FESTEJANDO O NETO
Ricardo fez 2 aninhos ontem dia 5 de novembro. É como um filme que você volta a fita, festejamos os filhos e da mesma forma festejamos os netos.
É uma analogia perfeita a de que os netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhes caem do céu... sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade.
Quarenta anos, quarenta e oito... Você sente que o tempo passou mais depressa do que você esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem as suas alegrias, as suas compensações, todos dizem isso, embora você, pessoalmente, ainda não as tenha chegado a terceira idade, mas já dá pra ter uma noção. Todavia às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade. Não de amores com paixão, a saudade é de alguma coisa que você tinha e que lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade: bracinhos de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as crianças?
Naqueles adultos cheios de compromissos que hoje são os filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações, é difícil encontrar de algum modo suas crianças perdidas. São homens ou mulheres- não são mais bem aqueles que você recorda.
E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, lhes colocam nos braços um bebê. Completamente grátis - nisso é que está a maravilha.
Sem dores, sem choro, aquela criancinha da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade, longe de ser um estranho, é um filho seu que é devolvido.
E o espanto é que todos lhe reconhecem o direito de o amar com extravagância.
Sim, tenho certeza de que a vida nos dá netos para compensar todas as perdas trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vem ocupar aquele lugar nostálgico, deixado pelos idos da juventude.
E quando você vai segurar o menino e ele te dá um abraço dependurado, não sei explicar, mas parece com bolinha de sabão.
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