segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

SOBRE A AUTO IMAGEM

ESCAPE DA PRISÃO DA SUA AUTO IMAGEM


Um dos meus PENSAMENTOS favoritos diz:
 “Abandonando nossas fachadas, nossas identidades, nossas histórias – o que sobra? Apenas o ser.”
OU SEJA, 
"Se não nos apegarmos a opiniões ou visões em particular, ou a traumas e histórias do passado que usamos para definir o nosso Eu, sobra o quê? A presença."

Uma das características principais de uma vida de adormecimento é que nos identificamos completamente com um ser composto de um Eu. Começando com nosso nome, nossa história, nossa auto-imagem e identidade, nós usamos cada uma dessas coisas para solidificar o conceito de que estamos vivendo nosso pequeno mundo. Concebemos-nos como ‘’especiais’’ – não no sentido de sermos diferentes ou excepcionais, mas no sentido de nos sentirmos únicos, separados e importantes. Entretanto, não precisar ser especial, não ter que ser de qualquer maneira específica é o que significa ser livre – livre para provar a nossa existência natural, o nosso ‘eu’ mais autêntico.
Por exemplo, todos temos imagens de nós mesmos que carregamos inconscientemente durante nossas horas acordados. Nossas auto-imagens são conceitos ou imagens de como nos vemos. Nós podemos ter uma auto-imagem de sermos bons, competentes ou profundos; ou podemos ter uma auto-imagem negativa – vendo nós mesmos como fracos, estúpidos ou sem valor. Nós vivemos guiados pelo orgulho de sermos vistos de determinada maneira, na maioria para conquistar a aprovação de algumas pessoas que consideramos a opinião importante. Sejam nossas roupas, nosso cabelo ou nosso corpo – nosso radar de aprovação está constantemente funcionando, na maioria das vezes inconscientemente.Definimos quem somos para nós mesmos e para os outros, e geralmente nós somos totalmente identificados com essa imagem.
Nossas auto-imagens e identidades se tornam parte e parcela das histórias que tecemos sobre nós mesmos. Quase sempre essas histórias são versões distorcidas da realidade sobre quem realmente somos ou de como estamos nos sentindo – nossa história, nossas vitimizações, o porquê de estarmos zangados e por ai vai… Nós percebemos que estamos presos a uma historinha quando falamos para nós mesmos: “Eu sou inútil”, ou “Eu estou deprimido”, ou “As pessoas deveriam gostar de mim”. Estamos claramente presos a historias quando falamos “Eu sou assim porque….” e colocamos a culpa em alguém – nossos pais, por exemplo ou em alguma coisa que aconteceu conosco. Nós também podemos perceber que estamos envoltos em uma de nossas histórias quando pensamos “Eu sou o tipo de pessoa que…” ou “Eu não sou o tipo de gente que…”. Por exemplo, “Eu sou o tipo de pessoa que tem que ficar sozinho” ou “Eu não sou o tipo de pessoa que pode ser disciplinada”. O ponto é, a maioria das nossas histórias são auto-enganos que foram gerados só com um lado da verdade – só com o lado que nos vimos e nos sentimos naquele determinado momento. Mas viver dessas histórias e acontecimentos só nos afasta de vivermos uma vida mais autêntica.
Talvez a história mais relevante e profunda que contamos para nós mesmos é aquela de que somos um Ser único e permanente. 
Pensando nas várias histórias, momentos e situações que vivemos todos os dias, como podemos continuar a acreditar na história que somos um Ser único e imutável? Na verdade, toda noção de que o que nós somos são apenas algumas histórias limitadas de um ‘Eu’ é talvez a maior ilusão que a prática espiritual aponta. É por isso que um dos ensinamentos mais profundos é que não precisamos ser ninguém especial. Em outras palavras, ser internamente livre significa não vivermos reféns de auto-imagens e nem de identidades; nós não devemos nos sentir de uma maneira padrão sobre as coisas; nós não devemos nos guiar pelas histórias que contamos a nós mesmos, histórias que ditam quem somos e como devemos viver.
Para experimentar a liberdade de ter uma vida mais autêntica, é absolutamente necessário que abandonemos nossas histórias e ilusões. Isso não é nada fácil de se fazer, mas nos ajuda a ter a experiência de como se viver mais autenticamente. Primeiramente, viver autenticamente significa viver com honestidade – estar disposto à enxergar nossas próprias ilusões e erros; questionar nossas auto-imagens e identidades; examinar as histórias que tecemos sobre nós, incluindo as histórias sobre nosso passado e sobre quem somos. Muitas das nossas convicções, ideais e ‘deveres’ são apenas construções mentais nascidas do nosso condicionamento. Temos a coragem de ver as coisas pelo que realmente são? Podemos conseguir a liberdade de não olharmos mais as velhas histórias como alicerces?
Nós não queremos sentir o buraco do vazio. Algumas pessoas passam por isso até quando não tem planos para o seu dia. Quando acordam, ao invés de almejarem pensamentos relaxantes e positivos, há apenas sentimentos de perdição: “Quem eu vou ser? O que eu vou fazer?”
Viver autenticamente requer que sejamos totalmente abertos com nossa vida: estarmos dispostos à encarar coisas que nunca quisemos encarar. Isso inclui nossos medos de rejeição e inutilidade e nossas incertezas. Ser aberto, ser presente, nos permite que não mais vivamos dormindo pela vida buscando conforto ou aprovação – a oportunidade de pararmos de viver com a ilusão de que nosso tempo é infinito.
Se aspirarmos viver de forma mais autêntica, uma posição mais saudável seria de tentarmos viver de forma mais honesta e mais desperta. E também de sermos mais bondosos conosco quando falharmos. Se sentir culpado quando vacilamos é desnecessário e não nos ajudará de forma alguma. O que pode ajudar é ocasionalmente sentir o remorso de não vivermos com nosso verdadeiro coração e mente, de estarmos indo ao caminho contrário da nossa aspiração de vivermos mais despertos.
Ao longo do caminho da prática, vamos parando de viver da nossa auto-imagem e de nossas tantas histórias e passamos a viver mais dos nossos valores mais internos e do nosso eu mais autêntico. Quando eu penso nas pessoas que conheci e mais admirei, os valores que se sobressaem são a honestidade em olhar para a vida; viver com presença, tranquilidade e força interna; e viver com apreço e cordialidade – todos estes fatores contribuem pra gente se sentir em paz. O que atrapalha no desenvolvimento da jornada do nosso eu autêntico é a insistência em se rotular e se identificar com as nossas pequenices. 
Quando trazemos consciência e questionamento às nossas auto-imagens, elas começam a perder o poder sobre nós.
Ser ninguém em especial significa que estamos livres da ilusão psicológica do ‘Eu sou Assim’. Não nos vemos mais como um ser único e separado do mundo ao nosso redor. Se não nos apegarmos a opiniões ou visões em particular, ou os traumas e histórias do passado que usamos para definir o nosso Eu, sobra o quê? A presença. O ser na forma mais pura. Isso nos dá a experiência de ser o nosso eu mais autêntico, com a sabedoria interna de que estamos sendo. Sendo nós mesmos, muito além das nossas auto-imagens, das nossas histórias e do nosso corpo.
Se identificar com a presença de somente ser, ao invés de se identificar com as inúmeras imagens e identidades que temos, é como se identificar com o céu, e ter consciência de que as nuvens vêm e vão. Quando nossa consciência se expande, a nossa ligação com a vida se torna perceptível e se torna mais do que um simples entendimento intelectual. 
Enfim a auto imagem idealizada é uma defesa que pretensamente nos protege da dor de sermos nós mesmos. É o que chamamos mascara (ou persona). Para retirá-la, é preciso remover a razão pela qual temos que parecer que não somos quem de fato somos!



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