quarta-feira, 8 de novembro de 2017

NÓS SOMOS O TEMPO, SEJA PRESENÇA LIVRE

NÃO SÃO OS ANOS QUE PASSAM, MAS NÓS QUE PASSAMOS


Ao transformar tudo em entretenimento, nossa cultura nos mantém em duas posições desconectadas do tempo: a distração (ou correria) e o torpor (ou tédio). Correria é a sensação de que temos pouco tempo — o tempo já passou, estamos atrás. Tédio é a sensação de que temos muito tempo — o tempo ainda não chegou, estamos à frente. São duas faces de nossa condição apática. A alegria não surge daí, mas de uma presença que não se dá nem antes, nem depois, nem atrás, nem à frente. Nem mesmo no famoso “aqui e agora”, uma abstração tão grande quanto passado e futuro, já que nunca conseguimos apontar esse tempo. O caso é que nós somos o tempo, não são os anos que passam, mas nós que passamos. Agindo com nossa presença livre, podemos planejar à vontade, mas não vamos nos fixar e perder contato com a realidade, sempre mais ousada do que o mais perfeito dos planejamentos.


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