MENOS!
“Bateu, levou”
“Toma lá, dá cá!”
“Não levo desaforo para casa”
“Não admito que falem assim comigo!”
“Tenho o direito de falar o que eu quero!”
Com frases como essas deixamos nítido um tipo estranho e nocivo de visão de mundo, daquela que está sempre armada, enxerga nas pessoas potenciais inimigos, não dá nenhuma chance e age no ímpeto das emoções.
Se pudesse mergulhar nesse tipo de mentalidade eu veria uma arma pronta e dedo pousado sobre gatilho. Essa postura reage ao menor alarme de outra presença humana que distoa ligeiramente do seu espelho e dispara contra o interlocutor.
Em relacionamentos amorosos vejo pessoas completamente defendidas e armadas que tratará qualquer pretendente seu como alguém que fatalmente vai ter que pagar o preço por todas as desilusões amorosas que já teve no passado.
No ambiente profissional colegas de trabalho se conversam com as garras afiadas julgando, rebatendo e desmerecendo qualquer contribuição do outro por mera autoafirmação.
Em casa os filhos se acham super atualizados e desautorizam qualquer tipo de sugestão dos pais que por outro lado acham que tudo o que vem das gerações novatas é lixo conceitual.
No universo online já é conhecida a enxurrada de ataques e contra-ataques totalmente despropositados e desproporcionais. Qualquer expressão é um trampolim para impor a opinião cheia de verdade para desmascarar os outros.
Menos né?! Parece que vivemos numa paranóia coletiva e o inimigo fatal está sempre solto por aí merecendo nossa reserva e o devido revide.
O tempo só revela um acumulo de desafetos e mágoas que justificam todo tipo de reação mais bruta.
Não sei que mundo seria mais amistoso com tanta gente agindo em nome de uma justiça puramente baseada em sua próprias emoções sem aceitar as diferenças naturais que existem nas relações.
Se o mundo que construimos se pretende melhor talvez precise de menos rivalismo, dominância e defensividade e mais olhos, ouvidos, colaboração, perguntas e abertura de todas as partes, principalmente da que quer briga.