segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A MENTIRA E O MEDO

A VERDADE É A ÚNICA COISA QUE ORGANIZA: PODE SER UM CAMINHO DIFÍCIL, MAS É O ÚNICO QUE DÁ CERTO.

"Sê sincero contigo mesmo e disto se seguirá, como a noite segue o dia, que não poderás ser falso com quem quer que seja."
Hamlet
Acho que o fator principal que rege a mentira é o medo. Medo de não ser aceito, medo da vergonha, da perda, da rejeição, do abandono, medo da vida, demonstrando ser incapaz de lidar com estes sentimentos, muitas vezes nem conseguindo reconhecê-los. Mas o medo que está por detrás destes medos todos é um só: medo de ser si mesmo.
Algumas pessoas mentem e não admitem sequer para si próprias. Elas têm medo da verdade. 
Dizem que apenas "omitem" a verdade, o que acaba sendo o mesmo. O pior de tudo, é que mentem não só para os outros, mas principalmente para si próprias, pois o objetivo e o resultado são os mesmos: iludem-se que estão protegendo alguém ou ainda fazem para preservar a própria imagem.
O hábito de mentir normalmente começa lá na infância. As crianças ao verem adultos mentindo, acabam internalizando este comportamento como correto. Aprendem a recorrer à mentira como forma de proteção e defesa, sentindo-se ameaçadas de sofrer algo se falarem a verdade. Assim, vão sendo incentivadas a mentir. Mas devemos lembrar que enquanto crianças não se tem o discernimento de um adulto, que mente sabendo o que faz.
Mentir é esconder, transgredir e são muitas as razões que levam uma pessoa a mentir, como conflitos internos, insegurança, necessidade de aprovação, dificuldade em assumir os próprios atos e suas consequências. Quase sempre a própria pessoa não tem consciência dos motivos internos, por falta de autoconhecimento.
Mente-se também quando há dificuldade de lidar com as próprias frustrações e a dos outros. Ao dizer a verdade, corre-se o risco de destruir a idealização que fazem a seu respeito e nem sempre se está preparado para que alguém o veja como realmente é. Neste caso, a necessidade de mentir confunde-se com a necessidade de ser aceito. Ou seja, quem mente não se aceita, refletindo um conflito interno que requer uma avaliação profunda dos próprios valores.
Deixa portanto evidente, que há dificuldade em aceitar a própria forma de ser e de agir, pois demonstra acima de tudo, uma falta de respeito não só com o outro, mas acima de tudo, consigo próprio.
Quando há a necessidade de esconder algo é porque existe a ideia de que o outro não irá aceitá-lo. Há sempre um pré-julgamento do outro, como um ser incapaz de lidar com a realidade. 
Ser sincero com aqueles que se ama, para muitas pessoas, não é fácil, pois acredita que se disser a verdade poderá ser rejeitado.
Mas será que não há medo de destruir uma confiança conquistada ao longo da convivência e que poderá nunca mais ser resgatada? 
Por mais que algumas verdades possam ser desagradáveis, uma verdade vale mais que mil mentiras. É importante sempre ter a capacidade de se colocar no lugar do outro, ou seja, de quem está recebendo a mentira. Quem demonstra não estar preparado para a verdade é apenas quem mente.
Diante de tudo isto, quem mente demonstra que valores como amizade, cumplicidade, integridade, ética, caráter e confiança, que são os verdadeiros alicerces das relações humanas, não são importantes e valiosos como deveriam ou poderiam ser. Vale pensar e refletir nas consequências antes de fazer algo que o levará a mentir.
Em qualquer situação, a verdade, tanto de quem fala, quanto de quem ouve, só é adequada para quem está preparado para crescer. Espero que você esteja! 
E como já disse lá no cabeçalho e vale a pena repetir, a verdade é a única coisa que organiza; pode ser um caminho difícil, mas é o único que dá certo no final.

Michael Ventura escreve:
“As pessoas para quem precisamos mentir, nos possuem.
As coisas pelas quais devemos mentir, nos possuem.
Quando nossos filhos nos veem assim possuídos, eles não são mais nossos filhos, são filhos do que nos possui.
Se o dinheiro te possui, eles são filhos do dinheiro.
Se é o fingimento e os disfarces que te possuem, eles são filhos da pretensão e da ilusão.
Se o medo da solidão te possui, eles são filhos do medo da solidão.
Se o medo da verdade te possui, eles são filhos do medo da verdade”.

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