PARA ORGANIZAR FORA, TEM-SE, NECESSARIAMENTE, QUE ORGANIZAR DENTRO
Não há dúvidas que vivemos há algum tempo (mais) uma grande crise, política, econômica, social, coletiva, e, de novo, queremos ordem no mundo, politicamente, religiosamente, economicamente, socialmente (parece que sempre há crises). Nas nossas relações uns com os outros, queremos ordem, queremos alguma paz, alguma compreensão, mas há também a necessidade de atenção à nossa crise “interna”, pessoal, individual, que, é a verdadeira crise: A crise não está lá fora, a crise realmente é interna, e nós não estamos com vontade de resolver isso.
Interna como? Podemos nos perguntar. As palavras que define interna são “psicologicamente” e “na consciência”. A consciência está em confusão, em contradição. A forma mais simples de entender isso talvez seja ver que o que se busca como ordem no mundo não está correspondendo à desordem que se vive internamente — desordem psicológica e desordem da consciência. Uma frase atribuída a Sigmund Freud tem sido compartilhada exaustivamente na Internet, onde ele pergunta: “Qual a sua responsabilidade nos problemas do mundo que você critica?” ou “Qual o seu envolvimento na desordem da qual você reclama”, enfim "qual a parte que te cabe no latifúndio".
O que se quer dizer com crise interior é que isso fala da nossa super-adaptação aos vários sistemas vigentes, que seguem inquestionados: Quando eles oferecem sistemas e você os aceita, você está fechado, seguro, protegido, e você sente isso. E a maioria da pessoas querem se sentir protegidas psicologicamente. Mas as instituições nunca salvaram o homem, politicamente, religiosamente; elas nunca realmente libertaram o homem da sua tristeza, dor e todo o resto. Sabemos disso, mas os sistemas tem um apelo extraordinário para aqueles que não pensam. Mais do que a ignorância, o problema é a “preguiça” de refletir.
Bem, se temos dúvidas, que nos perguntemos, sincera e profundamente, sem se apegar a padrões de respostas já existentes, e assim chegaremos a respostas mais verdadeiras.
O que nos leva a projetar a responsabilidade sobre o outro, ou sobre o sistema? Assim podemos ir ampliado e renovando, “encarando as crise”, buscando uma ordem e esclarecimento interior.
Encarar a crise parece ser o começo, ao inves de negá-la e projetá-la. “Ok, é interior, é minha”, isso é um passo. Depois há que se descobrir o seu próprio “como”, não há uma fórmula. Porque depende de qual a sua crise. Sua motivação. Seu caminho.
E para organizar fora, tem-se, necessariamente, que organizar dentro.
Nesse caso, quem organiza dentro de si (a partir da visão correta da vida), encontra o seu lugar no mundo.
Abraço fraterno.