quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

ATIRAR-SE OU PRESERVAR-SE?

QUANDO NOS FECHAMOS PARA O PIOR, ACABAMOS NOS FECHANDO PARA O MELHOR TAMBÉM  



Talvez, um dos mais cruéis dilemas da raça humana consista na pergunta que não quer calar: confiar, entregar-se às emoções, deixar-se arrastar por elas ou se fechar para tudo e para todos que possam tocar minimamente o nosso coração? Engalfinhar-se com a vida ou nos mantermos sempre placidamente infelizes na zona morta das nossas emoções?
Optar entre ficar a mercê das mais dilacerantes emoções pode ser tão terrível quanto viver uma vida sem sobressaltos, sem perdas, porém sem vida. Quando nos fechamos para o pior , acabamos nos fechando para o melhor também. Quando fechamos uma porta cheia de cadeados entre nós e as tragédias, caímos no drama de uma vida enfadonha, que não deixa de ter o seu lado trágico, sob uma perspectiva mais subjetiva.
Cabe a cada um pesar prós e contras e descobrir até onde vai o medo e até onde vai a vontade de sentir. Cabe a cada um descobrir o que machuca mais profundamente o próprio coração. Por tal razão, conselhos , muitas vezes, mais nos confundem e nos desviam de nossas mais verdadeiras aspirações do que nos ajudam. Pois lá no fundo de cada coração, do mais sereno ao mais arrebatado, do mais medroso ao mais destemido, do mais racional ao mais romântico, nós sabemos realmente até onde podemos ir ou quando se torna mais prudente recuar ou simplesmente parar onde se está.
Existe o tempo de semear e o de colher. Existe o tempo de amar e o de esquecer. Existe o tempo de lutar e o de esperar. Existe o tempo de se revoltar e o de perdoar. Existe o tempo de perdoar o outro e o de se perdoar. Existe o tempo de se entregar às emoções e o de se recolher em seu próprio coração.
Os grandes e mais importantes dilemas da nossa vida são aqueles que não possuem uma resposta fechada, uma solução definitiva. São aqueles que nos conduzem às mais profundas reflexões durante toda a vida. São aqueles que geram mais perguntas do que respostas. São aqueles que aprimoram o nosso senso de humanidade.
Sim...talvez não seja tão crucial sabermos o que vale mais a pena: atirar-se ou preservar-se. Até mesmo porque não é uma questão de valer a pena ou não. No fundo, vivemos da única forma que nos é possível viver.


Nenhum comentário:

Postar um comentário