EM NOME DA ÉTICA

NÃO OPTE PELA DESONESTIDADE

Eu percebo que no Brasil, com esse desmonte do processo ético, muitos brasileiros têm achado que receberam uma licença para a desonestidade. Um exemplo disso foi a barbaridade que rolou na greve da polícia no Espírito Santo. Cidadãos comuns cederam à trapaça simplesmente por perceberem que estavam impunes. Assim como uma mentira disseminada mil vezes vira verdade, um comportamento de barbaridade quando reproduzido muitas vezes, torna-se algo comum. A pessoa mente e trapaceia, vê que não sofreu nenhuma sanção com isso, vira meio que um padrão, e infelizmente, no Brasil isso tá cada vez pior. As pessoas aqui vivem de aparência, se impressionam com o status e com ascensão econômica sem se preocuparem com a fonte disso. Honestidade aqui não enche barriga, e a validação da desonestidade geralmente ocorre através dos benefícios que ela traz. A pessoa que passa por cima dos valores uma vez, se não perceber que isso é errado, se não for mal julgada ou sofrer algum tipo de perda, passa a fazer isso com cada vez mais frequência. Como o ser humano é ótimo em se adaptar às coisas, até a sua própria desonestidade, a tendência é irmos gradualmente nos tornando nulos emocionalmente em relação ao mau comportamento, mais corruptos e mais egoístas.

Então é necessário vigilância sempre, e por mais otários e inadequados que possamos nos sentir, por mais que sejamos chamados de perdedores por não recorrermos a caminhos mais fáceis, em nome da ética, não opte pela desonestidade, porque se a gente entrar nessa, a longo prazo torna-se ainda mais nocivo, não só pra quem vier a ser uma vítima nossa, como também pra sociedade de modo geral, que passa a normalizar comportamentos antes tidos como completamente errados e desonestos, para o nosso próprio desespero.