segunda-feira, 25 de maio de 2015

BEM, EM PAZ, ABERTOS, VIVOS

ACUMULAR EXPERIÊNCIA NEM SEMPRE SIGNIFICA GERAR SABEDORIA



Existem pessoas que parecem ter sucesso em diversas áreas (ganham dinheiro, se vestem bem, casam, têm filhos), mas logo se desesperam quando alguma parte do império de areia começa a ruir.
E podemos encontrar diversas histórias de grandes seres humanos que passaram a vida inteira fazendo coisas simples como arquivar documentos, cortar a grama ou consertar relógios -- "estagnados" diríamos em uma primeira olhada --, mas criaram uma vida paralela riquíssima (muitas vezes secreta para alguns) na qual desenvolveram qualidades, ajudaram pessoas, fizeram arte, realmente cresceram.
Quando percebemos que ter vitórias em alguns jogos não significa que estamos realmente avançando, começamos a não dar tanta atenção às mil novidades da vida (se formou, casou, trocou de empresa, descasou, foi promovido, mudou de cidade...), olhamos nos olhos dos outros e perguntamos: "Como você tá?". Ou seja, está menos ansioso, mais satisfeito, com mais propósito, ajudando pessoas ao seu redor, sem tanta raiva, sem causar tanta confusão? O resto é detalhe.
Se estamos tomando pílulas para poder sobreviver e sorrir quando nos perguntam "Como você tá?", se não estamos avançando em quase nada que importe, bem, isso só um ou outro sabe. 
Mesmo quem tenta cuidar de nós às vezes não sabe como gerar qualidade de vida (felicidade, bem-estar, saúde física e mental, satisfação, generosidade, abertura) sem ser pela tentativa de controlar as coisas ao nosso redor.
Sem rodeios: chame do que quiser, mas o que todos nós desejamos é uma alegria mais sustentável, uma sensação de propósito mais permanente, uma vida significativa, o que nós chamamos de "felicidade". Gostamos de tudo aquilo que causa algum tipo de florescimento humano.
O problema é que nenhuma posição específica no mundo, nenhum estilo de vida, nenhum emprego dos sonhos, nenhuma casa, nenhuma relação com a pessoa dos sonhos, nenhuma habilidade, nada vai satisfazer o coração que deseja ser feliz e se sentir em casa em qualquer situação. Tanto é que na hora da morte é comum olhar boa parte do passado como um desperdício e se arrepender de não ter construído uma outra vida, como em epitáfio (música do Titães - www.youtube.com/watch?v=65kl-14nGMs  )
Se quisermos tal desenvolvimento, talvez seja preciso abrir um outro espaço, adicionar uma camada, como se iniciássemos uma segunda vida em paralelo. Isso pode ser feito em qualquer condição, já que nenhuma posição é mais privilegiada quando o assunto é viver melhor. Rico ou pobre, casado ou divorciado, bem ou mal de saúde, o que importa é como você encara isso, como segue em paralelo às porradas e mimos do mundo.
O que eu estou tentando dizer é que a felicidade que desejamos nunca virá de um mundo específico, de uma vitória específica. Então precisamos desenvolver essa segunda vida de cultivar qualidades, onde vamos direto ao que interessa. Na hora da morte, quando a vida 1 colapsa por completo, é só isso o que importa. Se não tivermos nada acumulado nessa vida 2, teremos uma sensação imensa de vazio. E podemos ver isso em diversos idosos, é só olhar.
Porém, se tivermos reduzido raiva, ansiedade, preguiça, se tivermos gerado alegria, generosidade, paciência, sabedoria, não importa como (sendo isso ou aquilo, morando aqui ou lá, sabendo lutar ou sabendo nadar), é isso o que nos deixará bem, em paz, abertos, vivos.
Entenderam?



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