PAI DISTANTE, PAI AUSENTE, PAI INEXISTENTE
O aparecimento de propagandas com homens sorridentes e crianças felizes em seus braços indica que o Dia dos Pais está chegando. Entre anúncios e mensagens compartilhadas nas redes sociais, chama atenção a quantidade de pessoas que não parabenizam seus pais, mas agradecem às suas mães por terem desempenhado duas funções durante toda a vida. Na realidade que ultrapassa os sorrisos da televisão, muita gente não teve um pai presente. Na minha opinião, a única justificativa para que um pai não assuma a paternidade de um filho e se mantenha ausente é a morte, no que diz respeito, lieralmente falando, a impossibilidade de estar fisicamente presente.
Porque há inúmeros pais que, mesmo quando morrem não deixam seus filhos sozinhos, pois a representatividade deles na existência do filho não é enfraquecida nem pelo tempo, nem pelos quilômetros, nem pela fragilidade da vida.
Por outro lado, há dezenas de pais deliberadamente ausentes, pais que permitiram que a distância fosse se abrindo como abre-se uma cratera no chão, até que o buraco torne-se intransponível e que reste apenas um olhar afastado para alguém que praticamente nem se conhece. Eles ainda estão lá, mas já são um pouco desconhecidos e também já não sabem bem que filho é aquele.
Há também os pais inexistentes, estes não existem como pais. Podem ter RG, CPF, endereço fixo, mas simplesmente não existem. Existem como homens, como profissionais, como vizinhos. Mas não como pais. Não se classificam como um mau pai ou como um pai ausente porque simplesmente não são pais, não existem como pais.
Pais ausentes e pais inexistente frequentemente não fazem ideia dos danos que causam. Quantas sessões de terapia são necessárias para amenizar seu descaso? Quantos relacionamentos malfadados seus filhos terão por conta desse vazio? Quanto isso refletirá na vida deles como pais ou mães? Pais ausentes e inexistentes convencem-se de que tudo vai bem sem eles (ou apesar deles), mas eles sabem que não vai. Nunca vai.
O que sei é que ter um pai distante dói. Mas ter um pai distante presente é uma sorte. É saber que a solidez e o amparo deles não estão vulneráveis a variável nenhuma. Não importa onde eles estejam, eles sempre estão conosco. Pais presentes. É isso que importa. Acertando ou errando, mas tentando, fazendo seu melhor. O que todo mundo precisa é saber que eles estão sempre aqui, mesmo quando não estão.
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