SOMOS ESPECIALISTAS EM USAR OS PRONOMES POSSESSIVOS
Com o passar do tempo nem notamos o quanto a ideia de "MEU" pode escravizar nossos pensamentos e criar uma bela ilusão emocional: de que as pessoas e coisas realmente nos pertencem. Associada com essa posse a necessidade de controle, nós pegamos e somos pegos por mãos que não existem.
“MEU filho é coisa mais importante da MINHA vida.”
Eu tenho medo quando ouço frases assim e sinto compaixão pela criança.
Essas frases são tão comuns que nem notamos as armadilhas implicadas nelas.
Quando afirmo isso é MEU, eu sou a primeira pessoa aprisionada na afirmação, pois que me torno apegado e por conseguinte dependente.
Perceba como a liberdade pessoal é lentamente deixada de lado. Silenciosamente passamos a estabelecer uma relação de dominação sutil. Mas nesse jogo, dominador e dominado estão acorrentados na mesma prisão e presos estamos meio mortos.
“MINHA esposa fez tal coisa”. Essa frase denuncia uma completa cegueira. Aquela mulher (livre de papéis) fez tal coisa. Por acaso nesse momento um dos papéis que ela assume é o de sua esposa.
Reduzir uma pessoa à um papel que esteja ligado aos nossos desejos costuma nos encaminhar para lugares perigosos.
A estrutura mental por trás disso que está sendo questionada.
Ao seu lado uma pessoa pode estar asfixiada. Você a ama? Então deveria desejar que ela fosse para paisagens mais amplas. Se você não tem coragem, disponibilidade, vontade ou condições é justo impedir que a outra pessoa fique aprisionada? Manter alguém infeliz ao seu lado é inveja (Segundo o dicionário Aurélio a inveja é o “desgosto ou pesar pelo bem ou felicidade de outrem, desejo violento de possuir o bem alheio”). Você sem perceber pode chama isso de amor.
Se alguém quer ser feliz de um jeito específico que eu não posso proporcionar, então ele tem amplos direitos de seguir à diante. Ele não é seu. Nunca foi.
Imagine o seguinte cenário, uma mulher quer engravidar, mas o marido não quer ter filhos sob nenhuma hipótese. Ela precisa ficar ao lado dele? Claro que não, se essa for uma questão importante para ela. Permanecer seria uma domesticação do pior tipo.
Parece um detalhe simples! Mas é esse detalhe que nos impede de fluir em paz no mundo e nas relações quando elas começam, prosseguem e terminam.
Um relacionamento é essencialmente um espaço aberto para movimentação. É só mais um espaço, não o único espaço e nem o melhor.
É fundamental lembrar que nada é de fato seu, nem seu corpo que está mudando e morrendo minuto a minuto.
Se assumir essa perspectiva passageira, livre e transitória da vida você irá se libertar até de opiniões velhas sobre si mesmo. Quem disse que você é assim ou assado? É possível que nem você mais seja a pessoa que acha que é. Pense seriamente se você ainda adora dizer que é sagitariana, católica, flamenguista, viúva, vegetariana e outros.
Fechar perspectivas é muito limitante para a mente. Sempre deixe a porta entreaberta.
E nunca esqueça! Sua mãe não é sua, nem seu marido, nem seu filho. Nada é seu de verdade, só de mentirinha ...
Sinto muito!
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