobreviver kkkkkkkkk.
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