AVENTURA NO PEDAL > PERIGO NÃO, EMOÇÃO!
Domingo passado, dia 29, resolvi participar de uma prova ciclistica conhecida no Brasil com Audax. Trata-se de um evento ciclístico não-competitivo e de longa distância, lá fora a mesma prova é conhecida como Randonneur.
Pois é, como disse resolvi me aventurar no tal AUDAX, escolhi o termo aventurar, pois é geralmente como me refiro a esses desafios que vez ou outra me disponho a encarar. Dessa vez, com a cara, uma caloi 10 e a coragem.
O temo aventura não necessariamente quer dizer perigo, mas com certeza quer dizer emoção.
Se meus desafios trouxessem sofrimento, eu seria uma masoquista. A verdade é que mesmo num esforço gigantesco, tudo se torna extremamente prazeroso.
Poderíamos chamar isso de prazer intenso dos sentidos e pode ser descrito como a sensação de integração de tudo que envolve a prática daquilo que você se dispõe a encarar num desafio desses, o que resulta numa sensação difícil de descrever.
Por exemplo, no ciclismo, você está sobre a bicicleta, totalmente concentrada no presente momento, com a respiração ritmada e o corpo físico trabalhando intensamente, a mente simplesmente para de funcionar no turbilhão em que normalmente funciona abrindo espaço para algo mais profundo. Quando chegamos nesse estado, tudo é feito da melhor maneira possível, com a intuição mais aguçada, não há tanto sofrimento no esforço.
Qualquer prática esportiva realizada ao longo dos anos nos proporciona uma consciência corporal muito importante.
Talvez o maior mal moderno seja a falta de autoconhecimento, incluindo essa consciência corporal. Poucos vão fundo na exploração do que temos em nosso interior. Mal conhecemos nossos corpos, nos confundimos com nossas emoções e pensamentos e achamos que somos nossos cargos, nossas carreiras, nossos famílias, nossos papéis na sociedade. Vivemos com a cabeça para lá e para cá, sem vivenciar o aqui e o agora. E vamos atravessando a vida sem saber bem o porquê, sem observar melhor o que está subjacente.
Quando realizo minhas práticas esportivas dá pra sentir isso perfeitamente. A simplicidade é reveladora. No caso com a bike, ao pedalar kms a fio, como no Audax, há apenas você, a bicicleta e a estrada, e essa liberdade proporciona um profundo sentimento de harmonia interior, caso você tenha capacidade de observação.
Você entende melhor o seu corpo e as emoções e pensamentos que surgem. E chega ao final de um pedal ou de qualquer desafio sempre se sentindo gratificada.
No longo caminho que percorri, passei por lugarejos, canaviais, pastos, pequenas pontes, estrada de terra batida, de paralelepípedos e asfalto. Enfrentei muito sol, muito vento e calor. Senti a adrenalina de quase cair e se recuperar e o alívio e orgulho de chegar sem nenhum incidente, sã e salva. Acabei criando uma alegre amizade com uma companheira de percurso que nunca vi.
O treino através dos anos, me faz perceber meu corpo ficando mais forte e leve. Talvez desenvolva uma obsessão por ficar mais leve, para não ter que carregar peso desnecessário. Senti na pele que o vento pode ser meu melhor amigo ou pior inimigo. E contei quilômetros e quilômetros em que pude realmente ver o mundo ali à minha volta.
Depois de tudo isso começou a cair a ficha que, mais uma vez, me superei, que nada é impossível e que o meu cansaço é capaz de se transformar em uma satisfação 10 vezes maior.
O desafio Audax é isso, transforma o pedalar comum em algo fantástico, uma experiência tão simples e ao mesmo tempo tão plena.
Você entende melhor o seu corpo e as emoções e pensamentos que surgem. E chega ao final de um pedal ou de qualquer desafio sempre se sentindo gratificada.
O treino através dos anos, me faz perceber meu corpo ficando mais forte e leve. Talvez desenvolva uma obsessão por ficar mais leve, para não ter que carregar peso desnecessário. Senti na pele que o vento pode ser meu melhor amigo ou pior inimigo. E contei quilômetros e quilômetros em que pude realmente ver o mundo ali à minha volta.