ESSE É MEU JEITO...
Temos todos liberdade, desde que respeitemos os outros, desta forma, nossa liberdade não é tão livre assim, mesmo sendo a mesminha pessoa.
Quero dizer que é importante ser você mesmo, ainda mais num mundo em que tantas pessoas e coisas vão tentar te dizer como você deve ser, o que você deve fazer, como você deve pensar. É bacana ter uma ideia verdadeira de quem você é e se manter fiel a ela, não deixando de lado o que você quer por pressão alheia, não deixando de lado o que você acredita para agradar os outros.
Mas ao mesmo tempo que ser você mesmo e valorizar a personalidade que você tem é importante e saudável, querer ser você mesmo demais (passar do ponto) e valorizar em excesso a personalidade que você tem não apenas é um pouco perturbador como pode atrapalhar bastante a convivência com as pessoas - além de ser uma justificativa bem infantil quando você faz algo errado.
Isso porque a vida é um eterno processo de conciliação em que quase nunca a gente tem exatamente o que a gente quer, basicamente porque não daria pra todo mundo ter exatamente tudo o que quer o tempo todo - ainda que eu vá ser o primeiro a admitir que algumas pessoas tem o que quer com muito mais frequência do que outras. Você pode achar terrível ouvir música com fone de ouvido, mas num ambiente com outras pessoas, vai ter que aceitar isso. Você pode achar péssimo esperar meia hora pra sacar dinheiro no caixa, mas se tem uma fila você vai ter que ir pro fim e pronto. Você pode achar que o tempo é apenas uma construção aleatória do homem que relevância pro cosmo, mas se marcou com a galera seis e dez, seria bacana chegar mais ou menos nessa hora.
E é nesse ponto que as coisas complicam, porque existe um grande volume de pessoas - cada vez maior, na verdade - que confunde “ser ele mesmo” ou “ser fiel a sua personalidade” a não estar nem aí pra ninguém.
Então é bacana, por mais que a gente deva sempre fazer o esforço válido de agir diante de nossas vontades, princípios, interesses, lembrar que existe aí, na família, no trabalho, no relacionamento, outras pessoas que também tem suas vontades, seus princípios, seus interesses, também tentando lidar com eles. E que tentar atropelar essas pessoas com as nossos desejos e necessidades não é ter personalidade forte, não é ser fiel a si mesmo, é apenas ser mané, nos mais variados níveis que a manezice pode ter. E sua mãe nunca te disse, antes do seu primeiro dia de colégio, a frase “vai lá e seja um tremendo manezinho”, eu posso apostar.
`Portanto, ... "é meu jeito", "tenho gênio/personalidade forte", "sou assim e pronto", "os incomodados que se mudem", "sou louco/a mesmo, e daí?", "não levo desaforo pra casa", de modo que os outros devam se adaptar ao seu jeito imprevisível e caótico, é confundir alhos com bugalhos. As pessoas vendem uma ideia errada de auto estima. Auto estima não é expandir sua arrogância na crença de que IMPULSOS são uma característica de autenticidade, porque IMPULSO tá mais pra falta de controle dos nossos atos.
Sempre falo que temos que buscar a felicidade plena, desde que isso não atrapalhe a busca dos outros que estão ao nosso redor. Acho que é esse o ponto do texto >> > Seja você mesmo mas, por favor, não seja tão você mesmo assim, a ponto de confundir “ser você mesmo” ou “ser fiel a sua personalidade” com não se importar com os outros.
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