SERIA INCRÍVEL SE A GENTE APRENDESSE NA ESCOLA E EM CASA A OLHAR PARA DENTRO
A instituição de ensino, esse patrimônio que educa nossas crianças, sabe da necessidade de uma educação para a vida. Compartilhar brinquedos, brincar bem com os amigos, ser uma criança tranquila, gentil, solidária, participativa, sensível, segura... Tudo isso professores e professoras valorizam cotidianamente em seus alunos.
São qualidades que agregam não só na escola, mas também fora dela, para o resto da vida. Queremos filhos educados, que conheçam seus direitos e os dos outros, queremos alunos felizes, que contribuam para o bem-estar do grupo, queremos criar cidadãos conscientes, amigáveis, tranquilos. Mas o que estamos usando para ensinar isso?
O que a gente começaria a ensinar hoje? Antes de inglês, nadar, usar crase ou fórmulas matemáticas, eu acho que o mais necessário de ser cultivado desde sempre é educação emocional.
Uma base sólida que possibilite saber trafegar bem por suas emoções é um conhecimento muito mais significativo e efetivo: afinal, talvez você não tenha usado seu largo conhecimento de saber de cor todas as capitais dos estados brasileiros. Mas você certamente já passou por momentos de raiva incontrolável, tristeza sem fim, medo desesperador. Não seria incrível se a gente aprendesse na escola e em casa a olhar para dentro? Que delícia ter ferramentas para lidar com nossas emoções sem precisar passar pelos extremos de magoar e machucar os outros ou reprimir e perder o sono, a paciência e a alegria.
Entendo que toda experiência vivida pelas crianças na vida cotidiana é uma oportunidade de aprendizado emocional. O aprendizado emocional está, ao meu ver, intrinsecamente ligado a essas vivências e à vida prática.
Vivemos em um mundo extremamente mental. E acho que fazer mais exercícios mentais dirigidos e extremamente metafóricos com as crianças, não ajuda.
Muitas crianças se comportam como "robozinhos com um software do bem" instalado em suas mentes. São artificiais, e não tem a oportunidade de explorar dimensões do ser humano que são muito importantes, como a raiva, a força, o medo. Apanhar do coleguinha, bater no coleguinha, ficar amigo de novo.
Embora crianças tenham uma capacidade altíssima de abstração e fantasia, traduzir tudo isso para conceitos e princípios é uma atividade muito elaborada, mais apropriada para adultos.
Por outro lado; pense em um jogo qualquer na escola; onde um time ganha o outro perde. Ambos os times tem a oportunidade de aprender sobre as emoções que experimentaram. Ou um passeio com acampamento na natureza, sem eletrônicos, com pouca infra estrutura ou conforto, onde cada criança tem que sair de sua zona de conforto e aprender a ficar bem naquele lugar. Ou mesmo uma prova de matemática; onde seu melhor amigo tira 10 e você tira 4.
São experiências que permitem que as crianças comparem seus conceitos sobre si mesmas com seu desempenho no mundo real. O feedback da vida é preciso, sem enfeites ou agendas ocultas.
É importante a conversa sobre o que nossos filhos vivenciam. Devemos criar as condições emocionais para que elas consigam desenvolver suas tarefas.
Crianças precisam de atividade física, descobrir o corpo e o ambiente, aprender sobre o mundo, sobre prioridades, sobre serviço. Precisam aprender sobre DEVER muito antes do que sobre direitos. Em casa temos que ensinar a parte difícil da vida; por que só lá dá para aprender isso com amor.
Olha só que coisa: relacionamos criar crianças gentis, amorosas e felizes com... Permissividade.
Criar crianças emocionalmente preparadas não é, em momento nenhum, criar crianças que pedem desculpa, abraçam o coleguinha e dizem gratidão. Os conceitos para as crianças (e pra gente também) são muito vagos!
Não vai rolar de ensinar seu filho se não está rolando para você. Não vai rolar de ensinar numa redoma de vidro. Não é sobre não ganhar nem perder nos jogos: é sobre entender que se perde e se ganha. É entender como eu me sinto nisso, o que brota, como eu posso lidar...
Bem, se alguém mexe desastradamente no fogo, ele se queima; se alguém monta mal a cavalo, é lançado ao solo. Há um senso de realidade física.
Trabalhar com o mundo requer algum tipo de inteligência prática. Não podemos ser simplesmente anjos. Se não trabalharmos inteligentemente é bastante possível que nosso auxílio crie uma dependência ao invés de ser benéfico. Pessoas ficarão dependentes da nossa ajuda, da mesma forma como se tornam dependentes de pílulas para dormir. Ao procurarem obter cada vez mais ajuda, elas se tornarão sempre mais fracas. Por essa razão, para benefício dos seres capazes de sofrer ou sentir prazer, necessitamos abrir-nos com uma atitude de destemor, auxiliando os outros a auxiliarem a si mesmos.
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