segunda-feira, 4 de abril de 2016

SER ADULTO É ESTRANHO

ADULTIVEZ



Quando nos damos conta, olhamos para trás e só o que vemos são lembranças da nossa infância. Quando fecho os olhos, ainda sou capaz de lembrar, com detalhes, do meu quarto na casa da minha mãe. Vejo as paredes com pintura que imitava papel de parede , a posição da cama, o cor do meu armário que era laranja e até um poster com minha fotografia junto com meu irmão na parede. 
Nem parece um passado tão distante assim, mas hoje tenho quase 50 anos e muita coisa mudou desde a época que eu contava os meses para dizer que, finalmente, era uma adolescente.
Quando somos mais jovens, criamos uma certa expectativa sobre a vida adulta. Não à toa as frases “quando eu for grande” ou “quando eu for adulto” são tão repetidas pelas crianças.
Ficamos esperando uma mudança brusca, aquele momento onde viramos adulto, aquela virada de chave, mas fazemos 18 anos e isso não acontece.
O processo, na verdade, é bem mais gradual, variando bastante para cada um de nós.
Apesar do estereótipo de adulto sério e responsável, a maioria de nós sustenta uma máscara, projetando essa seriedade por ser o que o mundo espera.
Mas lá dentro, pouco muda.
Você cresce e continua gostando de coisas bobas, sentar para falar bobagem com os amigos continua sendo divertido, sendo uma das melhores formas de distrações que existem.
Desenvolvemos um senso de responsabilidade, mas a bobeira da juventude tende a continuar por ali.
Por algum tempo, entramos na pilha da adulta séria super responsável, o que nos causa vários conflitos internos. Hoje, evito incorporar o personagem da velha chata. 
Como se sabe, a vida é essa instável corda bamba, que em algum momento as coisas podem - e vão - dar errado. Neste momento existem pouquíssimas pessoas que podem nos ajudar. Quando nos damos conta, estamos ali, sozinhos e perdidos no mundo.
Todas as vezes que me encontrei em situações como essa, por mais distante que eu estivesse, a família representou uma base de apoio, pessoas dispostas a se sacrificar em algum ponto para ajudar no que pudessem. Saber que nossa estrutura familiar possui esse importante papel é importante por dois motivos, o primeiro é a liberdade em se abrir e pedir ajuda quando for necessário, o outro é estar preparado para ser a pessoa que estende a mão para resgatar alguém que ficou pelo caminho.
Também concluimos que sabemos menos do que achava que saberia.
Lembro das perguntas que fazia para minha mãe quando era criança. Era como se ela fosse o grande oráculo da sabedoria, como se tivesse conhecimento para curar todas as doenças e resolver todos os problemas. Cresci esperando ser a pessoa que tem todas as respostas, mas hoje olho para trás e vejo que ela estava tão perdida quanto eu.
No inicio da fase adulta temos muitas certezas, parece que estamos próximos de reter todo conhecimento sobre praticamente tudo, mas o tempo vai passando e precisamos reconhecer que não sabemos muito bem o que está acontecendo, muito menos para onde estamos indo.
Por existir a pressão social em saber com toda firmeza o que queremos, muita gente ainda carrega essa postura, mas não demora muito para entender que tudo é confuso demais, que novas informações surgem o tempo todo e, no fim, não fazemos muita ideia de muita coisa.
Uma das minhas frustrações ao ficar um pouco mais velho foi reconhecer que os adultos não deixam transparecer os pequenos problemas e medos que sentem. Existe muito teatro, muita projeção de uma realidade que não é exatamente o que encontramos quando chegamos lá.
Minha preocupação agora é imaginar tudo o que aqueles, ainda mais velhos do que eu, não contam sobre sua fase da vida. Muita surpresa ainda deve surgir pelo caminho.
Poderíamos comparar a entrada na vida adulta como ir para creche quando criança: você chora no começo e com o passar do tempo vai se distraindo, só que a diferença é que ninguém vem te buscar depois kkkkkkk.
>> Ninguém pode te buscar da vida, cabe a você somente viver (e sobreviver) nela <<


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