terça-feira, 30 de agosto de 2016

ESPERANÇA - MEDO

SOFREMOS NA EXATA MEDIDA EM QUE ESPERAMOS


"Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram"
Drummond de Andrade:

"O que você está sustentando? Você têm medo de quê? Onde estão suas esperanças?"
Não é irônico? Ao mesmo tempo que a esperança parece ser o nosso motor, aquilo que nos impulsiona, ela nos engana, nos decepciona, destrói nossos relacionamentos e nos faz cometer atos que algum tempo depois não nos orgulham muito.
Será que a esperança não é uma grande armadilha?
Sempre que esperamos algo, começamos a agir com base em um script, um roteiro, que nos aprisiona. Ele começa a ditar o rumo das nossas ações, baseado num parâmetro que, naquele momento, parece ser a coisa mais óbvia a se fazer: eu preciso conseguir o que desejo.
Por causa da esperança de que as coisas sejam de um jeito e não de outro, começamos a sustentar experiências, como garçons apressados no meio de um restaurante lotado.
O fato de tentarmos equilibrar esses pratos limita nossos movimentos. Se alguém nos chamar e nos distrairmos por um segundo, teremos apenas os cacos para varrer. Esquecemos que toda essa tensão pode ser facilmente aliviada se equilibrarmos menos coisas em cima das nossas bandejas. Só assim poderemos ter um pouco mais de liberdade para nos movimentarmos com menos medo de estragar tudo.
Se não há nada a ser sustentado, não há por que termos medo de pisar em falso e deixar tudo simplesmente cair.
Se esperamos, estamos carentes, desejosos, famintos. Queremos algo, precisamos obter esse algo que tanto queremos.
Se você não espera, você é rico, um rei. Você não está à espera por que já tem tudo o que precisa.
À partir disso, você pode se relacionar pela via oposta. Ao invés de desejar e tentar obter, você oferece.
Há uma frase que diz:
"Ergue a mão ao que a mão pode colher, e ao resto, esqueçe e renuncia"
Sua magoa foi todinha criada só por você mesma. Quando criou expectativas e fantasias mesmo sobre algo impossível, o pior é que a gente nem enxerga e coloca a culpa toda nas outra pessoa, nas circunstâncias, enfim. 
O problema todo está nas fantasias que a gente cria e, depois, quando não acontece como esperamos, pensamos: Mas porque não deu certo? Não aconteceu como eu achei q ia ser??? Claro, porque eu inventei um mundo paralelo totalmente fora da realidade no meu fantástico mundo de Bob.
Cada dia fica mais claro pra mim que, na verdade, a gente não controla nada, nenhum fato externo a nós, que viver talvez tenha sentido, talvez não, mas a história toda deveria se resumir a ser a melhor versão de nós mesmos e ponto, sem esperar nada, porque a esperança/medo envolve ansiedade, tensão, controle, expectativa de que as coisas e pessoas se comportem de um jeito e não de outro. E essa experiência aflige e tira a paz. Não espere, viva!

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