sexta-feira, 17 de abril de 2015

MENOS AMARRADOS MAIS LIVRES

ÀS VEZES É AMOR. ÀS VEZES É SÓ APEGO MESMO

Num mundo em que a única constante é a mudança, vamos combinar, a gente morre de medo das mudanças, não é?
Não me refiro só ao medo da escola nova, de não se encaixar na cidade desconhecida, das cobranças num novo emprego ou, até mesmo, do vizinho caladão com cara de poucos amigos que se mudou ontem.
Falo daquele medo mais interno de, sem querer, virar um ex-alguma-coisa: ex-namorado, ex-marido, ex-empregado ou ex-pegador. 
Num nível tranquilo, fixação tem  a ver com não mudar. Pode ser interpretada como sendo aquele aspecto da sua vida que você não gostaria que mudasse, ou ainda, aquilo que você tem certeza que é.
Ideologias, religiões, times de futebol, partidos políticos, apelidos, relacionamentos, status social, coisas das quais nos orgulhamos etc. Todas estas podem ser fontes de fixações que acabam por influenciar e restringir as nossas possibilidades de escolhas.
Se o mundo muda constantemente e nós tentamos, a todo custo, manter uma parte da nossa vida inalterada, algum atrito vai acontecer. Se tentarmos manter a nossa identidade atrelada a essas fixações, mais cedo ou mais tarde vamos ter que gastar uma energia tremenda tentando sustentá-las.
Com exemplos isso fica mais fácil de visualizar.
Uma pessoa que se considera um Don Juan, vai estar sempre atrás de uma nova conquista, nunca ficando satisfeito e, mais cedo ou mais tarde, vai usar muita energia tentando sustentar essa fama, gastando muito em baladas, roupas caras, jantares e encontros. Se a fixação de Don Juan dele for atacada, ou contestada, vai gerar raiva, já que ele está tão certo de que é um amante perfeito que defenderá isso a qualquer custo.
Muitas brigas acontecem por causa das fixações. Uma pessoa é vegetariana e você vem dizer que comer carne é a melhor opção? Pronto. Campo fértil para uma discussão inglória. Imagine então, se o time do coração de alguém fechasse ou sumisse. Suspeito que a pessoa ia brigar até o fim dos dias pela volta ou, pelo menos, pra manter viva a memória do seu time.
A princípio não precisa fazer nada. Não tem problema nenhum em torcer pro seu time, ser do partido ou se considerar uma pessoa poderosa. O problema começa quando você tem uma certeza imutável e inabalável disso.
E se os mal-humorados passassem, do nada, a sorrir? E se você que tem certeza que é um fracote, começasse a desenvolver força extrema? Rapaz. Isso seria tudo!
Ter um certo nível de desconfiança para cada uma das nossas obsessões é um meio muito bom de ter uma vida mais leve. Se a gente pudesse sorrir a cada vez que a gente se perceber numa fixação, com certeza teríamos menos desentendimentos e bem mais amigos. Quanto menos amarrados formos, mais livres seremos.
Fixação é talvez a origem de todas as nossas aflições.
E aí, quais fixações vocês tem medo de deixar de lado?



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