quarta-feira, 27 de abril de 2016

NOSSOS PAIS ESTÃO DENTRO DO NOSSO CÉREBRO

NÃO IMPORTA PARA ONDE VOCÊ FUJA

                              
As pessoas costumam ter uma relação estranha com seus pais. É uma luta constante entre liberdade e dependência.
Nascemos completamente dependentes de nossos pais, absolutamente reféns de sua ajuda, seu toque e seu amor. Lentamente nossas forças físicas e psicológicas vão crescendo e concedendo autonomia aos nossas vontades e ações.
Na adolescência entramos num embate de ideias, conhecemos outros cenários, outras famílias e questionamos fortemente o que nossos pais nos ensinaram. A rebeldia e revolta é quase certa e sempre ficamos com a sensação de que recebemos pouco.
As reivindicações de amor surgem em forma de revolta, agressividade e gritos. Em essência o adolescente percebe que o paraíso da infância acabou e pressente que já não poderá culpar os pais mesmo que quisesse.
O rolo compressor do tempo esmaga lentamente nossas ilusões de onipotentência. Não somos mais, o mais bonito, o mais simpático, o mais inteligente e o mais querido da mamãe e do papai. As nossas brigas com nossos pais na realidade são frustrações pessoais colocadas sobre aqueles que nos deram tudo o que lhes foi possível dar. E diga-se de passagem que em essência, já bastaria terem nos dado a vida.
Mas os jovens querem mais, nada é o suficiente para sua insatisfação crônica. Ele se depara com os dilemas naturais da vida, mas como não tem a quem culpar elege os pais. Quem de fato podemos culpar por não sermos perfeitos e completos?
Alguns pensam que a saída da casa dos pais definem outros rumos para a própria personalidade. Sem sombra de dúvida essa saída é valiosa, afinal quem melhor para conhecer quem nós NÃO somos do que os nossos pais? O olhar deles inconscientemente nos condiciona naquela criança perfeita e encantada que já não somos, ainda que quiséssemos ser.
Mas, sempre me pergunto, com que pais realmente nós nos degladiamos ?
Conheço muitas pessoas que já saíram da casa do pais e se vangloriam de terem se libertado dos condicionamentos destes. No entanto, continuam com hábitos mentais muito parecidos e se relacionando com as demais pessoas reproduzindo modelos bem familiares.
Em essência não importa para onde você fuja, não é dos seus pais que você se distancia. Você os carrega dentro de sua mente por quanto tempo for.
De seus pais você pode ter registrado um pai autoritário que continua interditando seus movimentos ou um pai permissivo que não lhe avisa quando já passou dos limites.
Muitos fracassos que você enfrenta provavelmente não são frutos de problemas cotidianos, mas reflexos originados desse fantasma que você teima em alimentar.
Culpa dos pais? Não.
É provável que você ainda não consiga dar passos maduros para além das repressões que guarda dentro de si. Por isso precisa alimentar a raiva por tudo o que eles fizeram a mais ou a menos por você.
A liberdade definitiva talvez ainda seja uma sobrecarga para a mente infantil que você alimentou esses anos.
A liberação real desse pai que habita sua mente (esse que pune ou recompensa você pelos seus atos) vem em conjunto com a responsabilidade de suas ações presentes.
E se em última hipótese você ainda culpá-los lembre-se que é capaz que você seja uma cópia fiel daquilo que teima condenar em “papai e mamãe”!

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