NÃO TOME DECISÕES BASEADO EM REAÇÕES ALHEIAS
Dependemos excessivamente do olhar do outro para agir ou ser alguém. Mas isso não precisa ser assim.
Esse é o ponto chave da liberdade: não tomar decisões baseado em reações alheias. Devemos preservar nossa opinião sem agredir os outros.
Relacionamentos saudáveis, digo, onde cada um é um indivíduo pensante, com opinião própria e livre para ir e vir, são maravilhosos e assustadores. Acredito que a pessoa para poder ter um relacionamento assim, deve avançar um pouquinho e aceitar o fato de que nada prende o outro se ele não quiser.
E isso, é a verdade nua e crua. Se o outro quiser ir embora, ele irá. Não adiantarão os mimos, os presentes e as juras de amor eterno, o importante é saber onde se está errando no processo e não quando já se chegou ao fim.
O outro sempre quer ter poder sobre você, no máximo te conceder uma liberdade condicional.
O ponto principal é a perda de nossa autonomia e de nosso direcionamento, equívoco comum a homens e mulheres.
O problema é que nos preocupamos com aplausos e agimos cegamente de acordo com as demandas e necessidades dos outros em geral.
Todos nós somos celebridades em nosso mini palco, com nosso microfone invisível e nossa micro plateia de amigos, família e seguidores virtuais. Também todos nós queremos manter uma imagem admirada por todos, sem críticas, sem repúdios ou aversão. Uma imagem completamente aceita e elogiada por todos, não é mesmo?
Adivinhe... isso é impossível. Porém, embora saibamos disso, somos fisgados pela alegria dos elogios (quem nunca se extasiou ao ouvir "Você é incrível!"?) sem prever sua outra face ("Você é um nada"). O modo como outros nos veem passa a ser nossa fonte de felicidade e é assim que perdemos nossos olhos.
Bem, se nossa felicidade depende dos olhares externos, queremos controlar a imagem que está sendo projetada. Para tanto, obedecemos aos movimento desses olhares. Mimamos o outro para recebermos sua aceitação e para que se preserve a imagem positiva de nós que ele detém. Chega a ser um processo de sobrevivência, uma forma de existir dentro das relações.
É por isso que todo homem daria tudo para saber, em definitivo, o que as mulheres querem... Nada menos que sua felicidade e o sentido de sua vida que está em jogo – ou melhor, na mão delas. E não estou exagerando: há homens que se matam e outros que quase explodem quando são abandonados ou traídos por suas mulheres.
As mulheres – e os homens também – não sabem o que querem. A humanidade como um todo é cega para aquilo que mais poderia beneficiá-la (caso contrário, não haveria tantas guerras e injustiças). Portanto, o desejo do outro é sempre uma péssima referência para balizar nossa ação.
Abdicamos de nossa liberdade, perdemos nossos olhos, deixamos nossa autonomia dormindo em casa apenas porque encontramos satisfação em satisfazer o mundo. E não soubemos fazer diferente. Não é ninguém ou nenhuma situação que nos aprisionam, mas nossa própria falta de direcionamento e lucidez.
Assim que encontrarmos uma fonte de satisfação e felicidade que independa de imagens e olhares, assim que percebermos que agir com direcionamento e autonomia nos deixa mais vivos, despertos e potentes, vamos inverter o jogo.
Em vez de mimar as aflições do outro, na esperança de que ele também se esqueça de sua liberdade (de ficar ou partir), em vez de fazer prostração aos desejos dos outros em troca da satisfação dos nossos mesmíssimos desejos, vamos sair do salão de espelhos, vamos acabar com o jogo de imagens e propor brincadeiras mais interessantes, nas quais ambos andem com seus próprios pés, sem ligar para as caras fechadas e birras manhosas que surgirem no meio do caminho.
Nossa vida se faz de modo autônomo, de dentro pra fora, caso contrário somos arrastados por olhares alheios que não nos garantem estabilidade alguma.
Sabe, eu gosto de escrever basicamente porque todos nós temos algum tipo de perturbação, insatisfação, aflição e confusão. O ponto não é teorizar, mas pensar meios hábeis para que possamos nos liberar dessas pequenas prisões.
Tem muita gente confusa, patinando e desejando mais estabilidade e direcionamento em suas vidas. É só abrir os olhos.
Faz alguns anos que ficou nítido: se eu apenas viver uma vida bacana, algo vai ficar faltando. E esse algo é a felicidade insuperável de movimentar os outros em direções positivas, ativando uma liberdade que todos já tem, mas muitos se esqueceram.
Quando os outros começam a agir assim, eles também ficam felizes porque percebem que isso é melhor do que se refugiar em castelos de areia e esperar que eles sejam eternos (casamento, trabalho, moradia, tudo aquilo que rezamos todo dia pra não desabar).
Se cada um de nós puder fazer isso com os outros ao redor, caracas, isso seria uma revolução sem igual.