terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

COMPLICÔMETRO

QUANDO O JULGAMENTO ALHEIO NOS DEIXA ESTATICOS





Pensamos 24 horas por dia, ininterruptamente. Até nem seria mau, se pelo menos fossemos inteligentes conosco próprios. Quantas e quantas vezes não agimos em função das infinitas hipóteses do que terceiros vão pensar. Quantas não são as teorias da conspiração sobre o comportamento alheio. Os outros, os tais outros…são iguais a nós! Porque custa tanto ser afinal verdadeiro? Porque agimos na maioria das vezes em função de efeitos esperados? A previsibilidade nos comportamentos é tão alta, que a imprevisibilidade em ser genuíno gera efeitos surpreendentes. Não deveria ser ao contrário? A genuinidade não deveria causar espanto, mas no entanto, pode causar dor, tristeza e arrastar mágoas por uma vida. Como ser então verdadeiro sem ser cínico? Apenas conheço uma forma, com educação. Não somos responsáveis por ninguém, mas somos responsáveis pelo que deixamos de nós nos outros. O medo não pode acovardar-nos ao ponto de deixarmos de ser nós próprios. No dia que percebermos que cada um faz com o seu caminho de vida o que entender, percebemos que na interacção com os outros apenas temos de assegurar a nossa parte, e a nossa parte deveria corresponder apenas à nossa verdade. O julgamento alheio deixa-nos castrados, soterrados, e estáticos perante a possibilidade de dar um passo. Um passo que poderia fazer toda a diferença…mas o retorno desse passo pode atirar-nos para patamares associados a maus sentimentos. Basicamente, cancelamos ao longo da vida várias oportunidades únicas com base em supostas reacções de terceiros, elaboradas dentro da nossa cabeça. O receio das infinitas hipóteses do que possam pensar de nós, remete-nos para um verdadeiro esgoto existencialista. Deixamos de viver de acordo com a nossa verdade, apenas fundamentados pelo que achamos que os outros pensarão de nós. A partir do momento que abdicamos da nossa verdade, estamos a atirar com as nossas escolhas de vida para uma maré de sortes, à espera que talvez alguém adivinhe o que nos passa no pensamento. Porque não tentar e sair da zona de conforto? Não apenas pela experiência, mas pela liberdade que nos confere a atitude de francos e genuínos. Só nos custa sair da zona de conforto a primeira vez, e quando saímos temos uma sensação de liberdade única. Não passamos mesmo do chão se formos verdadeiros, nem sempre o julgamento alheio é semelhante ao que tínhamos imaginado, e acima de tudo, sentimo-nos muito mais completos como pessoas.


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