quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

E AS BRIGAS NO RELACIONAMENTO?

AMOR É SUFICIENTE?



As brigas são parte inevitável da saúde emocional de um casal? Bem, penso que existe uma diferença entre discutir e brigar. Discutir tem um objetivo em comum de diluir pontos divergentes e alinhar as ideias do casal, a briga tem o propósito de atacar, ferir a vulnerabilidade do outro, elas são compostas de raiva e resultam em um distanciamento improdutivo. Temos a mania de achar que brigas são inevitáveis, não são, para isso é possível tratar os assuntos, que envolvem situações onde a raiva surge, sem agressão, que haja espaço para ser quem você é e que mesmo por trás  da raiva também haja o respeito com o outro.
Os motivos pelo quais casais brigam são infinitos, mas na base costuma ser por questões sexuais, questões financeiras mal resolvidas, diferenças no trato com a família, divergências de pontos de vista (valores diferentes para a vida), discordância na educação dos filhos. 
Casais, normalmente,  não tem pontos de vistas, valores e gostos compatíveis. Precisam sentar e deixar claro quais são os aspectos negociáveis e inegociáveis na convivência. O que conseguem ceder e o que não conseguem, pra saber se a vivência cotidiana entre eles é possível. Pois que, contra tudo que sugere o amor romântico, só amor não é suficiente, há casais que se amam mas a convivência se torna impraticável e a separação acaba acontecendo. 
A briga sempre atrapalha se tem como princípio uma dominação embutida e a tentativa de silenciar o parceiro, seja uma vez ao ano ou toda a semana se o objetivo é calar o outro nunca ajuda.
Eu diria que brigas em excesso não são motivos para a separação, mas já é a própria separação, é quando o casal acredita que tem esperança, luta por algo que na verdade não acontece e a relação fica desfigurada de tanto desentendimento um  após o outro.
Existem casais que ficam dias sem se falar, e aí não se trata de ser certo e errado, mas o fato de que isso alimenta a aproximação ou o afastamento sutil do casal, é uma queda de braço para definir quem é mais fraco porque cedeu primeiro. Ainda que o processo possa parecer recompensador para quem “ganhou” a disputa, na dinâmica do casal prejudica o casamento à longo prazo. Quando ficam calados e mau humorados isso quer dizer que eles não tem um real espaço para abrir o que pensam sem ser censurado ou condenado pelo parceiro. Talvez o erro não é discordar ou concordar com o outro, mas se relacionar com as palavras em vez de se relacionar com a pessoa inteira. O mau humor é um tipo de punição ou ressentimento que não ajuda, o casal precisa criar um espaço para conversar  sem se atacar nem ativa e nem passivamente. 
Há também os casais que não brigam nunca, isso é saudável desde que exista espaço onde possam discordar. Se apenas não existe um aparente conflito onde tudo está sufocado e não dito então dá no mesmo, ou melhor, o prejuízo é ainda maior. Afinal, não é a presença ou ausência de divergências que define o bem-estar da relação, nem quando damos voz às nossas confusões, aflições e carências mas sim a  verdadeira honestidade que nasce no momento em que somos fiéis à nossa liberdade. É isso que nos faz  estarmos completamente envolvidos, de pernas trançadas, mas sem deixar de andarmos com nossos próprios pés, sem impedir que o outro viva livremente, mesmo que escolha, por ventura, não ser conosco. Essa é a verdadeira razão pelo qual o outro deve nos admirar: a liberdade que temos de amar qualquer um, de ir para qualquer lugar, a qualquer momento, e mesmo assim (ou justamente por isso) permanecer em casa durante quarenta anos com uma única pessoa. 

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