A VIDA É MUITO MAIOR QUE NOSSOS DESEJOS...
Assim como a humanidade, cada ser humano, em sua vida íntima, depara-se com a realidade de que seus melhores sonhos, maiores vaidades e mais queridas expectativas nem sempre correspondem à realidade. Na verdade, quase sempre que algo nos incomoda no cotidiano é porque, no fundo, levantaram a casquinha da ferida e cutucaram justo lá, onde a pele é bem vermelha e mais sensível. A cada momento sofremos feridas que abalam a nossa estrutura e nos fazem repensar o que somos e o que queremos a cada instante.
Mas isso é bom.
É uma oportunidade e tanto de realmente evoluir.
Toda vez que alguém falece em nossa família, sofremos uma ferida dessas, pois temos a consciência do quão pouco podemos diante de um destino que parece, sejamos sinceros, aleatório e inclemente. Nossa incapacidade de, às vezes, aliviar a dor de um ente querido revela o quão nossa própria condição humana é frágil.
Mas nem todo mundo nasceu para ver e -- principalmente -- entender as desilusões humanas. Desse modo, se quisermos, podemos ignorar a lição e narcotizar nossa consciência com alguma distração. Mas, agindo assim, continuaremos para sempre crianças perdidas.
Crianças perdidas sim, pois só um adulto sabe dar valor ao poder que emerge de cada derrota.
Toda vez que algo ou alguém nos rejeita, seja em uma entrevista de emprego, em uma amizade proposta, em uma prova de capacidade ou em um concurso público, mergulhamos novamente nossa cara no travesseiro.
Não há decepção que não seja, a par toda tristeza inerente, um degrau a mais em que nosso pequeno ser se abate e é deixado para trás. E esse enfraquecimento é sempre uma espécie de vitória sobre si mesmo. A partir de então, sempre que somos feridos, algo em nós sorrirá gentilmente, por saber que se trata de uma oportunidade de ouro para fazer brotar uma consciência maior.
Eu ouso até dizer que há um momento de nossas vidas no qual a desordem, o caos e o problemático, são fundamentais. Não por masoquismo, mas por termos aprendido que, a cada queda, o que morre era destinado a assim morrer, e o que se ergue é o que tinha de assim nascer.
Tinha de nascer sim. E a tudo que nos derruba devemos um “muito obrigado”
E "àqueles" que nos derrubaram ou ainda vão derrubar, devemos um dia dizer: é uma pena que você jamais venha a dar-se conta do quão longe fui graças ao que ocorreu, agora de onde estou, tudo tem outra proporção.
Se formos perspicazes, o que emergirá será sempre alguém mais desperto.
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