quinta-feira, 28 de maio de 2015

"MORTE CAUSADA PELO CURADOR"

QUANDO AJUDAR ATRAPALHA  (o que não mata fortalece)



A “MORTE CAUSADA PELO CURADOR” é quando um dano é causado por alguém que só queria ajudar.
É fácil identificar quando algo claramente nos faz mal, mas é complexo observar quando, alguém que nos ajuda está na verdade atrapalhando.
O exemplo mais clássico de intervenção que prejudica, é a atenciosa mãe coruja. Aquela que não deixa o filho se sujar, brincar na terra, andar descalço ou se expor aos riscos comuns da infância. É interessante observar que, normalmente, esse perfil materno não permite que seus filhos o façam porque vivem doentes, caindo no curioso paradoxo: os filhos vivem doentes porque não estão exposto aos estressores comuns à idade, ou não são expostos aos estressores porque vivem doentes?
Pequenos problemas podem trazer grandes benefícios. Seja do ponto de vista biológico ou psicológico, superar dificuldades não apenas nos devolve ao estágio original, mas nos transforma em pessoas – organismos – mais fortes, possivelmente melhores. 
Acreditamos inocentemente que, ao remover obstáculos e dificuldades, a pessoa “beneficiada”, mesmo que não exceda suas capacidades, permanecerá apenas como estava. O comum argumento “ah, mas mal não faz” é frequentemente empregado nesses casos, sem observar o dano que é causado.
Acontece que as pessoas que sofrem algum tipo de intervenção ingênua, sendo privadas de seus medos, dores e sofrimentos, acabam se fragilizando e se tornando cada vez menos aptas a lidar com seu problema. Pior ainda, algumas dessas pessoas acabam virando reféns dessa ajuda.
É muito comum ajudar amigos a resolverem pequenos problemas algumas vezes e isso acabar se tornando frequente. Por tê-lo condicionado com essa ajuda, ele se torna incapaz de agir por conta própria, acreditando que sempre precisará de você para ajudar ou que você precisará estar lá para quando ele precisar.
É muito comum sentir vontade de ajudar, de socorrer e fazer algo para cessar a dor daqueles que estão próximos. Muitas vezes não fazemos isso por mal, não temos intenção de aprisionar ou fragilizar as pessoas a nossa volta. A intenção é honesta e válida. Mas aí chega um dia em que esse excesso de proteção cobra a conta, e por não estar preparada, a pessoa acaba entrando em crise. 
Com isso também não quero dizer para deixar todos ao seu redor entregues à própria sorte.
Mas é importante reconhecermos os danos que nossa intervenção ingênua pode causar aos outros, provocando mais danos do que desejamos.


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