terça-feira, 2 de agosto de 2016

"EM BRIGA DE MARIDO E MULHER, NINGUÉM METE A COLHER"

A VIDA DE UM CASAL É A DOIS E NÃO A TRÊS

Noite, dia, cidade, rua. Bar, boteco, restaurante. Tanto faz, é apenas um exemplo – mas que você se identifique. Pode ser quarta-feira, a noite oficial do chifre (motivo: futebol ou saidinha de happy hour com os amigos só pra relaxar). Pois é. Eis que de repente, no exato segundo que você desvia o olhar de qualquer coisa e gira o pescoço pra direita, está lá, namorada(o), marido ou esposa de um amigo seu, aquele guri(a) bom e considerável, alisando carinhosamente os cabelos de um outro. Um outro boa pinta ou não, que não é pai nem mãe ou irmão nem irmã da pessoa.
Você olha bem. Respira. Olha de novo pra certificar.
É obvio que nessa hora surge a maior das dúvidas: sorrio e aceno amaldiçoando a provável falha alheia ou apenas saio?
Sou da opinião que você deve sair, saia. Haja como se não tivesse visto nada. Como se fosse um corpo sem alma. Contar pro seu amigo que ele está sendo traído sempre será uma fria. Repito: sempre. O portador da fatalidade será inevitavelmente tido como um profeta não quisto. Isso quando não for tachado de míope, louco, fofoqueiro ou bêbado, mesmo que estivesse na ocasião em sã consciência.
Afinal, a vítima jamais vai conceber aceitar uma coisa dessas. Surgirão questionamentos. “Tem certeza que era ele? Quanto você já havia bebido? Mas será que ela não estava apenas tirando uma folha do cabelo dele?”.
Essas dúvidas só servem para você desconfiar de si mesmo e cogitar que estava tendo um surto de delírio na hora do flagra. Portanto, evite-as da maneira mais singela possível. Em silêncio.
Para quem é passado para trás, perdoar o deslize depois da denunciação vai se tornar muito mais difícil. Sem contar que, numa das fases da aceitação, seu amigo pode ser daqueles que desejarão intimamente nunca ter tido notícias da infidelidade. Assim, inconscientemente, associará sua pessoa como causadora de toda a infelicidade do relacionamento.
Talvez contar ao seu amigo que ele foi traido mudará para sempre o rumo da doce vida dele. E isso não é necessariamente bom. A traída vai se ver obrigada a se separar para não ser escrachada pelas amigas enfurecidas. Caso contrário, ficará impossível frequentar as reuniões antigamente tão adequadas. Acaso perdoe a infidelidade, dez anos depois ainda será apontada na rua como chifruda, mesmo que o companheiro tenha “aprendido a lição” (seja lá o que isso signifique).
Já o traidor se afastará dos amigos para evitar qualquer tipo de repreensão. Quem não conhece alguém que se recusou a reatar os laços com o companheiro, mesmo desejando imensamente a reconciliação, por medo de reprimendas?
Resumindo se você conta, podem acontecer as seguintes hipóteses:
1 - Ele (ou ela) fica eternamente grato (a), termina com a pessoa e pronto, amizade fortalecida entre vocês. É o que menos acontece!
2 - Ele (ou ela) termina, fica constrangido contigo pelo que aconteceu, e a amizade esfria.
3 - Ele (ou ela) termina, mas volta com a ex traidora. E a ex começa a colocar os dois um contra o outro, ou a afastá-lo de você porque ela passa a ver você como um vilão, uma ameaça, e acaba talvez até te envenenando.
4 - Ele (ou ela) termina mas acaba voltando, e mesmo que a ex finja que nada aconteceu, ele fica constrangido por ter sido corno e voltado, e com isso, a amizade esfria novamente...
Traduzindo: as chances de contar e dar tudo errado são altas. Melhor que fiquem sabendo de outra forma. Absolver o companheiro da traição - de segundo ou primeiro grau – é passar por cima do ego, do julgamento alheio, do orgulho interno e das inúmeras fofocas de salão.
Merece um troféu quem aguenta. Mas é melhor nem disputar. Portanto, silêncio. Lembre-se: você não viu nada. Penso que a vida de um casal é a dois. O dia que for a três, você passa a poder dar pitaco na vida deles.
O fim, quando acontece, deve ser natural. E em casos assim, ele é iminente.

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