Período de descanso terminado, é hora de começar tudo de novo, de viver as mesmas apreensões características do início do período escolar que nunca são bem resolvidas, perdurando ano após ano. As questões vão desde a adaptação dos pequenos que vão frequentar a escola pela primeira vez, passando pela questão de seu filho ficar ou não em recuperação novamente, até a torcida pra que esse ano você não precise ficar pegando no “pé” dele para fazer as tarefas de casa, e tudo mais...
Sendo assim, a cada ano, o momento volta às aulas parece atravessado por uma enormidade de desafios, mas o maior desafio mesmo é tornar a escola encantadora, é a necessidade de tornar esse espaço algo extremamente interessante para que ela faça sentido para as crianças/jovens, sendo capaz, ao mesmo tempo, de produzir novos desafios intelectuais, afetivos etc.
Ao considerar a complexidade de nossa realidade, a situação da Educação no Brasil, penso que não há como reiniciar um ano letivo sem pensar a questão do formação do leitor – da palavra e do mundo – na verdade, o “nó cego” que atravessa toda a formação escolar e acadêmica, com implicações na vida cidadã.
Fico pensando nesse inusitado analfabetismo um pouco mais sutil. Vivemos num tempo em que parece não ter fim a quantidade de informação disponível, talvez nunca as pessoas tenham lido tanto, mas, paradoxalmente, parece que nunca leram tão pouco. Falo dessa experiência de leitura que arrebata e transforma. Essa leitura que interpela a vida parece já não ter mais espaço quando o desejo é estar, simplesmente, bem informado – sobre uma infinidade de coisas pulverizadas. De fato, pouco ou nada se lê quando não somos capazes de afirmar/reinventar um lugar de leitor diferente daquilo que já está previamente demarcado. Qual tem sido a contribuição da escola para uma leitura atenta e bem cuidada, do mundo, de uma circunstância, ou ainda do outro? E, como iniciar um ano letivo sem nos lembrar dessa nossa realidade?
Fico sempre na esperança de que algo seja realmente inaugurado nas escolas, e quem sabe deixem de falar em criar o hábito de leitura e passem, pacientemente, a cativar a leitura.
Porque, para mim, não há questão mais política na Educação Brasileira do que, efetivamente, a formação do leitor-cidadão, leitor-trabalhador, leitor-líder, leitor-consumidor, leitor…
E eu juro que queria saber, ter de maneira clara no meu entendimento, o que efetivamente acontece para termos a percepção de que nunca se teve tanto acesso a informação da leitura (e da imagem!!!) e que isso, entretanto, não resolveu a questão da “formação do leitor” na nossa sociedade.
Tenho pra mim que, de um modo geral, as escolas a serviço dos esquemas sociais produzem e realmente preferem (porque é muito mais fácil), um grupo de robozinhos que haja conforme os padrões que lhe são oferecidos. Pra reverter a produção desse caus, é preciso fazer uma reforma e instituir uma nova escola, mudando todos os paradigmas, assim como foi feita na reforma psiquiátrica .
Você acredita que, com o andar da carruagem, temos alguma chance desse levante?
Eu temo que não! Mas faço votos sinceros que sim!
ROSANE
Você acredita que, com o andar da carruagem, temos alguma chance desse levante?
Eu temo que não! Mas faço votos sinceros que sim!
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