terça-feira, 2 de junho de 2015

NÃO É SOBRE CELULARES E REDES SOCIAIS, É SOBRE NÓS

PARAFERNÁLIAS TECNOLÓGICAS

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Os celulares foram transformados em maiores amantes e vilões dos dias de hoje. O smartphone está com você para o que der e vier, desde que tenha bateria. Acorda contigo, te acorda e vai dormir ao seu lado.
É a cultura da distração. A mente fica distraída o tempo todo, fica cada vez mais viciada em apatia e mais afastada da lucidez. A gente não opera mais direitinho. Será a culpa dos celulares?
Hoje em dia calhou de ser essa tecnologia, mas qualquer coisa poderia evidenciar e potencializar nossa infinita capacidade de se perder, de se distrair. 
Fico sempre com a mesma pergunta: por que é tão difícil pararmos com as tantas distrações? Por que é tão difícil encarar a tristeza, a solidão, o silêncio, o tédio, a morte, a realidade?
É preciso retomar a noção de estar só, é fácil demais cair no espiral de distrações e não estar nunca nem completamente triste e nem completamente feliz. 
Pra se ter uma noção de quantas anda a coisa psicólogos das Universidades de Harvard e da Virgínia fizeram um experimento e conduziram 55 pessoas até uma sala silenciosa e tranquila:

"A maioria das pessoas considerou desagradável ficar sozinha e sem nenhum entretenimento por períodos de 6 a 15 minutos. Dois terços dos homens e um quarto das mulheres julgaram o exercício tão insuportável que preferiram aplicar leves choques elétricos em si mesmos para se distrair. Em um caso, um homem apertou o botão que liberava o choque 190 vezes."

Aff! 
Por isso que eu disse o caso não é sobre celulares e redes sociais, é sobre nós. 
Não é que você seja ansioso. Não é que seu amigo tenha dificuldades de se concentrar. Não é um problema de uma ou outra pessoa. Estamos todos vivendo na cultura da distração.
É uma epidemia, uma doença coletiva, social, essa nossa dispersão. Seres humanos considerados os mais saudáveis e normais estão sofrendo do que parece um distúrbio obsessivo compulsivo . Ora, se estamos em um ambiente que promove a pressa e a desatenção, qual é a melhor forma de se adaptar? Viver "na correria", se distraindo sempre que dá.
Se nossa cultura fosse uma pessoa (impulsiva, desligada, entretida), ela não seria um adulto, ela seria um adolescente.
Sinais e sintomas estão por todo lado. Imaginem, por exemplo, um universo repleto de seres dedicados a produzir entretenimento -- apenas entretenimento, sem arte, sem valores, sem sentido, sem nada por trás (pior, com visões e premissas que pioram nossa vida). Em qualquer universo imaginário minimamente digno, tais seres não conseguiriam dinheiro, teriam de arrumar outro trabalho. Mas em nosso mundo eles ganham dinheiro, obtém sucesso, magnetizam outros seres. Mais ainda: religião, arte, cultura, ciência, histórias incríveis e tragédias, tudo vira entretenimento e espetáculo aos olhos de quem está operando sob efeito do vírus da inquietude.
É como se estivéssemos permanentemente distraídos, como se vivêssemos qualquer experiência sempre com pelo menos 20% da atenção voltada a uma lista lateral de vídeos relacionados, pensamentos relacionados, posts relacionados, músicas, livros, notificações, mensagens, emails, comentários... Alguns, como vi em uma reportagem um dia desses, não desligam o celular nem mesmo em retiros fechados de silêncio no meio do mato.
Não sei, mas desconfio que estamos vivendo numa sociedade de príncipes e princesas solitários, por isso as redes sociais superam em demasia o mundo real, na distração não se percebe que ali os seus números de amigos do facebook, por exemplo, são apenas números e não pessoas.
Pensa!



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